Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Terça-feira, 20 de janeiro de 2009
AJUDA
Slim deve investir US$ 250 mi no ‘NYT’
‘O bilionário mexicano Carlos Slim ‘está perto’ de fechar um investimento de US$ 250 milhões no ‘The New York Times’, segundo notícia do próprio jornal.
Até a conclusão desta edição, o diário dizia que seu conselho de administração deveria se reunir ontem para discutir o negócio e divulgar um comunicado ainda hoje.
Segundo a reportagem do ‘Times’, o investimento de Slim seria ‘na forma de títulos corporativos de dez anos, conversíveis em ações comuns’, uma operação ‘similar a um empréstimo’. Fontes do jornal, no entanto, disseram que ‘vários detalhes precisam ser finalizados e é possível que o negócio possa falhar’.
O empresário ‘espera obter dividendos anuais, talvez até de 10%’, diz a reportagem, que diz que Slim ‘será o maior acionista’ do ‘Times’, com ‘um terço dos seus títulos’, mais que os 19% da família Sulzberger, que controla o jornal e tem direitos especiais de voto. Slim não deve, no entanto, ter assento no conselho de administração.
O empresário mexicano já tem uma participação acionária de 6,4%, fruto de um investimento de US$ 128 milhões, feito nas vésperas da crise, em setembro do ano passado. Os mesmos papéis valem hoje US$ 58 milhões.
O mais tradicional jornal americano enfrenta sérios problemas financeiros. Segundo o ‘Wall Street Journal’, o ‘Times’ tem uma dívida de US$ 1,1 bilhão. Há duas semanas, pela primeira vez na sua história, o jornal publicou um anúncio na primeira página.
A negociação acontece às vésperas do vencimento de uma linha de crédito de US$ 400 milhões, em maio. O jornal também estuda uma operação de venda e leasing de sua sede de 52 andares, em Manhattan, para levantar US$ 250 milhões.
Perfil
Carlos Slim Helú, 68, é o segundo homem mais rico do mundo, de acordo com o último ranking da ‘Forbes’. Segundo a revista, o mexicano é dono de uma fortuna de US$ 60 bilhões (estimada antes da crise).
Filho de imigrantes libaneses, Slim é colecionador de arte. Seu acervo pode ser visito no Museu Soumaya, na Cidade do México, que leva o nome de sua mulher, que já morreu. O empresário tem seis filhos e vive na capital mexicana.
Slim ganhou notoriedade quando comprou a Telmex, antiga estatal de telefonia mexicana, privatizada em 1990. Pelo contrato, pôde operar sem regulação governamental por seis anos, o que lhe valeu acusações de monopolizar o mercado de telefonia em seu país.
Quando comprou a Telmex, Slim já era dono da antiga companhia de celulares Telcel, que virou América Móvil. A companhia teve um crescimento vertiginoso nos anos 1990, ampliando suas operações para 17 países do continente. No México, domina 90% do mercado.
No Brasil, Slim é dono das companhias telefônicas Claro (celular) e Embratel). O empresário tem investimentos em setores do varejo, construção civil, cigarros e hotelaria.
Com agências internacionais’
OBAMA NA REDE
O poder da internet em campanhas políticas
‘UM LIVRO publicado recentemente nos EUA (‘Millennial Makeover: MySpace, YouTube & the Future of American Politics’ de M. Winograd e M. Hais) analisa o papel das novas tecnologias da informação na cena política americana.
Seus autores, dirigentes do Partido Democrata, mostram como a internet tem tido um papel central na reformulação das campanhas políticas, criando novas formas de atrair e envolver os eleitores, principalmente a nova geração, tão acostumada aos computadores, celulares e games.
O crescimento da web, a popularização da internet e a quase ubiquidade dos celulares têm reordenado várias facetas da vida contemporânea, alterando também a política, que se transforma para fazer uso das novas tecnologias digitais.
Não são apenas as urnas eletrônicas ou a possibilidade de identificação biométrica dos eleitores que criam a face digital da política. Há algo mais no ar. Algo menos aparente, tecido por estrategistas e marqueteiros, que planejam e operam o jogo político. Algo que se materializa na internet, alterando as relações entre os eleitores, os políticos e suas campanhas. Algo cujos traços podem ser identificados nas recentes campanhas políticas para a Presidência dos EUA e nas eleições municipais no Brasil.
