Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Comunique-se


OPERAÇÃO SATIAGRAHA
Carla Soares Martin


ANJ, Fenaj e PF debatem vazamento de informações na Operação Satiagraha, 11/7


‘Pelo sim ou pelo não, os próprios veículos de comunicação passaram a ser notícia esta semana. Tudo por conta da Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF). Na Folha de S.Paulo, a repórter Andréa Michael escapou de ser presa ao antecipar informações sobre as investigações que aconteciam contra Daniel Dantas, enquanto o repórter César Tralli, da TV Globo, sabia, segundo o ministro da Justiça, Tarso Genro, da prisão do dono do Opportunity, antes dos outros veículos. Tarso Genro chegou a pedir desculpas pelo vazamento de informações. A questão que fica é: o meio de comunicação pode — ou deve — publicar inquéritos que correm em segredo de Justiça? A divulgação pode prejudicar as investigações?


Para o Associação Nacional de Jornais (ANJ), sim, o veículo deve divulgar as informações. O assessor Ricardo Pedreira é da opinião de que a liberdade de expressão está acima de tudo, um direito garantido pela Constituição. Sobre a Globo, disse: ‘A TV foi lá e fez o trabalho dela’.


Ricardo Pedreira argumenta que o segredo de Justiça é uma questão da Justiça. ‘O segredo de Justiça é para as partes do processo, para os elementos envolvidos, e não para jornalistas’, afirmou o assessor da ANJ.


Pedreira declarou ainda que a responsabilidade de divulgar as informações, na possibilidade de atrapalhar as investigações, é de cada jornal. ‘É uma questão de cada jornal.’


Fenaj


O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, diz que o jornalista tem a obrigação de divulgar a informação que tem relevância pública. ‘Tudo que tem interesse público, relevância social, o jornalista precisa divulgar’, afirmou.


Para Murillo de Andrade, no entanto, o repórter deve ter o extremo cuidado em divulgar informações se elas podem prejudicar alguém a ponto de oferecer perigo à vida. ‘A decisão de divulgar uma informação não é uma regra absoluta, é um princípio ético.’


Sobre o vazamento de informações da PF e o pedido de prisão da repórter da Folha, o presidente da Fenaj entende que o problema foi da polícia, em deixar escapar os dados, e não dos jornalista.


Polícia Federal


A Polícia Federal admite que o erro foi dela mesmo. ‘Foi o agente do Estado que errou. O jornalista, pelo mérito e trabalho, divulgou o que a polícia deixou vazar’, afirmou a assessoria de imprensa. Informa, ainda, que está sendo aberto um inquérito para investigar o vazamento, assim como havia afirmado o ministro Tarso Genro.


A PF, contudo, é contra divulgar informações sobre inquéritos em andamento. ‘A pessoa investigada começa a se comportar de maneira mais precavida, a manipular informações de banco e telefonemas para encobrir o crime’, argumentou a assessoria da Polícia Federal.’


Sérgio Matsuura


Jornal confunde os Dantas e publica foto de ator no lugar de banqueiro, 11/7


‘Uma reportagem sobre a operação Satiagraha saiu do âmbito jornalístico, se espalhou pela internet e foi parar em sites de humor. O Diário do Sul da Bahia, de Itabuna, publicou na edição da última quarta-feira (09/07), por engano, a foto do ator da Rede Globo Daniel Dantas como sendo o homônimo, dono do Banco Opportunity, preso pela Polícia Federal.


Segundo o editor do jornal, Valdenor Ferreira, o erro foi causado pela equipe de diagramação, que, ao buscar uma imagem do banqueiro na internet, encontrou a do ator e, publicou. Esta foto é a primeira que aparece na busca do Google. Os responsáveis não foram demitidos, mas foram repreendidos pelo fato.


‘Nós editamos a matéria, mas o pessoal do design, na hora de captar a foto, cometeu o erro. O pior foi o dia seguinte. Tivemos que montar um plantão para atender os telefonemas dos leitores’, diz.


Na quinta-feira (10/07), o veículo publicou uma nota de esclarecimento, se desculpando com o ator. ‘Aproveitamos a oportunidade para pedir desculpas ao Daniel Dantas da Globo, um artista de honestidade incontestável e que muito tem contribuído, com seu talento, para o sucesso das telenovelas brasileiras’.


O editorial publicado nesta sexta-feira (11/07) também trata do assunto, falando sobre a repercussão que o erro teve na imprensa. ‘Os 15 minutos de fama não foram fruto de um furo jornalístico, daqueles com que toda a imprensa nanica sonha para, ainda que momentaneamente, romper a intransponível barreira que a separa da grande mídia. (…) Ô glória inglória!’, diz o editorial, escrito com muito humor. Rir para não chorar.’


Milton Graça


Viva o espetáculo! Ele ajuda a justiça, 11/7


‘Sepulveda Pertence, aos 20 anos, foi eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes. Meio século depois, presidiu o Supremo Tribunal Federal e, após se aposentar, nenhum outro brasileiro estaria mais qualificado para comandar o Conselho de Ética Pública da Presidência. Lula não deve nem ter piscado para nomeá-lo.


