Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Ajuda à Globo? Nunca!

Sinceramente, esta hipótese de o governo Lula usar o BNDES para ‘ajudar’ a Rede Globo-Globopar a saldar sua dividazinha de bilhões de dólares é algo de insano e altamente ofensivo. Como pode o Lula querer salvar uma emissora que tanto o prejudicou em sua carreira política? Uma emissora que nasceu com o propósito de manter a ditadura no Brasil? Uma emissora que manda neste país tendo em vista a falta de concorrência? Uma emissora que ainda tem um jornalismo altamente viciado e que entope a sociedade com uma overdose de soap operas ou novelas imbecializantes? Uma emissora que sempre contou com o apoio dos governos militares?

Já que o governo ex-esquerdista de Lula, se é que já foi de esquerda realmente algum dia, está decidido a dar dinheiro público (nosso) para salvar uma empresa privada (sem segundas intenções), por que então não salvou a Rede Tupi em 1979? OK, faz muito tempo, não? Então a Rede Manchete, esta sim, que trazia cultura e conhecimento ao povo brasileiro, mas que por ser contra mentiras e engodos, acabou sucumbindo, para nossa infelicidade.

Caso o BNDES entregue um centavo à Rede Bobo, ou Globo, haverá milhares de ações populares contra esta medida, a começar pela minha. Isso é mais do que uma vergonha. É uma vigarice! É um estelionato eleitoral!

Fabio Pina

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Vale pela concorrência

No momento em que o país atravessa convulsões de uma interminável crise político-econômica, ‘socorros’ financeiros oficiais já por si mesmo são questionáveis. Pior, dirigidos a empresas de mídia. O que parece minar a base da independência tão cultuada e alardeada por este segmento. Todavia, a concorrência pode ser salutar. A Globo, fora, evidentemente, suas virtudes, com seu imenso poderio carrega naturalmente a iracunda inveja de concorrentes e dos próprios telespectadores. Uma interessante simbiose de amor e ódio. Portanto, pode agradavelmente salutar assistir a este combate.

Em si já é muito bom comparar o Jornal da Record, no qual um ácido e irônico Casoy faz lembrar a famosa frase dos tempos de chumbo, sobre o Jornal Nacional da Globo (‘uma ilha de paz num mar de tranqüilidade’). Francamente, os comentários dos dois telejornais são tão díspares que beiram a incredulidade. Às vezes a não-divulgação de certas notícias contrárias ao governo chega ao cômico. Não é só o Jornal da Record, acontece também com o Jornal da Band. Portanto, o que poderá ocorrer com esta barganha da ‘ajuda oficial’? Oxalá ninguém grite independência ou morte. Pois não haverá funerárias suficientes para tantos féretros.

João Pedro de Andrade, funcionário público, Rio de Janeiro



De calças na mão

O quarto poder está de calças na mão diante dos outros poderes. Tudo foi uma armadilha dos outros poderes para submeter a liberdade de imprensa. Agora é pedir a intervenção da ONU no Brasil. Que se venda a mídia a grupos estrangeiros, porque aí não dependemos das benesses do rei, que terá que dançar de acordo com as leis de mercado que regem a vida dos consumidores

Lotar Kaestner