Nos anos 1960, o uso da televisão marcou a campanha presidencial de John F. Kennedy e alterou definitivamente a natureza das disputas políticas, com os debates entre os candidatos na TV. Agora, há novas estrelas no show business: a internet, a web e as redes sociais passaram dos bastidores para o foco dos holofotes da cena política. Novas tecnologias, que apareceram entre as eleições de 2004 e 2008, foram capazes de movimentar milhões de pessoas em torno de opiniões, ideias, imagens e candidatos. Nos EUA, a internet teve um papel central na eleição de Barack Obama.
As tecnologias das redes permitiram uma arrecadação recorde de dólares, por meio de pequenas doações de milhões de eleitores, contrapondo-se às campanhas tradicionais, com pouco doadores de grandes somas financeiras, em geral empresas e lobistas.
A ação multiplicadora das redes sociais, formadas pelas ligações entre pessoas, entre amigos, foi inteligentemente usada para conectar eleitores e recursos na campanha de Obama.
No penúltimo mês de campanha, Obama arrecadou 150 milhões de dólares, a uma média de 86 dólares por doação. Foram 1,7 milhão de doadores apenas em setembro, dos quais 630 mil eram novos doadores.
Uma forma nova de comunicação, marcada pela interatividade, pela participação dos eleitores, tornou-se viável através das novas tecnologias da internet, como YouTube, Facebook, MySpace, blogs e outras redes sociais.
O discurso de Obama sobre a questão racial foi um marco na campanha.
Mas não foi a TV a mídia usada para difundir a opinião do candidato numa questão tão sensível para a sociedade americana. O discurso de 37 minutos foi visto e revisto no YouTube mais de 6 milhões de vezes em computadores e celulares.
No Brasil, os sinais do poder da internet apareceram claramente em várias cidades durante a última campanha para eleição de prefeitos.
Na campanha em Belo Horizonte, o boca-a-boca eletrônico ficou evidente com um vídeo do humorista Tom Cavalcante satirizando o candidato do PMDB, que acabou derrotado. Esse vídeo, colocado no YouTube na semana anterior ao segundo turno, virou uma sensação na internet e foi um dos vídeos mais populares naquela semana. O vídeo de 2 minutos e 44 segundos foi visto 521 mil vezes nos cinco dias que antecederam a votação.
O uso de humor e sátiras tem sido largamente usado na internet para atrair popularidade. A cena da atriz e comediante Tina Fey satirizando na TV a candidata Sarah Palin virou um dos grandes hits do YouTube na campanha presidencial, exibido mais de 8 milhões de vezes.
A combinação de mídias, como TV, celulares e internet, desponta como uma estratégia nova nas campanhas políticas, principalmente na definição da imagem dos candidatos no imaginário coletivo.
Por causa da grande parcela de população jovem no Brasil, da completa popularização dos celulares e do crescimento acentuado do número de usuários da internet em todas as classes sociais, pode-se antever o papel-chave das novas tecnologias nas próximas eleições, em particular na eleição presidencial de 2010.
Muitos são os novos termos: blogs, wikis, Orkut, Flickr, Twitter e vários outros. Nada disso existia dez anos atrás! Vários não serão lembrados daqui a alguns poucos anos! Porém, essas palavras expressam questões mais fundamentais e duradouras, que precisamos entender.
Primeiro, dizem respeito às relações entre seres humanos e tecnologias digitais, que ainda precisam ser mais bem estudadas e compreendidas. Segundo, mostram que a maior parcela da moderna estrutura de informação das redes é construída e desenvolvida fora do país, aumentando sobremaneira a influência de serviços globais em áreas tão estratégicas para o Brasil.
VIRGILIO FERNANDES ALMEIDA, 58, é professor titular do Departamento de Ciência da Computação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e membro da Academia Brasileira de Ciências.’
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
As crianças negras
‘Barack Hussein Obama II decidiu usar seu nome completo, no juramento de hoje. Para o ‘Washington Post’, o jornal da cidade de maioria negra, é sinal de como valoriza a sua origem afro-americana. Ontem na capa, o ‘WP’ destacou, de sua entrevista com o presidente eleito, que ‘está falando mais sobre como sua identidade racial pode unir e transformar o país’. Ele saúda, por exemplo, como ‘uma geração inteira’ deve crescer com o maior cargo dos Estados Unidos ocupado por um afro-americano:
– É algo radical. Muda como as crianças negras veem a si mesmas. Muda também como as crianças brancas veem as crianças negras.