E, ontem, em apenas uma frase Sepúlveda Pertence deu uma aula sobre a confusão formada entre o ministro Gilmar Mendes, do STF, a Polícia Federal, juízes de primeira instância, procuradores da Justiça Federal, imprensa em geral e Rede Globo em especial, sobre as prisões de Daniel Dantas e 23 supostos cúmplices:


‘São excessos típicos de um estado de espetáculo que vimos praticamente em todo o mundo’.


Que beleza de síntese! Por que é isso, aí, amigos. O problema é todos nós entendermos que o processo de comunicação e informação entre primatas racionais levou uns 75 mil anos para chegar à linguagem escrita; mais 7 mil para conseguir distribuí-la aos milhares; apenas 400 para chegar à escala dos milhões; menos de cem para chegar sucessivamente à imagem fixa, à transmissão de voz e, ao cinema (movie pictures, imagens em movimento).


Em meados da década de 30, Joseph Goebbels, na Alemanha nazista, já usava o cinema falado como nova técnica de informação ou desinformação. Com a televisão e câmeras cada vez menores, o processo se aperfeiçoa, cada vez mais rapidamente. Para o bem ou para o mal.


As técnicas para informar ou desinformar são cada vez mais aprimoradas. As cenas das guerras na Bósnia, no Iraque e no Afeganistão são diferentes de acordo com os interesses e idéias em jogo.


Mas o jogo da verdade no processo de informação – na ação dos jornalistas e da indústria da comunicação – é como tudo o mais na vida e na natureza, há mudança e luta permanentes. E, com a internet, a comunicação ao alcance de qualquer ser humano, como transmissor e receptor, o jogo fica cada vez mais do lado dos mocinhos e menos dos bandidos, não tenham a menor dúvida disso.


Quando o jornalista, através de uma fonte bem ou mal cultivada, descobre que a polícia vai prender um banqueiro, ele tem a OBRIGAÇÃO, não o simples direito, de correr atrás, e prover o que o presidente do STF chamou de ‘especularização’. É isso mesmo, ministro. O curioso daquele princípio estabelecido em 1776 pela Revolução Americana tornou-se inacreditavelmente eterno e imprescindível para toda a Humanidade porque é vital ao avanço da sociedade humana, seja qual for o nível tecnológico de seus sistemas de informação.


Nossos constituintes foram sábios ao redigir a versão brasileira com o inciso XIV do artigo 5º. Quem censura sífu, mais cedo ou mais tarde.


A ‘espetacularização’ faz parte do processo moderno de informação porque a televisão é essencialmente espetáculo, mesmo de má qualidade. Em que isso atrapalha a ação da Justiça? As revoluções democráticas instituíram o júri popular, porque o povo, por princípio, nunca confiou em tribunais e juízes nomeados pelo poder. Tribunais e juízes têm de conquistar a confiança do povo, e o melhor instrumento para isso é reduzir a um mínimo sigilos e privilégios.


A ‘espetacularização’ conquista corações e mentes para a credibilidade das ações de segurança pública e de aplicação da Justiça.


Sepúlveda Pertence reconhece, em justo tom condescendente, que pode ter havido excesso da espetáculo, mas ressalva que isso está ocorrendo em todo o mundo. Sarkozy larga tudo para aparecer com Ingrid, Lula fez questão de tirar fotos ao lado de Nguyen van Giap, e d. Dilma deu dois beijinhos no rosto do velhinho demolidor de gigantes. Bush gosta de fazer discurso vestindo uniforme e cercado de militares. E, quando a Rede Globo recebe dicas sobre operações da PF corre atrás. Isso ajuda a desmentir qualquer insinuação sobre violência desnecessária ou tratamento desigual entre pobres e poderosos.


William Bonner fez bem em lembrar a todos os interessados o inciso 14 do art. 5º, de nossa Constituição:


XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;


(*) Milton Coelho da Graça, 77, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’


PROFISSÃO PERIGO
Comunique-se


Jornalista passa 24 horas detido no Congo, 11/7


‘Nesta sexta-feira (11/07), o jornalista Mila Dipenge, da emissora de TV Télé Kindu Maniema, da República Democrática do Congo, foi solto após passar 24h detido pela Agência Nacional de Inteligência (ANR).


A prisão aconteceu na manhã de quinta-feira, quando agentes da ANR invadiram os estúdios da emissora e prenderam Mila Dipenge, que apresenta um programa chamado ‘O povo tem a palavra’. A prisão teria sido ordenada pelo governador de Maniema, Didi Manara Linga, porque o jornalista teria permitido que críticas a autoridades locais fossem ao ar.


Autoridades financeiras e administrativas iniciaram auditoria na emissora, que também teve gravações de programas confiscados. A Télé Kindu Maniema, uma filial da Tele Kin Malebo, é de propriedade de um senador da oposição.


A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras emitiu comunicado condenando a prisão da jornalista, afirmando que a ANR não possui autoridade legal para invadir uma emissora. A nota diz ainda que intimidações como essa não podem voltar a acontecer.


* Com informações de agências internacionais.’


