Os meios de comunicação de massa nunca estiveram tão presentes na vida das pessoas, informando a coletividade e interferindo no seu comportamento. Quando a mídia se torna objeto de estudo é preciso entendê-la com base na compreensão de poder entre o subjetivo e o objetivo, o imparcial e o parcial da mensagem que se quer transmitir. Chauí (2010), conservando a sociologia marxista, diz que a mídia é a detentora da informação e a propagadora de ideologias dominantes.
Sobre poder entende-se que existe uma relação de subordinados e mandatários, o que significa dizer que há influência na relação da mídia com seu público. Relação essa que afeta de forma sutil, ou mesmo violenta, os conteúdos trabalhados por ela. Sendo assim, é importante compreender o porquê da grande influência ou mesmo intervenção dos meios de comunicação de massa, sendo que eles exercem um papel fundamental na formação e na propagação de ideologias que afetam a construção opinativa da população alcançada por esse meio.
A mídia é a grande concentração dos veículos de comunicação de massa. Entre eles, está aquele que agrupa um público maior – fala-se da televisão, que atinge indivíduos que se tornam fiéis a uma programação, a um quadro e a um canal; pois a TV é um dos veículos de comunicação mais assistidos e aquele que mais ocupa a atenção dos telespectadores. Bourdieu confirma: “Há uma proporção muito importante de pessoas que não lê nenhum jornal, que estão devotadas de corpo e alma à televisão como fonte única de informações” (BOURDIEU, 1983). A TV não só influencia na construção de opinião como também intervêm na mudança de comportamento de quem o assiste.
Com base no alcance maior da mídia televisiva Bourdieu (1997) fala da violência simbólica da TV com base no enquadramento das informações a de que ela transmite um conteúdo no qual possa ser para “todo mundo”, é o que ele teoriza sobre o fato da televisão ter se tornado um instrumento tangível a todos.
Um instrumento de criação da realidade
A questão da audiência é um fator determinante na definição das programações na “telinha”, pois observando na perspectiva econômica a televisão se inseri na política do mercado e na própria existência do capitalismo. Ou seja, o conteúdo transmitido é baseado na hegemonia de mercado e nas ações monetárias que compram um horário em um programa de televisão, por isso a TV é classificada como a disseminadora de uma ideia dominante, pois quem a domina é quem a compra, pois além de um veiculo de comunicação é uma empresa com grande valor e poder financeiro. Segundo Moraes:
“Um dos traços distintivos da mídia, enquanto sistema de produção de sentido, a sua capacidade de processar certas demandas da audiência. Os meios não vivem na estratosfera; pelo contrário, estão estranhados no mercado e dele dependem para suas ambições monopólicas” (MORAES, 2009, p. 2).
E com base nesse fator econômico, muito do que é feito pela TV são baseados em manipulações de “senhorios” e da venda do produto noticioso. Cada programa é patrocinado por uma marca, o que confirma de forma mais clara a dominação do capital sobre esse veículo. Sobre o produto-notícia vendido é necessário destacar a indústria cultural como fruto da determinação econômica que vende a informação.
A credibilidade, a imparcialidade e a ética formam um canal direto da mídia televisa com a população, pois existe a sensação de que os telespectadores se sentem representados com essas características o que corrobora na construção de uma opinião com base nesse sentimento de representatividade. A cada mensagem apresentada são absorvidos e fixados conteúdos que muita das vezes não são verdadeiros, mas em contrapartida, não abalam a credibilidade do programa.
Bourdieu afirma que a televisão que era para ser um instrumento de registro, torna-se um instrumento de criação da realidade, “cada vez mais rumo a universos em que o mundo social é descrito e prescrito pela TV” (BOURDIEU, 1997).
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Tamara Santos é jornalista