Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Qualidades e defeitos repetidos

Programa mais bem-sucedido da RedeTV!, o Pânico tinha uma única preocupação ao se mudar para a Band: levar seu público para a nova emissora. Não era necessário mudar nada, apenas fazer saber que o humorístico estava de casa nova. Nada mais sintomático do que a discreta mudança no nome do programa. Deixou de ser Pânico na TV para virar Pânico na Band.

O programa exibido no domingo (1/4) e os números prévios da audiência indicam que a estratégia deu certo. O Pânico foi Pânico, sem tirar nem por, tanto em termos de conteúdo quanto de Ibope.

Do ponto de vista do conteúdo, as novidades foram cosméticas. O Pânico continua com o mesmo humor abusado, alternando momentos brilhantes com rasgos de apelação e baixaria.

Marvio Lucio mandou um “chupa Jô”, em “homenagem” a Jô Soares, que se recusou a dar entrevista para “Jô Suado”, e estreou uma nova imitação, excelente, de Boris Casoy. Foi o ponto alto do programa. Um novo humorista, Guilherme Santana, estreou com uma paródia de Otavio Mesquita, o Otário Mesquita, muito boa também.

Boa audiência

Outra especialidade do Pânico, o assédio a atores globais em porta de festas, segue intocado na Band. Às vezes desagradáveis, às vezes engraçados, Marvio Lucio e Eduardo Sterblitch humilharam os participantes da última edição do BBB. "Pode falar, Jake. A Globo não vai te contratar", disseram para uma das candidatas.

Igualmente presente, as micagens e pegadinhas na praia renderam os absurdos de sempre. Sterblitch fez um Diogo Nogueira em versão escatológica (“Nojeira”), que não deixou pedra sobre pedra. “Passei o inverno cheirando meia. Chegou o verão e o que eu fiz? Cocô na areia”.

Como não poderia faltar, também houve exploração da miséria humana, com destaque para a presença de um mexicano com excesso de pelos no rosto, que foi beijado e alisado por Sabrina Sato. “Freak show” da pior espécie.

Para assegurar a boa audiência da estreia, o Pânico ficou 135 minutos no ar sem nenhum intervalo comercial. Para compensar, os 20 minutos restantes foram entupidos de publicidade.

***

[Mauricio Stycer é repórter e crítico do UOL]