TECNOLOGIA
Bruno Rodrigues


Um mundo sem fios, por Deus!, 8/7


‘Risoletta Miranda, sócia da agência Addcomm, costuma dizer que a próxima etapa do desenvolvimento humano será o Homos Digitalis, o bom e velho Homo Sapiens com 100% de upgrade tecnológico. Pois tenho certeza que nossos descendentes darão incontidas gargalhadas quando imaginarem como deve ter sido, por exemplo, a convivência de seus ancestrais com patéticos e atrasados… fios.


Eu odeio fios, piso em fios, tropeço em fios. Eu desejo – por Deus – o fim dos fios.


E não se engane: quando digo fios, não me refiro aos que interligam CPUs de computadores, monitores, teclados, impressoras e mouses. Destes tenho orgulho, porque serão lembrados como ‘os que deram início ao fim’. É mais que comum lidarmos com computadores – em especial os notebooks – que nos libertam ‘daqueles que não devem ser nomeados’.


Meu alvo são tevês, DVD players, abajures, aparelhos de ar-condicionado e até telefones fixos – que são lindamente sem fio para passearmos pela casa, mas é preciso ligar a base à parede de alguma forma (você sabe como). E olhe que não chegamos à cozinha, onde liquidificadores, mixers,


geladeiras e micro-ondas clamam por libertação. Dando-lhes alforria, teremos a liberdade, também.


Como resolver a questão dos fios, ou seja, como transportar pelo ar a energia elétrica até seus receptores e interligar aparelhos, os centros de pesquisa sabem como resolver há décadas, mas somente agora começam a comercializar soluções em grande escala.


Ser digital é ser antes de tudo livre, é ou não é? A experiência máxima e diária é navegar pela Rede. Imagine se, por exemplo, tivéssemos que estar cadastrados em todo e qualquer site web se quiséssemos acessá-los, sendo apenas a hp ou todo o conjunto de páginas. Estar preso a fios é uma experiência semelhante.


Uma nota da ‘Wired’ da semana passada aponta 2009 como o primeiro ano sem fio do resto das nossas vidas. Pouco a pouco, substituiremos nossos aparelhos enfiaradados por máquinas independentes, conectáveis, mais inteligentes. Nossas casas ficarão mais bonitas e daremos um passo definitivo na evolução humana. Problema resolvido.


Mas… E se os cães não precisassem de coleira? E se minha calça não precisasse de cinto?


Ah, estes humanos – eternamente insatisfeitos! 🙂


***


A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ terá início na terça-feira da semana que vem, dia 15/07, no Rio de Janeiro.


Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica!


As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha.edu.br e outras informações podem ser obtidas pelo telefone 0xx 21 2102-3200 (ramal 4).


Até lá!


(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’


JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Proibido alimentar os mais ferozes,10/7


‘Abraçado ao luar, viria o peixe


nesse ataque feito de surpresa


e pássaros voando sobre o gelo


(Nei Duclós in Novo Testamento)


Proibido alimentar os mais ferozes


Deu no UOL Notícias sob o título ‘Desiludidos’ com a CUT e o PT, sindicalistas da Conlutas fazem 1º congresso nacional prometendo greves:


‘Uma central sindical criada por dissidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), começa a pôr em prática articulações elaboradas desde 2006 e realiza seu primeiro congresso nacional na cidade mineira de Betim.(…)


O evento conta com a participação de cerca de 4.000 pessoas, entre trabalhadores, sindicalistas, líderes comunitários e estudantes de várias partes do Brasil, além da América Latina e da Europa, segundo os organizadores.’


Janistraquis procurou alguns arapongas de Belo Horizonte e foi informado de que o clima do Congresso estava tão tormentoso, mas tão tormentoso, que não foi permitida aos visitantes a distribuição de amendoim aos mais exaltados.


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O melhor Comparato


O eminente professor Fábio Konder Comparato tentou escrever na Folha de S. Paulo uma versão em prosa de Vozes d’África, intitulada Um débito colossal — A escravidão de africanos e afrodescendentes no Brasil foi o crime coletivo de mais longa duração praticado nas Américas. Janistraquis leu, achou estranhíssima tal e inoportuna pretensão e vociferou:


‘Considerado, o professor está mesmo convencido de que os negros precisam da proteção dele, e essa é uma das mais hediondas formas de racismo, né não?!?!?!’


Concordo. E por essas e outras, dentre todos os Comparatos o colunista continua a preferir o Doc, aquele bom noveleiro que se exilou em Sintra, cenário de Eça de Queirós.


(Leia no Blogstraquis a íntegra da fracassada versão em prosa da obra de Castro Alves, poeta tão popular aqui no sítio que o chamamos de Cecéu, o apelido doméstico.)


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Defesa do consumidor


Os chamados ‘órgãos de defesa do consumidor’ informaram que devemos encontrar um modo de pagar as contas porque, para eles, a greve nos Correios não existe. Janistraquis ficou perplexo:


‘Considerado, se esses órgãos foram criados para nos proteger, imagine os que nasceram para nos phoder!!!’


É verdade; quem tem Apracur tem medo.


