Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Silverstone que diga!

A partir da primeira edição dos programas Big Brother Brasil e A Fazenda pode-se notar a intensidade proposta para os telespectadores em respeito a uma fantasia realista, existente em três meses de confinamento. Como transformar a ilusão vivenciada em um olhar crítico e opinativo à sociedade? Como já foi dito, não há história sem roteiro, e sim, de fato, todos os mecanismos de persuasão estão envolvidos e pré-definidos para a manipulação e a aceitação social. A chamada nos comerciais, com Vinicius Valverde questionando os indivíduos na rua, shoppings ou praças sobre o que eles estão achando daquele participante ou quem vai sair do programa nesta noite, proporciona a extensão que o reality atinge. No caso de A Fazenda, estar a tarde inteira com o Brito Junior, Ana Hickmann e Ticiane Pinheiro comentando os casos e descasos acontecidos, felicita todos os “fazendeiros do lado de fora”.

Quem teve a oportunidade de assistir o último BBB, viu de “carteirinha” que a cada ano que se passa mais rótulos são enviados “à grande jornada”, como Pedro Bial sempre diz. Não se pode deixar de citar o caso de amor mútuo entre Clara (porn star) e Vanessa (ativista dos direitos do animais) .”Belas” que encantaram e ressaltaram sobre os direitos dos homossexuais no reality. Exibiram beijos, cenas quentíssimas e grande abuso da sensualidade para cativar a população adepta da homossexualidade e defensores. E deu certo: Vanessa foi a grande campeã da edição 14 e “levou para casa” um milhão e meio de “verdinhas” para cuidar de seus animais.

Assim também tivemos na Fazenda grandes espetáculos, com o Serginho Malandro tentando reviver a “Maria Eugênia”, Théo Becker, Dado Dolabela e a grande vencedora Barbara Evans, que usou da ingenuidade primogênita para conquistar todos os fãs, já que é filha de Monique Evans. Cuspiu, gritou e chorou, pautou sua vitória e é mais uma milionária hoje em dia. Até tatuou no braço “Mãe”. Mesmo com todas as “fofocas” envolvendo a briga das “Evans”.

Em torno de toda esta convivência, os “sobreviventes” lutam por sua comida em provas semanais que definem a semana ostentação da semana bolsa-família; as provas propostas aos integrantes dos realitys, muitas vezes além de agregar a “semana boa”, acarretam prêmios como carros, televisões, computadores, celulares, viagens, dinheiro. Tudo que a sociedade capitalista inspira e respira. Torcer para que o grupo verde, amarelo, roxo, azul, ou os da “roça” e “fazendeiros” vença é parte natural do processo de persuasão. E além do mais, provas que precisam ser feitas de “mini biquínis” e homens sarados sem camisa. Não há outra opção senão assistir. Existe linguagem melhor do que esta para atrair a população nacional? A retórica usada pelos apresentadores Bial e Brito, respectivamente, é de caráter merecedor a um prêmio “Aristóteles”.

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Pedro Henrique Lorena é professor de inglês