Já o site Politico, também de Washington, passou o dia com a manchete ‘Obama vs. Primeiro Presidente Negro’. Avalia que não é essa ‘a história que ele está tentando contar’, que o objetivo central hoje na posse ‘é comunicar que somos um só povo’.
DESCULPAS
Domingo, às vésperas do dia de Martin Luther King e da posse, o jornal ‘The Meridian Star’, do Mississippi, deu editorial para ‘honrar’ os que lutaram pelos direitos civis no Sul dos EUA e para ‘oferecer nossas sinceras desculpas’ por não reagir à ‘injustiça de escolas e ônibus segregados’ e não defender então o voto dos ‘mississippianos negros’
A FOX NEWS MUDA
Canal que ‘simboliza os anos George W. Bush’, a Fox News decidiu mudar sua programação, noticia o ‘New York Times’. Mas é para ‘escorar sua base de espectadores’ à direita, não em busca de equilíbrio sob Obama.
Mas uma de suas atrações, Sean Hannity, vem perdendo audiência para uma estrela ascendente, Rachel Maddow, da liberal MSNBC.
‘EMERGÊNCIA’
Ainda presidente, Bush declarou ‘estado de emergência’ em Washington, para a posse. E a mídia também instalou sua ‘cobertura de emergência’, diz o Politico.
A CNN distribuiu celulares por satélite, para o caso de corte de energia, e colchões. Também o ‘WP’. Na ‘cidade ocupada’, com ruas fechadas e barreiras, a mídia deve se posicionar logo cedo.
A IMAGINAÇÃO DE OBAMA
A estatal Agência Brasil, para a notícia do ano, entrevista o ministro Roberto Mangabeira Unger, que foi professor de Obama em Harvard. Ele diz que, pelos colaboradores que escolheu, o democrata aponta para um governo ‘muito convencional’. Mas ‘a crise é uma grande aliada da imaginação’ e Obama ‘é um homem sereno e cauteloso, mas também apreciador da imaginação’.
Unger acredita que o Brasil tem ‘uma oportunidade extraordinária de abrir um novo tipo de relação com os EUA’, em ‘novas frentes de colaboração’.
UM SINAL PARA CUBA
Lula, que recebeu telefonema de Bush e o convidou para pescar, segundo as agências, voltou a afirmar no ‘Café com o Presidente’ que Obama deveria lançar ‘um sinal para Cuba’, para avançar na relação com a América Latina. E também se esforçar para concluir a Rodada Doha.
Sobre o Brasil, a ligação pode ser ‘aprimorada’.
A CHINA VISITA
Enquanto Obama concentra o foco mundial, chegou ao Brasil o chanceler chinês, convidado pelo governo daqui -e mal percebido pela cobertura, mas seguido passo a passo pelo ‘China Daily’.
O jornal estatal também deu artigo sobre o ‘smart power’ de Obama na diplomacia e voltou a sublinhar o poder crescente dos Brics.
MALMEQUER
O blog de Sérgio Dávila no UOL informa que o Itamaraty teme pelas relações bilaterais, no governo Obama, e ‘saiu a campo para pedir a permanência de Thomas Shannon, atual número 1 da chancelaria americana para a América Latina’ e que ‘adora o país’.
Já a BBC Brasil ouviu analistas sediados em Washington, como o jornalista Paulo Sotero, do Wilson Center, que vislumbram ‘oportunidades’ para o Brasil com a nova administração, sobretudo por nomes como Hillary Clinton, que tem ‘contatos brasileiros’.
‘TOO LITTLE, TOO LATE’
Saiu até no site Drudge Report, ontem, ‘Brasil perde 654 mil empregos em meio à crise’. Foi ‘o pior resultado em dez anos’, na Folha Online e no ‘JN’.
Daí por que a agência Reuters avaliou para a semana que os olhos do mundo emergente devem estar na queda de juros no Brasil, mais até do que no pacote de estímulo de Obama. Avisou porém que a resposta do Banco Central pode vir ‘muito tarde e muito pequena’.