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Esse tem pudê


Janistraquis considerou ‘mais do que normal’ o banqueiro Daniel Dantas ser libertado a mando do Supremo:


‘Ele mesmo disse que só haveria problema na primeira instância; nas instâncias lá de cima, iria tirar de letra e foi o que aconteceu. Esse cabra tem pudê pra dá e vendê!!!’


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Nei Duclós


Leia no Blogstraquis a íntegra do poema cujo fragmento encima a coluna. Nas páginas do livro No Mar, Veremos, o poeta diz que se Deus fosse um pesadelo a chance de acordar seria o tempo e o gosto de dormir a nossa igreja.


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País do deboche


Deu aqui mesmo no C-se, com texto da considerada Simone Barros Rabello:


Revista especializada em cervejas será lançada em SP


O publisher da editora Reggenza, apaixonado por cervejas, Ubiratan Sennes, desenvolveu um projeto para um novo veículo: a revista Beer Life, que pretende redesenhar a imagem da bebida no mercado e educar para o consumo.


A publicação, que ainda não tem data de lançamento, será trimestral (com previsão de tornar-se bimestral em 2009), terá 60 páginas, tiragem de 20 mil exemplares, venda de assinaturas e em locais especializados, inicialmente em São Paulo.


Janistraquis ficou animadíssimo e tem certeza de que ‘locais especializados’ incluem as vizinhanças dos pedágios em todas as estradas e postos da Polícia Rodoviária.


‘Afinal, este é o país em que a m… tem muito a aprender com o deboche’, explicou.


Sou obrigado a concordar. Só bebendo muita cerveja e muita cachaça pra se agüentar o País de Todos.


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Ano eleitoral


O considerado José Truda Júnior despacha de seu minarete instalado nos altos de Santa Tereza, onde ainda é possível escapar do vôo das balas perdidas:


Como você sabe, ano de eleições é quando os jornais terminam seus títulos de matérias sobre ações dos governantes, governo, ministros ou ministérios com o criativo fecho ‘em ano eleitoral’:


Lula dá 8% de aumento ao Bolsa-Família em ano eleitoral;


Dilma inaugura obras do PAC em ano eleitoral;


D. Mariza cai da cama e quebra clavícula em ano eleitoral;


E não é que a Folha de S. Paulo, inesperadamente, resolveu sair da mesmice e inovar? Pois está lá no portal, para qualquer assinante acessar:


Tarso libera R$ 80 mi a 3 meses da eleição


Como a Folha faz escola, não há dúvidas de que logo teremos manchetes, títulos e chamadas contando quantos dias faltam para as eleições!


Pois é, Truda, e a Polícia Federal prende Dantas, Pitta e Nahas para dar a impressão de que, nas melhores democracias, os grandões também se phodem.


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Ignorância braba


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, cuja sede tem vista permanente para a inversão de valores, pois Roldão manifesta sua impaciência diante da confusão que a mídia costuma fazer entre Gênero & Sexo:


Nos últimos tempos surgiu o modismo de se usar o termo ‘gênero’ em vez de ‘sexo’. Isso só complica a comunicação, pois em muitos casos fica difícil entender o que quer dizer ‘preconceito de gênero’, ‘diferença de gênero’ e quejandos (essa palavra era usada no tempo do Monteiro Lobato, hoje os mais jovens talvez nem a conheçam…)


Os substantivos e os adjetivos é que têm gênero. Os animais, como os seres humanos, têm sexo. Só falta agora os formulários indagarem qual é o gênero de quem está dando suas informações pessoais. Gênero: ( ) M ( ) F ( ) GLTS….


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Vitória do obscurantismo


Como o considerado leitor está careca de saber, pela goleada de 30 votos a 4 a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara mandou para as profundas o projeto de lei que descriminaliza o aborto.


Janistraquis citou Millôr Fernandes (‘O maior logotipo do mundo ocidental é o sinal-da-cruz’) e desabafou:


‘Pois é, considerado, um país de m… tinha mesmo que, mais uma vez, dar a vitória ao obscurantismo.’


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Suposto sósia


O considerado Thiago Borges, estudante de Jornalismo em São Paulo, lia matéria sobre Ronaldo Fenômeno na Folha de S. Paulo quando deparou com o seguinte trecho:


‘(…) Na semana passada, Ronaldo conseguiu uma liminar para impedir a distribuição do filme pornô protagonizado por sua ex-namorada Viviane Brunieri. Em ‘Vivi Ronaldinha – Minha Primeira Vez’, produzido e lançado pela Sexxxy World neste ano, a modelo contracena com um suposto sósia de Ronaldo.’


Thiago, que não engana nem se engana na Faculdade, protestou:


Como assim ‘suposto sósia’?!?!?! É só olhar para a cara do fulano e ver se ele é mesmo parecido com o Ronaldo ou não, tô errado?


