O que dizer de Ivan Vargas? Sinceramente, não sei ainda o que falar sobre este lindo ato humanitário de amor. Ato escasso nos tempos atuais. Quem assistiu ao Fantástico no domingo (13/7) deparou com o lindo caso de bondade voluntária do doutor Ivan, da Grande São Paulo. O médico, que foi a Guiné-Bissau a uma viagem de humanização, encontrou Sumba, um menino que por seus olhos a vida era uma esfera tribal e de dor.
O doutor que abraçou a causa de salvar vidas na África encontrou este garoto, que, por sua vez, teve a sorte de ser escolhido pelo anjo Ivan. O menino, que se encontrava com um tumor no olho, foi diagnosticado pelo médico e rapidamente notado o perigo que poderia ser se continuasse com aquele tumor. O que fazer? Talvez, dizer à família que infelizmente não há nada a fazer, ou até mesmo desejar votos de esperança e amor para tentar afagar os sentimentos ingênuos de uma mãe guineense. Muitos de nós, faríamos isto se estivéssemos em tal situação – um momento, preciso reescrever esta última frase – creio que muitos de nós nem estaríamos em uma missão humanitária.
E adivinha qual foi a ação tomada pelo Doutor? Sim, Doutor com D maiúsculo. Ele trouxe Sumba ao Brasil para tratá-lo de sua doença. Na entrevista cedida ao Fantástico, o médico conta que teve que acelerar o processo para a retirada dos documentos do garoto, para que pudessem viajar. Tudo foi feito e Sumba encontra-se na casa do Doutor Ivan. Sim, ele abrigou o garoto em sua casa e tratou como um filho crioulo, assim chamado por ele, o garoto que não tinha esperanças.
Sentido da vida
E o melhor não foi “só” trazer o menino para sua casa, foi ensiná-lo como uma criança deve ser ensinada quando pequenina a como usar o banheiro, a tomar banho e comer com talheres; apresentar a este pobre menino a vida comumente vivida por muitos de nós, para que este então pudesse fazer sua quimioterapia em São Paulo na Clínica do Câncer. Que história, não é?
Ao deparar com esta história no domingo, que parece mais uma estória de quadrinhos, pude refletir sobre o caso do Doutor Ivan que salvou a vida de um garoto que não tinha perspectiva alguma de viver mais do que 20 anos, se conseguisse, que talvez nunca constituiria sua própria família ou visse tornando-se adulto. E no final da matéria, é perguntado ao médico: “Que recompensa você tem?” E ele responde: “Essa. Saber que eu ajudei. Só isso. Só. Não precisa mais nada. O meu filho Sumba. Eu espero que ele seja um homem grande, que estude, que se desenvolva, e trabalhe, e case e seja muito feliz. É isso.” É de deixar de boca aberta!
O que falar de uma atitude desta? Um grande aprendizado, uma aula do que é amar verdadeiramente ao pé da letra, sem restrições e preconceitos, sem julgamento e preferências, simplesmente amar. Que bom seria se grande parte de todos nós pudéssemos aprender com Ivan. Aprender que com a vida que temos podemos mudar a vida de muitos que não tem o sentido de chamar o que vivem de vida. Esta história, de fato, não é apenas mais uma de tantas que existem por aí, mas é a história de um anjo chamado Ivan, que tem minha admiração e respeito pelo ato nobre, que não só me tirou lágrimas, mas como também me encheu de vida.
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Pedro Henrique Lorena é professor de inglês