Com sua saída prenunciada pela revista ‘CartaCapital’ desta semana, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, passou os últimos dias respondendo que fica, da Bloomberg ao site da ‘Veja’.’
RÚSSIA
Advogado e jornalista são assassinados
‘O advogado Stanislav Markelov, célebre pela defesa de vítimas de abusos humanitários na Tchetchênia (região separatista russa), foi morto ontem no centro de Moscou, após entrevista coletiva. A jornalista Anastasia Baburova, colaboradora do oposicionista ‘Novaya Gazeta’, também foi assassinada.
Markelov, 34, e Baburova, 25, deixavam o prédio onde o advogado dera a entrevista criticando a libertação antecipada do ex-coronel Yuri Budanov, condenado em 2003 a dez anos de prisão pelo assassinato de uma adolescente tchetchena. ‘É assustador’, disse Tatyana Lokshina da Human Rights Watch. O crime remete à morte, em 2006, da jornalista Anna Politkovskaya, cliente de Markelov.’
PALAVRA
Sobre gramáticos e revisores
‘OS GRAMÁTICOS SÃO entidades dotadas de um grande poder.
Eles têm o poder para baixar leis sobre como as palavras devem ser escritas e sobre como elas devem ser ajuntadas. Seu poder vai ao ponto de poderem estabelecer que uma certa palavra existe ou que tal palavra não existe. Quando a dita palavra aparece num texto, eles a desrealizam por meio de uma palavra latina, ‘deleatur’, afirmando que se trata de um simples fantasma.
Foi o que aconteceu com a palavra ‘estória’. Atreva-se a escrevê-la! Os ‘revisores’, policiais da língua que cumprem as ordens dos gramáticos, logo a transformam em ‘história’, assumindo que o escritor a escreveu por ignorar que ela foi a óbito.
Os revisores são seres obedientes: cumprem e fazem cumprir as leis ditadas pelos gramáticos. Saramago descreve a sua condição como seres ‘atados de pés e mãos por um conjunto de proibições mais severas que um código penal’. Olhos de falcão, têm de estar atentos aos mínimos detalhes. Sua concentração nos detalhes é de tal ordem que, por vezes, o sentido do texto, aquilo que o escritor está dizendo, lhes escapa.
Aconteceu comigo. Escrevi um livro -’O poeta, o Guerreiro, o Profeta’. O argumento se construía precisamente sobre a diferença entre ‘estória’ e ‘história’. Num capítulo era ‘estória’. No outro, era ‘história’. Se ele, o revisor, tivesse prestado atenção naquilo que eu estava dizendo, ele teria notado que o aparecimento alternativo de ‘estória’ e ‘história’ não podia ser acidental. Mas ele, obediente às leis dos gramáticos, transformou todos os ‘estórias’ em ‘história’, tornando o meu livro gramaticalmente correto e literariamente ‘nonsense’. Noutra ocasião, o revisor enquadrou na reforma ortográfica uma fala do Riobaldo, que eu citava. Ficou divertido ler Riobaldo, jagunço de muitas mortes, contando seus casos com fala de professora primária.
Saramago tem medo dos revisores. Não permite que eles metam o bedelho nos seus livros para enquadrá-los às regras da gramática. Desprezando vírgulas e pontos ele vai em frente consciente de que seus leitores são suficientemente inteligentes para colocar as virgulas e os pontos nos lugares que sua respiração e o sentido determinarem.
Mas o escritor português sabe que os revisores são pessoas que sofrem. Deve ser terrível viver o tempo todo sob a tirania das leis dos gramáticos e sob a tirania do texto do autor a que eles têm de se submeter, sem dar sua contribuição pessoal. Afinal de contas o revisor não gosta de ser revisor. Ele queria mesmo era ser escritor.
Compadecido do sofrimento dos revisores, Saramago escreveu o livro ‘História do Cerco de Lisboa’. Pois nesse caso o revisor do dito livro que, se não me engano, se chamava Raimundo Silva, se rebelou contra o seu destino e resolveu fazer história. No lugar onde o autor escrevera que os portugueses foram ajudados pelos cruzados, Raimundo Silva inseriu um ‘não’ entre os ‘portugueses’ e o ‘foram’ -o texto ficou ‘e os portugueses não foram ajudados pelos cruzados…’.
