Dois assuntos dominaram o noticiário do final de semana: a crise da segurança pública em São Paulo e a publicação na revista Veja de reportagem sobre supostas contas no exterior que pertenceriam a autoridades do governo federal, incluindo o presidente Lula, ex-ministros, como Antonio Palocci, e até um senador da oposição, o ex-delegado Romeu Tuma (PFL). As tais contas foram trazidas a público apesar de a própria revista não conseguir confirmar, após seis meses de apuração, a veracidade do que publicou. Se a atitude de Veja não é inédita, chama atenção a justificativa estapafúrdia que a revista conseguiu para mais este ataque ao governo Lula: a publicação das contas serviria justamente para evitar que sua divulgação em outras esferas pudesse servir de material de chantagem contra o governo.
O presidente Lula negou todas as informações publicadas na revista e pela primeira vez reagiu com contundência aos ataques que vem sofrendo da revista, especialmente do colunista Diogo Mainardi, autor de entrevista com o banqueiro Daniel Dantas que acompanhou o material da revista sobre o assunto. Dantas teria sido a fonte da revista no ‘dossiê’, mas a reportagem assinada por Márcio Aith revela que a direção de Veja teria decidido quebrar um compromisso de preservá-lo quando finalmente publicasse a matéria. Do material selecionado para o Entre Aspas sobre o assunto, vale a pena ler a entrevista do próprio Dantas à Folha de S. Paulo, no domingo, em que ele desmente boa parte das informações de Veja. Em artigo escrito para o site Comunique-se, o jornalista Leonardo Attuch dá mais detalhes dos bastidores da apuração de Aith e questiona a metodologia adotada pela revista: ‘Eis o que cabe debater num foro da comunidade jornalística: É lícito publicar acusações graves contra terceiros quando o próprio autor da reportagem admite não ter certeza do que publica? Tendo havido acordo com a suposta fonte, o que é duvidoso, é correto rompê-lo? É honesto lançar nas costas da suposta fonte a responsabilidade por uma denúncia que o próprio jornalista pretendia fazer?’
Sobre a crise em São Paulo, os jornais de final de semana se limitaram a cobrir o ‘factual’ – número de rebeliões, policiais mortos etc – e não foram capazes de antecipar o estado de pânico que tomou conta da região metropolitana da maior cidade da América Latina na segunda-feira, assunto que ganhou destaque nos jornais de terça-feira.
Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.
Último Segundo