Tá certo, Thiago, tá certo. Mas Janistraquis tem certeza de que o redator assistiu ao filme, achou o, digamos, ator tão parecido com o craque, mas tão parecido que preferiu tascar ‘suposto sósia’. Quer dizer, pode ser sósia, porém está magro demais…


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Nota dez


O considerado Fritz Utzeri escreveu no Montbläat:


A última vez que tínhamos visto a senadora na selva, dizia-se que ela estava à morte e o aspecto era a de uma mulher macilenta e doente. O mundo inteiro comoveu-se pelo sofrimento da refém. A Ingrid que apareceu ontem, era uma mulher saudável, com dentes brancos e perfeitos, bem tratada e cheia de energia, um aspecto pouco comum a alguém que permaneceu seis anos em poder de um bando carniceiro, pensando em suicidar-se todos os dias e sendo tratada como um cachorro, segundo suas próprias palavras.


Não sei o que é e não tenho qualquer prova, mas como jornalista desconfio de 90% dos ‘doces’ que tentam me vender, ainda mais quando o ‘doceiro’ é um senhor chamado Álvaro Uribe, presidente da Colômbia. Será que tudo aconteceu mesmo como foi contado?


Leia no Blogstraquis a íntegra do polêmico artigo e assine o jornal digital do Fritz; é baratinho e basta enviar mensagem para flordolavradio@uol.com.br.


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Errei, sim!


CRIOULO DOIDO — O leitor Carlos Alberto Sartori, de São Paulo, viajante contumaz, trouxe na bagagem do último giro por Belo Horizonte esta preciosidade do Estado de Minas: Renato Quintino vai expor em Moçambique, anunciava o título; o texto dizia: ‘O pintor Renato Quintino estará nesta quarta-feira em Moçambique (África do Sul) convidado pelo Itamaraty para apresentar uma exposição representativa da arte brasileira, na cerimônia de posse do presidente eleito daquele país, Nelson Mandela’.


Janistraquis, que sempre foi chegado às coisas de Minas, não resistiu: ‘Considerado, é grave carregar Moçambique para a África do Sul, com


ou sem Mandela’. Aí, suspirou: ‘O título até que passa, porém o texto esgueira-se pelas savanas do analfabetismo, na companhia de cobras e lagartos’. (janeiro de 1995)


Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.


(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’


DIPLOMA SUPERIOR
Eduardo Ribeiro


O diploma é fundamental, mas a mestiçagem pode enriquecer o Jornalismo, 9/7


‘Há uma grande movimentação no âmbito da Fenaj, a Federação Nacional dos Jornalistas, e dos vários sindicatos de jornalistas do País, na defesa da obrigatoriedade do diploma superior para o exercício do Jornalismo, motivada por uma possível decisão em contrário do STF – Supremo Tribunal Federal, que julgará nas próximas semanas o Recurso Extraordinário de nº 511961, interposto pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo e pelo Ministério Público Federal, nesta direção.


A obrigatoriedade do diploma foi inquestionavelmente, a meu ver, uma vitória dos jornalistas brasileiros na moralização da atividade profissional e mostrou-se fundamental na revitalização da imprensa.


Com obrigatoriedade ou não, tornou-se tão natural contratar profissionais tecnicamente preparados para a atividade que empresa que se leve a sério dificilmente hoje abriria suas comportas para a contratação de leigos, ainda que essa obrigatoriedade viesse a cair. Poderia até contratar um ou outro, mas isso seria sempre uma exceção, visto que o custo de treinar alguém é elevado e as empresas, pelo que delas conhecemos, não gostam de desperdiçar dinheiro. Se o mercado oferece mão de obra de boa qualidade e a um custo mais do que razoável, porque elas vão contratar pessoas despreparadas, que custariam a elas muito mais dinheiro em treinamento? Não tem lógica, embora esse risco até exista.


De todo modo, a polêmica é antiga e reúne opiniões radicais dos dois lados, sem que disso resulte algo mais racional, viável, sereno, a favor, não do corporativismo seja de que lado for, mas sim do Jornalismo e da grande beneficiária de suas ações, a sociedade.


O diploma, reafirmo, moralizou o Jornalismo e a atividade profissional, mas não foi decisivo, nem eficaz, na arte de ensinar os milhares de profissionais que forma a pensar, a encontrar novos caminhos, a ousar, a revolucionar.


Jornalistas diplomados como eu têm uma boa base técnica, tem bons treinamentos, tem uma boa visão de ética, de diretrizes, às vezes até de negócio, de edição etc., mas não têm, com as raras e honrosas exceções que só justificam a regra, a capacidade de pensar o inusitado, de quebrar paradigmas, de propor mudanças nas regras aprendidas nos bancos escolares, de dizer não ao sim e sim ao não, enfim de muitas vezes desconstruir o clássico para construir o novo.


Não sei se é exatamente por isso que temos cada vez jornais, revistas, telejornais, sites, radiojornais mais iguais e menos surpreendentes, instigantes. Vemos as fórmulas se multiplicarem e se igualarem, com mudanças apenas cosméticas, sem ousadia para mexer no âmago do jornalismo, no modo de selecionar os conteúdos, na forma de entregá-lo ao público.


Um olhar externo, de quem não está ‘contaminado’ pelo ambiente, pode ser decisivo na quebra de certos conceitos, de certas fórmulas, desde que se tenha coragem para isso. Por que não atrair para as equipes, com a moderação necessária, por exemplo, artistas plásticos, que poderiam dar contribuições fantásticas na expressividade das inúmeras plataformas, como fez um dia Amílcar de Castro, que revolucionou a imprensa brasileira a partir das linhas com que redesenhou o Jornal do Brasil, se a memória não me falha, nos anos 1950?