Assim, contrariamente ao que já disse, fico a pensar que talvez o poder dos revisores seja maior que o poder dos gramáticos: com uma única palavra, eles podem mudar o mundo ou arruinar um livro…’
PAN-AMERICANO
Por R$ 20 mi, Record tem exclusividade para 2015
‘A emissora anunciou a compra dos direitos de transmissão nacional e internacional para a TV do Pan-2015. A exclusividade só não engloba o país-sede, que será definido pela Organização Desportiva Pan-Americana. A emissora já detém direitos de transmissão na TV aberta dos Jogos de Inverno de Vancouver-2010, do Pan de Guadalajara-2011 e da Olimpíada de Londres-2012. Pelo próximo Pan, pagou R$ 12 milhões. Os Jogos de Inverno e Verão custaram US$ 60 milhões (R$ 139 milhões).’
TELEVISÃO
Record anuncia faturamento ‘fantasma’
‘Para parecer maior do que é, a Record tem divulgado faturamentos fictícios.
Em 10 de dezembro, seu vice-presidente comercial, Walter Zagari, anunciou em encontro com jornalistas e publicitários que faturaria US$ 1 bilhão em 2008, conforme registrou o noticiário ‘Tela Viva News’. Naquele dia, o dólar comercial fechou a R$ 2,431, o que daria uma receita de R$ 2,4 bilhões.
O número contradiz o que o próprio Zagari vinha divulgando. No final de outubro, a informação era de que a Record faturaria R$ 1,780 bilhão líquido (já descontadas comissões e bonificações de agências).
Esse valor é questionado por profissionais que monitoram o mercado. Estima-se que a Record tenha faturado com anunciantes pouco mais de R$ 1 bilhão líquido. Com os R$ 250 milhões que recebe da Universal pelas madrugadas, sua receita daria quase R$ 1,3 bilhão.
O setor de comunicação da Record reafirma o faturamento de R$ 1,780 bilhão, mas esclarece que essa quantia ‘corresponde à somatória do valor líquido arrecadado por todas as emissoras da rede, no Brasil’.
Trata-se de um novo ‘parâmetro’. As redes não costumam incorporar o faturamento de emissoras de terceiros. A Record tem 104 emissoras, mas ‘só’ 16 são próprias. Os R$ 7,5 bilhões que a Globo faturou em 2008 são das cinco emissoras próprias mais a participação nas receitas das 116 afiliadas.
SEM NOÇÃO
Às 23h de domingo, quando os bombeiros ainda procuravam vítimas do desabamento da Igreja Renascer, a Rede Gospel (canal da igreja) exibia show de rock evangélico. Ao fundo, no telão, a bispa Sônia (líder da igreja) dançava efusivamente e cantava o refrão da música, que dizia: ‘A Babilônia caiu’.
FALTOU A PIZZA
O ‘Fantástico’ de anteontem juntou Patrícia Pillar, Cláudia Raia e Juliana Paes. Até parecia o ‘Domingão do Faustão’. Apesar das estrelas, o ibope foi de apenas 23,3 pontos. Exibido depois, ‘BBB’ deu mais (27).
FINAIS
Foi de 50 pontos a audiência consolidada do último capítulo de ‘A Favorita’. E a ótima ‘Maysa’, com duas horas e após as 23h, cravou 23.
GLOBAL
A Record contratou a atriz Mônica Torres, mulher de Marcello Antony. Ela participará de ‘A Lei e O Crime’, como uma prostituta.
PRÊT-À-PORTER
Danielle Winits acertou com o GNT e fará um programete de um minuto durante a SPFW, o ‘Sem Noção’. Hoje, ela grava o primeiro, que vai ao ar ainda hoje, à 0h. Interpretará uma mulher rica e perua que não entende nada de moda.
COISA FEIA
A Globo insinuou que a exibição do show de Elton John, sábado, era ao vivo. Ao abrir a transmissão (cheia de falhas técnicas e reduzida), Patrícia Poeta disse que ‘o show já está começando’. Mas o show começou às 22h e a transmissão, às 23h23. Rendeu 19 pontos.’
Fernanda Ezabella
Canal Brasil destaca obra de Sganzerla
‘As prostitutas, bandidos e malandros que reinaram no cinema de Rogério Sganzerla (1946-2004) serão revisitados a partir de hoje no Canal Brasil, que fará uma mostra com seis filmes em homenagem ao diretor, cuja morte fez cinco anos neste mês.
