Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Para FCC, broadcast tem futuro promissor

Para Tom Wheeler, chairman da FCC, órgão regulador das comunicações nos Estados Unidos, a radiodifusão tem um futuro promissor, mas, para isso, precisa se adaptar à nova realidade da mídia e da distribuição de conteúdo. O regulador falou aos broadcasters durante o evento da NAB, que acontece esta semana [passada] em Las Vegas. Na terça-feira (8/4), Wheeler deu um puxão de orelha no setor, ao afirmar que a radiodifusão tem receio de se adaptar às mudanças no mercado, buscando auxilio sempre na regulação. “As empresas de cabo não se esconderam atrás da regulação, elas se reinventaram como empresas de telecomunicações. Quando as empresas de broadcast vão se tornar empresas de mídia digital? Eu não vejo isso acontecendo”, disse a uma sala lotada de radiodifusores. “Vocês têm os dois mais importantes bens para competir no meio digital: o conteúdo, sobretudo o conteúdo local, e a habilidade de promovê-lo”, completou.

Wheeler vendeu em seu discurso as oportunidades que a Internet livre traz, inclusive aos radiodifusores. Segundo ele, muitos empresários do setor deixaram de levar seus conteúdos para os dispositivos móveis no passado, pois não achavam justo pagar às operadoras móveis. Agora, diz, podem levar seus conteúdos a qualquer dispositivo, sem a necessidade de pagar a algum operador por isso. Segundo o chairman da FCC, um terço dos americanos já afirma assistir online notícias produzidas originalmente para a TV. “Vocês têm hoje a oportunidade de alargar a competitividade entre serviços OTT (over-the-top), oferecendo o que só vocês têm, o conteúdo local”, disse. “A Internet livre transformará as emissoras de TV locais em empresas locais de mídia digital. Nenhuma operadora de cabo tem poder de barrar os seus conteúdos.”

Leilão

Outra oportunidade apontada pelo regulador é o leilão de frequências em curso nos Estados Unidos. Para ele, os grupos regionais poderão levantar capital para investir na transição para grupos de mídia digital. “O leilão consiste em uma maravilhosa oportunidade financeira. O compartilhamento de espectro permitirá que as emissoras mantenham o seu negócio, mas com mais poder de investimento. Isso permitirá manter os canais no ar, inclusive manter o status de must carry”, completou.

Padrão

Por fim, como terceira oportunidade, Wheeler citou o novo padrão ATSC 3, “que permitirá que a TV atue de forma competitiva na Internet”. Segundo o chairman da FCC, o órgão regulador estará pronto para responder ao novo padrão assim que o padrão estiver pronto para ser lançado.

Ele lembrou, no entanto, que o ATSC 3 não é retrocompatível, portanto, deixando um enorme legado de equipamentos de recepção e transmissão. “Todos nós passamos por uma transição de padrão de TV. Sabemos que não é trivial. Sabemos a magnitude desta transição. Governo e setor precisam trabalhar nisto em conjunto”, completou.

Respostas

Wheeler também respondeu a algumas das provocações feitas pelo presidente da NAB, Gordon Smith, na abertura do evento na segunda-feira. Segundo o regulador, proibir a venda casada de publicidade para mais de um canal de televisão não é defender uma opinião sobre competitividade no setor, mas uma ordem do Congresso Americano, no sentido de manter a pluralidade de opiniões e limitar a propriedade cruzada na mídia.

Outro ponto levantado por Smith que mereceu uma resposta de Wheeler foi em relação à possibilidade de se criar um Broadcast National Plan para incentivar investimentos e inovação no setor. Segundo o chairman da FCC, tal plano precisa ser ordenado e financiado pelo Congresso, da mesma forma que aconteceu com o National Broadband Plan e o plano de digitalização da TV. “Se o Congresso ordenar, garanto que executaremos bem a missão”, completou.

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Fernando Lauterjung, do Tela Viva, em Las Vegas