E músicos, quem sabe tentando entender o ritmo das palavras, das frases, enfim a musicalidade dos textos e diálogos?


Antropólogos? Eles não poderiam trazer contribuições impensadas para os mortais das letras com sua visão mais abrangente da sociedade, dos personagens do cotidiano, das celebridades tão perscrutadas por nossa mídia?


E por que não médicos, para acompanhar, na produção jornalística, os ritmos cardíacos, a pressão dos fechamentos, a pulsação dos diálogos, tentando ajudar os jornalistas a entenderem melhor a influência desse conturbado ambiente no produto final que vão entregar ao seu público.


Advogados, meu Deus, poderiam ser fundamentais para serenar certos ânimos em matérias denuncistas, de modo a, sem perder a boa manchete, ajudar os jornais e os jornalistas a serem mais incisivos e menos espetaculosos.


Engenheiros e matemáticos não poderiam eventualmente ajudar a entender números, estatísticas e o palavrório oficial que muitas vezes chegam cheio de armadilhas nas redações, sem que os jornalistas se dêem conta disso?


E os filósofos? Não estaria faltando um pouco de filosofia na nossa cobertura jornalística, no entendimento do pensamento humano, de nossas fontes, de suas ações? Não estaríamos em condições de, ao pensar melhor toda a nossa produção, oferecer um produto de maior profundidade, um jornalismo mais refinado, crítico, consistente? Um toque de alguém com essa formação não poderia ajudar as equipes a entenderem melhor as razões existenciais de personagens bandidos, mitômanos, maníacos? Ah, essa poderia também ser uma contribuição trazida por psicólogos, psiquiatras.


Claro que todos esses profissionais têm hoje lugar garantido nos veículos quando são convidados a atuar como articulistas ou mesmo ao serem ouvidos como fontes especializadas. Mas não é disso que estou falando. Estou falando da mestiçagem no âmago da produção jornalística, nas entranhas das equipes, me refiro a pessoas que possam estar no dia-a-dia provocando desconforto, mexendo com as idéias e conceitos, buscando um olhar diferente dos acontecimentos, contribuindo enfim para que os jornalistas diplomados possam exercer sua atividade com mais talento e criatividade, sem perder o essencial que é a boa e qualificada informação. Mais do que isso, possam, além de escrever e editar, também pensar e refletir sobre o que estão fazendo. Criem condições de revolucionar permanentemente o Jornalismo, como ocorre com várias das outras atividades.


Defendo o diploma, mas já não sou tão radical assim na defesa da obrigatoriedade. Mas mais do que no diploma tento pensar no Jornalismo e em como ele seria ainda maior se conseguisse atrair para suas hostes alguns dos grandes talentos das várias áreas do conhecimento humano. Não se trata de abrir brechas para que essas pessoas venham roubar lugar de jornalista, mas sim de encontrar um caminho para que elas possam efetivamente se somar nesse gigantesco esforço do Jornalismo de bem informar a sociedade.


É um mero sonho, mas não deixo de sonhá-lo. Aliás, gosto de sonhá-lo.


Não sou, como sempre friso, dono da verdade. Gosto do desafio de ser sereno e tento sê-lo. Mas queria muito ouvir as opiniões dos leitores e confesso que muito me agradaria ver pensamentos, contra e a favor, do mesmo modo sereno, desapaixonado, quem sabe priorizando mais do que o coração (ou as convicções), a razão.


É também um belo desafio, e eu quero propô-lo a todos que tiveram a paciência de chegar até o final dessas tímidas reflexões.


(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’


MEIO AMBIENTE
Carlos Chaparro


Indícios de maus hálitos, 7/7


‘Está na Folha de hoje: os números do desmatamento referentes ao mês de maio estão há duas semanas prontos para divulgação. Mas o Inpe, responsável pelo trabalho de controlar a derrubada de árvores nas matas brasileiras, diz que a divulgação só será feita depois que o presidente Lula tiver acesso às informações. Em e-mail ao jornal, o presidente do Inpe, Gilberto Câmara, embora em tom hesitante, confirma a informação, ao considerar ‘essencialmente correta’ a informação de que a demanda partiu do Palácio do Planalto.


Também segundo a Folha de S. Paulo, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, tem outra versão. Em declarações dadas sexta-feira passada aos indispensáveis jornalistas dos quais sempre está próximo, Minc disse não entender exatamente o motivo da demora, embora ele próprio admita que, ao sustar a divulgação dos dados do Inpe, a Casa Civil quer ‘harmonizar’ os números com os de outros levantamentos, como o da Embrapa.


A Folha coloca aspas na seguinte declaração do ministro:


‘Como há dados diferentes, a Casa Civil resolveu, de alguma forma, compatibilizar os dados. (…) Eu confesso que não entendi exatamente a razão, mas a informação que eu tenho é a de que tenta-se compatibilizar, não esconder os dados’.