Na abertura, na noite de hoje, o canal pago exibe a trajetória do cineasta no programa ‘Retratos Brasileiros’, dirigido por Joel Pizzini. Aqui, estão depoimentos de Helena Ignez, sua ex-mulher e estrela de 11 de seus filmes, do cineasta Júlio Bressane e de sua mãe, Zenaide Sganzerla, que conta curiosidades do menino de Joaçaba (SC).
Na sequência, passa ‘Copacabana Mon Amour’ (1970), uma espécie de chanchada psicodélica. O diretor narra a vida errática de personagens do bairro, como a prostituta oxigenada que quer ser cantora da rádio Nacional, o malandro que pentelha os turistas e o gay macumbeiro e invejoso.
Os outros cinco filmes serão transmitidos às terças e quartas, sempre à 0h30, durante as próximas três semanas.
São eles: ‘O Bandido da Luz Vermelha’ (1968), clássico do cinema marginal, ‘A Mulher de Todos’ (1969), ‘Sem Essa Aranha’ (1970), ‘Nem Tudo É Verdade’ (1985) e ‘O Signo do Caos’ (2005), seu último longa, sobre a vinda do diretor Orson Welles ao Brasil nos anos 40.
MOSTRA ROGÉRIO SGANZERLA
Quando: hoje e amanhã, à 0h30
Onde: Canal Brasil
Classificação: não informada’
Folha de S. Paulo
Morre o Robô de ‘Perdidos no Espaço’
‘O ator Bob May, o Robô da série ‘Perdidos no Espaço’, morreu anteontem, aos 69, em decorrência de problemas no coração, em um hospital na Califórnia.
Ator e dublê, o nova-iorquino vestiu a fantasia do personagem durante 83 episódios da série americana, que foi produzida entre 1965 e 1968. Já a voz do Robô era feita pelo ator Dick Tufeld.
May deixa a mulher, dois filhos e quatro netos.’
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O Estado de S. Paulo
Terça-feira, 20 de janeiro de 2009
IRAQUE
Jornalista que atacou Bush pedirá asilo
‘O jornalista iraquiano que jogou um par de sapatos contra o presidente americano, George W. Bush, no dia 14 de dezembro, durante uma entrevista coletiva em Bagdá, pedirá asilo político na Suíça. Muntadhar al-Zeidi está correndo ‘risco de vida’ numa prisão iraquiana, disse ontem, em Genebra, seu advogado, Mauro Poggia.
A família do jornalista entrou em contato com Poggia poucas semanas atrás pedindo ajuda para obter o asilo político. Segundo ele, Zeidi foi torturado na prisão, onde teve braço e costelas fraturados, além de uma hemorragia interna.
Para Poggia, é a vida do jornalista que corre perigo agora. ‘Sua vida pode se tornar um inferno’, disse ele. ‘Já em Genebra, ele pode tranquilamente trabalhar como correspondente na ONU’, disse.
No mundo árabe, mostrar a sola do sapato é visto como um ato de desrespeito. ‘Isso é um beijo de despedida, seu cachorro’, gritou o jornalista, quando atacou o presidente americano. Sua defesa tenta abrandar a acusação de ‘ataque’ para ‘insulto’.’
RÚSSIA
Advogado e jornalista são mortos em Moscou
‘O advogado russo Stanislav Markelov, defensor dos direitos humanos, foi morto a tiros ontem em Moscou por um homem mascarado, quando saía de uma entrevista coletiva. A jornalista Anastasia Baburova também foi atingida e morreu horas depois. Markelov, de 34 anos, lutava contra a libertação do general russo Yuri Budanov, acusado de ter matado uma jovem chechena em 2000, que se tornou símbolo dos abusos aos direitos humanos na Chechênia.’
DESABAMENTO
Igreja usa mídia própria para falar em ‘milagre’
‘A Igreja Renascer utilizou ontem toda a sua estrutura de comunicação – rádio, TV e portal – para se defender das acusações de negligência no desabamento de anteontem e atribuir a um ‘milagre’ não terem ocorrido mais mortes do que as nove registradas. Uma mensagem do comando dizia que a Renascer estava ‘estarrecida e chocada’ com o ocorrido.
