Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jon Stewart deixa ‘The Daily Show’ no auge

Duzentas e quinze mil pessoas compareceram em Washington a um “comício” convocado pelo comediante Jon Stewart –número maior do que a capacidade atual do Maracanã, do Morumbi e do Mineirão juntos.

Políticos e mesmo astros de rock nem sonham em atrair uma multidão assim.

Stewart promoveu esse “comício para restaurar a sanidade” em outubro de 2010, como resposta ao auge do movimento ultraconservador Tea Party, que ameaçava paralisar o Congresso (e o governo Obama). Nas mãos dele, a política é pop.

Há 16 anos no ar com seu “The Daily Show”, telejornal satírico e diário no canal pago Comedy Central, Jon Stewart se tornou uma espécie de consciência sofisticada e mordaz da elite progressista norte-americana.

Ganhou 19 Emmys, o Oscar da TV dos EUA, e já foi considerado o “jornalista” mais influente do país, apesar de se definir como comediante.

“Tenho mais a ver com Jerry Seinfeld que com um âncora de telejornal”, declarou.

Diversas pesquisas o colocam como a “principal fonte de informação” do telespectador com até 30 anos de idade, o mais esquivo público de telejornais. Stewart foi um dos primeiros a criticar abertamente a Guerra do Iraque e a ter intelectuais como entrevistados em um programa de fim de noite.

Políticos o temem. A CNN já revelou que os juízes da Suprema Corte americana até hoje impedem que as sessões sejam gravadas “por medo do que Jon Stewart faria com os vídeos”.

Ombudsman

Também se tornou uma espécie de ombudsman da TV dos Estados Unidos, usando clipes dos canais de notícias Fox e CNN para denunciar bobajadas da mídia local.

Criou vários discípulos. Entre os “repórteres” revelados no “Daily Show”, os apresentadores Stephen Colbert, John Oliver e o ator Steve Carell (“Foxcatcher”, “The Office”).

Stewart anunciou que deixará seu programa ainda este ano, sem indicar projetos futuros. Disse que “está na hora de outros ocuparem esta cadeira”. Aos 52, sai no auge.

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Raul Juste Lores, da Folha de S.Paulo, em Washington