Dizem que há um dedo da Record por trás das recentes demissões na RedeTV!. Dizem que a Record, ou a Igreja Universal, o que dá no mesmo, estariam comprando a emissora. Não acredito. Temo, mas não acredito. Ninguém pode ter duas emissoras na mesma cidade. Silvio Santos teve que vender sua parte na Record para ficar com o SBT. Como é que a Universal vai fazer isso sem dar na vista? É impossível esconder.
Dizem, também, que a Record (ou Universal) sempre teve um sonho. Ter uma emissora para variedades, notícias e esportes e outra para religião. A Record seria a primeira. E a RedeTV!, a segunda.
Acho que está na hora de abrir uma discussão. Lugar de religião é na igreja. Não na TV. Se na igreja não pode ter programa de humor, por que na TV pode ter um programa da igreja? E, mais grave do que isso, não se trata de programas de rezas ou orações; trata-se de empulhação. Se João Kleber foi banido por engambelar o telespectador por que esses programas ditos evangélicos, que engambelam muito mais, alardeando milagres, são permitidos? Quem é mais nocivo: João Kleber ou as curas milagrosas? Ninguém vai fazer nada? A televisão não é uma concessão estatal? Como é que o Estado permite que ela seja usada para enganar, iludir, engambelar? Onde está o Ministério Público?
Por quanto tempo os ‘evangélicos’ vão continuar pregando mentiras em doses monumentais, ocupando cada vez mais espaços na TV? Onde estão nossos legisladores? Até quando vai ser permitida propaganda religiosa enganosa? O governo não mexe com eles por medo de perder votos? Prefere, então, perder os cidadãos? Liberdade religiosa é uma coisa. Mas liberdade para enganar não é liberdade, é insulto. É escárnio.
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Jornalista