Na maior parte do tempo, porém, a tragédia foi ignorada nas emissoras da entidade. ‘Venha estar conosco nas Igrejas Renascer em Cristo, que continuam com suas atividades normais.’
Na internet, pastores e seguidores da Renascer afirmaram que o acidente ocorreu porque ‘Deus sabe o que faz’ e que ‘tudo estava sob controle absoluto de Deus’. ‘Vamos agradecer a Ele esse grande livramento: se o teto tivesse caído na hora do culto, agora poderíamos contar mais de 500 mortos. Louvemos a Deus’, dizia uma mensagem no site da Igreja.
Contrastando com o clima de consternação geral, um pastor disse no início da tarde de ontem, na Rádio Gospel FM (90,1 MHz, em São Paulo, emissora da Renascer), que a segunda-feira era um dia de ‘muitas vitórias e milagres’, apesar do ocorrido. Outro apresentador falou que ‘jamais houve irresponsabilidade na Renascer’. ‘Temos toda a documentação, laudos, vistorias’, declarou. Em seguida, disse que ‘Satanás está criando mentiras sobre o desabamento’.
Também foram feitos apelos na Rede Gospel de Televisão, que ficou o dia todo com uma tarja preta no canto da tela, para que fiéis doassem sangue em favor dos feridos, no Hospital das Clínicas. Quem aparecia era o ex-deputado estadual Geraldo Tenuta Filho, o Bispo Gê, presidente da Renascer. Uma lista com o nome dos feridos foi feita pela Renascer e pode ser consultada no endereço www.igospel.com.br/lista.html. A relação, porém, ignora as nove mortes.
ÂNIMOS EXALTADOS
Rivais na busca pela audiência, Globo e Record apresentaram em seus telejornais cobertura parecida sobre a tragédia. O tom da notícia, no entanto, foi mais duro na emissora líder de ibope do que na Record, rede que tem como acionista a também evangélica Igreja Universal.
O estado exaltado de alguns fiéis que tentavam impedir o trabalho de jornalistas na área do acidente também foi retratado nos dois canais. Segundo a Central Globo de Comunicação, a repórter Maria Manso e o repórter cinematográfico Ronaldo de Sousa foram agredidos por um grupo de pessoas que montaram cordão de isolamento, impedindo a passagem da equipe no local do desabamento. As agressões, no entanto, ficaram de fora da edição dos telejornais.
As redes católicas de TV estão tratando de forma diferente a tragédia no templo evangélico. Ontem, por exemplo, a Rede Vida ignorou o fato em seu telejornal das 18 horas. ‘Nossa linha editorial é não registrar tragédias’, explica o diretor de jornalismo, Monteiro Neto. ‘Na época do Caso Isabela, queríamos ser um oásis para nosso telespectador, que só encontrava a tragédia nos outros canais.’ De acordo com o diretor, uma das intenções da missa noturna de ontem seria ‘pelas vítimas do desabamento em São Paulo’, sem citar a Igreja Renascer.
Já a TV Canção Nova e a TV Aparecida noticiaram o fato em seus telejornais, mas sem qualquer especulação de causas e sem citar polêmicas.’
TELEVISÃO
TV Cultura na web
‘Com um investimento de R$ 1,75 milhão, a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, ganhará em março um novo portal, com 10 subportais, 50 sites e 50 homepages. A novidade abrigará também o novo canal de exibição de conteúdo na internet da emissora, o IPTVCultura (www.iptvcultura.com.br), lançado oficialmente esta semana, durante o evento de inovação tecnológica e entretenimento eletrônico, o Campus Party, em São Paulo.
Com uma programação variada e conteúdo alinhado ao da TV, o IPTV Cultura é marcado por interatividade, com espaço também para bate-papo.
Segundo o presidente da Fundação Padre Anchieta Paulo Markun, o canal faz parte de uma série de experimentos que a Cultura vem fazendo na web. ‘Desde que o Roda Vida começou a ser interativo, já registrou cerca de 15 mil acessos’, conta Markun. ‘Fizemos a mesma experiência no Vitrine e no Cambalhotas Especial. Este último registrou, em uma única manhã, 5 mil visitantes, de 17 países’, continua. ‘Além disso, tivemos também a criação do Radar Cultura, que é uma plataforma interativa que orienta parte da programação da rádio AM.’’
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