Há pouco mais de uma semana no ar, JK promete ser um marco de reconstituição histórica na produção audiovisual brasileira. A minissérie pretende mostrar não apenas a vida política de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976), mas também retratar os ‘anos dourados’ na música, na literatura e na arquitetura. E, mesmo quando incorpora a ficção à realidade, o faz de uma maneira hábil e fiel ao espírito do ‘presidente bossa nova’.
Para o jornalista Cláudio Bojunga, autor de JK – O artista do Impossível (Editora Objetiva), uma detalhada biografia do ex-presidente, os autores Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira tiveram uma compreensão profunda da verdade histórica e mesmo as cenas ficcionais vêm retratando o que Juscelino faria na realidade.
‘A invenção do coronel Licurgo, como o vilão da Diamantina, é uma maneira hábil de animar a história da cidade e um jeito de colocar em germe todos os inimigos que ele vai encontrar na vida, como a intolerância da UDN, os militares intransigentes que têm horror à alegria e ao povo’, diz Bojunga. ‘A cena da gripe espanhola também permitiu usarem como metáfora o perigo que o teatro levava à cidade. Se houvesse a situação real, ele teria agido da mesma maneira, defendendo as mulheres e a saúde.’
Bojunga aponta que o povo brasileiro sempre gostou de JK e do prazer que ele tinha de sonhar – e a minissérie está retratando o espírito alegre e confiante de Juscelino. ‘Pelo que eu vi até agora, não há uma traição à história. Ainda mais em uma minissérie, que é mais curta do que uma novela, é possível uma certa liberdade poética para traduzir sinteticamente o que aconteceu’, diz o biógrafo de JK. ‘A minissérie não quer ser didática, ela está com um envolvimento emocional muito bonito e os atores estão empenhados em traduzir a verdade.’