Nos bastidores, correm notícias que os dados há duas semanas escondidos pela Casa Civil revelam uma preocupante escalada do desmatamento, no mês de maio. Daí, o controle da Casa Civil sobre a divulgação dos dados do Inpe. E se assim é, a divulgação dos dados do Inpe teria o atributo de ‘altamente inconveniente’, às vésperas da reunião do G-8, à qual o presidente Lula comparece, como convidado, carregado de argumentos em favor dos biocombustíveis.


Há fortes razões, portanto, para se acreditar que estamos diante de um caso de censura prévia de informações que interessam aos cidadãos brasileiros – ou seja, àqueles que pagam impostos para que haja democracia, tanto no plano dos deveres quanto no plano dos direitos.


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Como o controle das informações do Inpe já persiste há duas semanas, só saberemos com certeza se o ritmo do desmatamento se agravou ou não em maio quando a Casa Civil, a seu critério, resolver divulgar o que por enquanto esconde.


Só que, agora, depois do que a Folha de S. Paulo hoje nos contou, já não basta a simples divulgação dos dados. É preciso que, ao divulgar os dados, a Casa Civil também nos diga o que significa essa coisa de ‘compatibilização’.


Ora, Inpe e Embrapa são instituições igualmente respeitáveis. Eventuais divergências de números nos levantamentos que cada uma faz não têm que ser escondidas nem protegidas por decisões de ‘prudência política’. Nós temos direito a conhecer os números de cada uma das instituições, até para que as eventuais divergências sejam debatidas e esclarecidas à luz do interesse público, sem prévias interpretações politicamente convenientes.


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O governo tem o dever de informar, de socializar, os conteúdos que gera. E vai contra esse dever qualquer tentativa de controlar informações de interesse público. Se verdadeiras as revelações feitas pela Folha de S. Paulo, o que a Casa Civil decidiu fazer é uma forma política de vilipendiar o direito à informação.


E o vilipêndio será maior, e mais grave, se por trás da decisão de retardar a divulgação dos dados do Inpe, e para justificar esse retardamento, tivermos de ouvir, de bocas oficiais, argumentos tradicionais da odiosa censura política das ditaduras.


Eis alguns deles:


– Impedir preventivamente a perversão da opinião pública.


– Defender a opinião pública de fatores que a desorientem contra a verdade, a justiça, a moral, a boa administração e o bem comum.


– Defender os princípios fundamentais da organização da sociedade.


Nas ditaduras fascistas, nazistas e comunistas, esses três princípios, aparentemente moralistas e nacionalistas, serviram para implantar e justificar formas odiosas repressão, pela censura prévia.


Claro que, no Brasil, não corremos tal risco. Temos uma Constituição que simplesmente proíbe qualquer manifestação de censura prévia. Temos, também, instituições fortes e vigilantes, de defesa da democracia. Mas seria lamentável se, a despeito da solidez da nossa democracia, viéssemos a sentir, em falas oficiais, o hálito moralistas dos argumentos da velha e odiosa censura.


(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’


TELEVISÃO
Antônio Brasil


TVs e internet disputam a cobertura das Olimpíadas 2008, 10/7


‘Sinal de novos tempos. Esta pode ser a última olimpíada com cobertura hegemônica pela TV.


Nos EUA, a rede NBC, detentora exclusiva dos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Pequim para TV anunciou que vai investir pesado na internet.


Além de 1.400 horas de programação previstas para seus seis canais de TV, a rede vai disponibilizar mais de 2.200 horas de competições olímpicas ao vivo no sítio NBCOlympics.com. ‘Com a Internet, nós acreditamos que vamos despertar grande interesse junto ao público de TV’, disse Gary Zenkel, presidente da NBC Olympics.


A página da NBC também terá blogs, três mil horas de destaques, resumos diários e análises aprofundadas de especialistas esportivos.


Mas os internautas americanos poderão se decepcionar. A luta entre a TV e a Internet ainda requer medidas drásticas e alguns artifícios para garantir a audiência televisiva. A rede NBC anunciou que os eventos transmitidos pela TV não serão transmitidos simultaneamente pela Internet. E isso pode ser um grave erro estratégico.


A NBC pagou US$ 3,5 bilhões pelos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de 2000 a 2008 – Sydney, Atenas e Pequim – e dos Jogos de Inverno de Salt Lake City, nos EUA, e Turim, na Itália, em 2002 e 2006.


Outras emissoras de TV têm abertura para exibir destaques das competições, mas nenhum vídeo dos eventos olímpicos pode ser mostrado em outro sítio de internet que não no NBC Olympics. A NBC permitiu vídeos das classificações dos atletas para os Jogos em outras páginas, desde que com links para o NBC Olympics e removidos até o dia 7/8, véspera da abertura das Olimpíadas de Pequim.


Os responsáveis pela cobertura da rede americana declaram que os custos para garantir a exclusividade da transmissão em TV aberta nos EUA são altos e que precisam garantir bons índices de audiência.


Por outro lado, em termos de tecnologia, a NBC promete novidades e qualidade. Eles estarão utilizando a nova plataforma de vídeos ao vivo desenvolvida especialmente pela Microsoft. A NBC garante imagens de alta qualidade e grande acesso de usuários.


