Com histórico recente de derrotas pontuais na madrugada para o SBT, que abre o dia com o interminável “Notícias da Manhã”, a Globo estreou nesta semana [segunda, 1/12] o “Hora Um” -com uma hora de notícias a partir das 5h, seguido pelo “Bom Dia São Paulo”, agora também mais cedo.
Em sua segunda edição, o programa confirmou a que veio. Na primeira, segunda-feira, já havia destacado como “exclusiva” uma reportagem policial em São Paulo, sobre a Operação Lava Jato, com viés político e nacional. Na terça-feira, o foco virou para a Polícia Civil.
Como acontece com boa parte do telejornalismo diurno, manhã e tarde, não só no SBT, mas em todas as redes privadas, os noticiários são tomados pela cobertura de operações programadas pelas secretarias de Segurança Pública, sobretudo paulista.
Entre os destaques dos primeiros dias do “Hora Um”, incluem-se a prisão de um fiscal em São Paulo, a reação aos “ataques” a policiais no Rio e, insistindo na retórica de guerra, o “ataque” a carros-fortes em Goiás. Este até “parecido com cena de filme de ação” -houve três mortes.
Modelo promissor
É o modelo que restou à TV aberta, hoje, do jornalismo de tabloide. Como não há produção de notícia policial para tanta demanda, o que se vê continuamente é a sobreposição de coberturas, em canais e programas diversos ou no mesmo telejornal, caso do repetitivo “Hora Um”.
Mas o programa tenta não ser só isso. Seu trunfo, mais que uma tediosa agenda política de Brasília ou um requentado noticiário internacional, é a apresentadora Monalisa Perrone, que consegue tratar com naturalidade os assuntos sangrentos e com proximidade a audiência.
Ela aparenta estar acordada e bem-humorada, naquele horário, assim como a nova e desenvolta apresentadora do tempo, Maria Júlia Coutinho. Ainda que com soluços nos primeiros dias, a dupla garantiu alguma informalidade, como nos shows matinais americanos -um modelo alternativo e promissor.
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Nelson de Sá, da Folha de S.Paulo