Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A roupagem atual do humor

O surgimento de um novo mundo de comunicações já está mais do que anunciado nos próprios meios de comunicação. Há uma grande avalanche de informações e mudanças, tanto de assuntos como de posições. A sociedade passa a engolir “novidades” televisivas que há décadas atrás eram consideradas absurdas e religiosamente contestadas. Outras até mesmo aconteciam, mas ainda não havíamos entrado na era das “regras” ou do “politicamente correto”.

Uma das modificações da TV nos últimos anos é relacionada ao humor. A forma como alguns veículos vêm desesperadamente alimentando o entretenimento assusta e desgasta o riso. Um dos inícios do humor foi um banco no meio da praça e muitas risadas populares. Hoje esse método ainda está sendo usando, só não é ultrapassado porque em matéria de classificação de audiência, ocupa o lugar melhor que a grande global.

O que não se pode deixar de citar é que depois do cansaço do telespectador de ver os seios de Maria Paula e a música das Organizações Tabajara, o humor brasileiro precisou de muitas mudanças e linguajares naturais pra ganhar o povo. Não se pode falar dessas novas atribuições e não citar o nome de Rafinha Bastos que, aliás, ainda não acertou o jeito de fazer o Brasil assimilar seu humor picante. Críticas e processos envolvem o humor sarcástico e quente porque falou coisa “errada” em horário errado. Mas está a substituir o substituído Danilo Gentili, que tem jeito, mas vira e mexe fica fraco. Rafinha, como gosta de ser chamado, tem um bom caminho a percorrer e precisa utilizar o que aprendeu dos EUA.

A crise está geral, criam-se minisséries, novelas e até mesmo concurso pra encontrar novos humoristas e nada! O que será que está acontecendo com o humor brasileiro?

A grande matriarca que lança jargões e modas todo sábado à noite, não tem conseguido embalar o sorriso do brasileiro e insiste em levar o Zorra Total ao abismo do horário nobre. Sem contar com a insistência de famosos de proibirem imitações. Por que rir de si mesmo é tão difícil para nós, brasileiros? Pelas noticias na web, o Zorra vai nos deixar em 2015. Vai tarde já que a repetição virou a arma apontada para a nossa alegria.

Já tivemos de tudo, a popularização do programa que muitos adoram criticar, o jeito apelativo de rir do outro e tudo isso com o consentimento dos “caros telepecters”. O pânico não é um programa jornalístico, então poupem as críticas sérias. Quem liga a TV no domingo à noite na Band, não quer saber se Collor fez macumba na casa da dinda, e sim, ver o sorriso “banguelo” do senhorzinho da praia. Há os que odeiam, ridicularizam e tal, e existem os que amam e dão audiência. Paciência, se não gosta, é inevitável vai entrar em crise também. Ou já entrou?

A Globo quer deixar tão séria sua manhã com a saída da TV Globinho que até seu humor perdeu a graça. Um programa do ano passado do Zorra deve ter pagado salário só pra Rodrigo Sant’anna. Pelo menos, foi só nos quadros com ele que apareceu o programa inteiro. Nem o “tô pagando!” funciona mais.

Na Band, os meninos do “MIB brasileiro” usam o humor inteligente, partindo do jornalismo com a função de divertir. Mesmo com o desfalque de Rafinha, a emissora provou que de jornalismo o programa não tem muito e de humor dá um banho de brincadeira séria.

O Furo MTV é um enlatado americano que deu muito mais certo que a Turma do Didi, o programa “Quinta categoria” cresceu só depois de ser colocado em horário nobre, mas MTV evaporou.

Quando se fala de humor a bagunça está feita, ele já nasceu na informalidade e sofisticou com as interpretações e caracterização que agora parece não estar funcionando mais. Será? “Vai que cola” traz agora uma nova medida, estilo “Sai de baixo” que funcionou muito bem durante anos, como “Toma lá, dá cá”. Isso me lembra do Fabio Garotão, um amigo humorista que faz do seu humor um verdadeiro remédio para classe. E penso será que eles não aprenderam que “Rir é o melhor remédio”.

Humor bruto? Humor negro? Falar sobre o limite da comédia é estabelecer uma linha entre o que pode e o que não se pode falar, em outras palavras, é assassinar a liberdade de fazer piada. Um exemplo de que a comunicação em todos os âmbitos está mudando é o humor pasteurizado do Casseta que de programa número um de comédia, está fora do ar sendo passado em temporadas. A pílula da gargalhada está em falta no mercado.

Até quando vamos assistir humor sem poder rir? A categoria grita por novidades. Talvez seja a hora de enxergar que o humor deve se renovar e precisa fazer a barriga doer. As emissoras ficam sem saída? A nossa é procurar Dois homens e meio e seus derivados. Vai que cola né?

******

Suelen Capistrano é servidora pública