A conquista de um espaço plural e acessível a todos na comunicação brasileira é premissa para diversos movimentos sociais, entidades de categorias profissionais, da sociedade civil e cidadãos que travam batalhas, encabeçam lutas pela democratização da comunicação no País. Com a TV Brasil foi assim.
Na terça-feira (11/3), o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), juntamente com representantes de várias entidades, como a Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), artistas e a presidente da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), Tereza Cruvinel, realizaram um ato no Senado, em apoio à criação da Empresa. Em votação conturbada, a TV Brasil foi aprovada na madrugada de quarta-feira (12).
O ato durou cerca de uma hora. A finalidade era mobilizar os senadores para a necessidade de um canal para atender demandas da sociedade que não são atendidas pelo modelo comercial. ‘Uma complementaridade ao sistema’, aponta o participante do FNDC, José Luiz do Nascimento Sóter, presente ao evento. ‘É preciso esse complemento para que ajam versões, visões e diversidade, para que a própria comunidade, o cidadão, possa fazer sua opção consciente e para fortalecer os traços culturais da identidade brasileira que na TV comercial são atropelados e pasteurizados’, comenta.
A conquista de uma nova TV pública brasileira, de acordo com o FNDC, pode ser um marco de transformações revolucionárias na comunicação nacional. ‘A consolidação de uma identidade brasileira, marcada por valores populares e democráticos’, pondera Celso Augusto Schröder, coordenador-geral do Fórum.
Hora de trabalhar
O cartunista Ziraldo, um dos representantes da classe artística presente no ato, destacou que ‘a televisão comercial não costuma aproveitar o que é criado pelo povo’. Na opinião do cartunista, a TV Brasil terá o papel de construção de uma comunicação mais interativa e dará mais espaço às manifestações populares. Também o cineasta Luiz Carlos Barreto participou da mobilização em favor da TV Brasil. Ele considera que a criação de um sistema de comunicação público dá num passo à frente, em direção à defesa dos interesses da população, ‘Este não é um instrumento do governo, mas da sociedade’, justificou.
Anos de luta em torno de um sistema de radiodifusão pública, agora começam a ser atendidos, analisa Sóter, lembrando que a discussão esteve por muito tempo ignorada. ‘O primeiro passo foi dado com a aprovação da TV Brasil’, avalia. O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Sérgio Murilo, salientou que a entidade apóia o projeto de criação da TV pública desde o primeiro momento, por acreditar que é um fator importante para a democratização da comunicação do país.
Para Tereza Cruvinel, a aprovação coloca o Brasil ao lado de outras nações. ‘Em qualquer democracia do mundo, uma TV pública é sinal de pluralidade e conquista de cidadania’, garante.
Sóter destaca que, uma vez aprovada, é hora de trabalhar para vencer algumas limitações na MP que criou a TV pública. ‘A emissora tem um grande potencial, que para ser exercido, dependerá da mobilização dos movimentos sociais organizados e da sociedade como um todo.’
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Da Agência Senado