FEBEAOL


Aqui no Brasil, o portal Terra obteve junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI) os direitos exclusivos de transmissão das Olimpíadas de Pequim na América Latina.


O principal atrativo da cobertura do portal será a transmissão dos eventos esportivos em 13 canais com conteúdo simultâneo para competições ao vivo, além de vídeos on-demand que, assim como os canais, poderão ser acessados pelo PC ou celular.


Este acordo com o COI é o primeiro para transmissão exclusiva das Olimpíadas apenas pela internet.


O recorde de cobertura das olimpíadas de Pequim, no entanto, estará com a agência internacional de notícias, AP, Associated Press. Eles irão enviar cerca de 300 profissionais para cobrir tudo ou quase tudo nos próximos dias. Do perfil de atletas a escândalos de doping a protestos políticos.


Para pavor dos organizadores e censores chineses, os americanos da AP prometem uma cobertura total. A Associated Press, uma agência tradicional, fundada ainda no século XIX, especializada na cobertura para jornais com palavras e fotos, agora promete entre 7 a 10 matérias originais em vídeo por dia. Sinal dos tempos. A cada dia a diferença entre os jornais, TVs e sites na Internet diminui e a convergência de mídias aumenta. Os censores chineses certamente terão muito trabalho nos próximos dias.


E os telespectadores brasileiros também podem estar diante do fim de uma era. Esta pode ser a última vez que a Globo transmite uma olimpíada.


Você talvez não saiba, mas a rede Record, aquela a rede de TV que incomoda muito a Globo, ganhou o direito de transmitir a cobertura das Olimpíadas de 2012 em Londres. Considerando as telenovelas e os telejornais, a cobertura das olimpíadas de Londres pela Record não deve ser muito diferente da Globo. Afinal, de onde menos se espera, é de lá que não vem nada de novo mesmo.


Enquanto isso, segundo a Folha de S. Paulo, apesar da perda dos direitos a Rede Globo garante que vai realizar uma grande cobertura das Olimpíadas de 2008. E o Bom Dia Brasil anuncia que já deu a largada! Ver aqui.


É, pode ser. Quem viver, verá!


No front das TVs por assinatura, o Sport TV anuncia cobertura total com cinco canais, 24 horas no ar. Para seus executivos, ‘a maior olimpíada de todos os tempos merecia uma cobertura assim’. O Canal de esportes da Globo trará uma combinação tradicional de eventos ao vivo e jornalismo na cobertura de Pequim 2008.


Ainda segundo a divulgação, os canais de esporte já estarão no ar a partir de 01/08 com a seguinte formação:


‘SporTV2 faz a dobradinha de sempre com mais opções de modalidades e reexibição dos melhores momentos da maior olimpíada da história.


SporTV3 e 4 – Multiplicam a emoção do espírito olímpico com mais variedade de competições ao vivo e reprises dos eventos da madrugada, durante à tarde do dia seguinte.


SporTV+ – Um guia interativo fácil de usar para você acompanhar tudo de Pequim 2008 nos canais SporTV’.


Ainda no Brasil, o diretor de esportes da Band, Carlos Gomes, anuncia que 80 profissionais, entre técnicos, produtores e jornalistas já estão escalados para a cobertura das ‘Olímpiadas de Pequim’. Vamos aguardar ansiosos. Afinal, é muita gente considerando que a Band não tem direitos de transmissão dos eventos esportivos. Mas a Band é sempre uma ‘caixinha de surpresas’.


Agora, só nos resta aguardar e nos preparar para mais uma ‘avalanche’ de transmissões ao vivo e matérias jornalísticas produzidas pelas emissoras de TV e pela Internet. Haja pautas. Ou pobre telespectador ou pobre internauta. As imagens das olimpíadas certamente serão maravilhosas. Mas na TV ou na Internet, temos que nos preparar para mais uma edição do, FEBEAOL, o Festival de Besteiras que Assola as Olimpíadas.


Aquele tradicional festival de ‘bobagens’ proferidas por apresentadores desinformados e comentaristas despreparados.


(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’


COLÔMBIA
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Ingrid Betancourt quer deixar de aparecer intensamente na mídia, 11/7


‘A ex-candidata presidencial colombiana Ingrid Betancourt, resgatada depois de mais de seis anos em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), disse nesta sexta-feira (11/07) que ‘está muito cansada’ e que quer deixar de aparecer intensamente na mídia, como tem feito desde que foi libertada, no dia 02/07.


‘Preciso parar e fazer uma espécie de retirada’, afirmou Betancourt em entrevista à emissora de rádio francesa ‘Europe 1’, que sofreu um atraso de 20 minutos porque, esta manhã, a ex-refém achou ‘impossível fisicamente’ se levantar no horário. ‘Acho que será minha última entrevista’, disse, após se desculpar pelo atraso.


Com informações da agência EFE.’


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Folha de S. Paulo – 1


Folha de S. Paulo – 2


O Estado de S. Paulo – 1


O Estado de S. Paulo – 2


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