Um grupo de 300 pequenos provedores de internet vai lançar em julho um serviço de TV por assinatura via satélite, tecnologia conhecida como Direct-To-Home (DTH). A associação Unotel, que representa o segmento, criou a operadora iON TV, marca que será representada por cada provedor na área onde atua. O presidente da iON, Alexandre Britto, disse ao Valor que a expectativa é atingir 900 provedores com a oferta do serviço em três anos. Com base no número de participantes do projeto até o lançamento, o investimento somado do grupo é de R$ 60 milhões.
O objetivo da nova operadora é estabelecer a marca em todo o território nacional.
Com as mudanças nas regras para oferta de TV por assinatura e redução do custo da licença de cerca de R$ 500 mil para R$ 9 mil, em 2011, os grandes operadores de telecomunicações decidiram reforçar o foco em conteúdo e expandir sua cobertura pelo país. Localidades até agora esquecidas se tornaram atrativas como novas fontes de receita. Por isso, os pequenos provedores decidiram reagir e preservar suas áreas de atuação, além de expandir a oferta única de acesso à internet que oferecem agora para pacotes que incluirão conteúdo de TV.
A iON TV está sob a holding Unotel, que reúne os provedores. Embora a marca seja semelhante à do canal ION Television, dos EUA, os negócios não têm relação.
Nichos específicos à espera do futuro
A nova operadora brasileira já negociou os contratos de transmissão com a Media Networks, do Peru, para uso do satélite Amazonas 3. Está em fase final de negociação de conteúdo com a Globosat, segundo Britto, além de outras programadoras, como Disney e empresas independentes. O executivo disse que já conta com 50 canais em alta definição (HD) e 120 em standard definition (SD). A iON se responsabiliza por todos os acordos e compras de serviços, softwares e equipamentos para o grupo, exceto o relacionamento comercial entre o assinante e o provedor.
Os provedores são os investidores do projeto, disse Britto. Para uma cidade com 100 mil habitantes, Britto estima que o investimento de cada um seja de R$ 50 mil para reserva da área, valor que pode ser parcelado em 18 vezes. Além disso, mais R$ 150 mil serão destinados a equipamentos como receptores, antenas etc., os quais pertencerão ao provedor e ficarão na casa do assinante.
A iON recomenda o preço para os provedores. Os valores devem se situar entre R$ 69 e R$ 249, sem o acesso à banda larga. O lançamento comercial será entre o fim de julho e agosto.
Procuradas pelo Valor, as grandes operadoras que oferecem TV paga via satélite preferiram não se pronunciar. Na condição de manter seu nome em sigilo, o presidente de uma dessas operadoras disse que não há o que temer na entrada da iON TV. Segundo ele, os investimentos em TV paga são calculados em bilhões de reais. Portanto, o aporte do grupo não vai oferecer uma real competição, afirmou. Para ele, a iON atuará em nichos específicos à espera de ser comprada no futuro.
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Ivone Santana, do Valor Econômico