A convergência midiática modificou o mercado, indústria e público. Discuti-la passou a ser fundamental para qualquer âmbito da comunicação. A convergência dissolveu os limites – antes tão nítidos e firmados – entre produtores e consumidores, conteúdo e marketing, ficção e realidade, entretenimento e publicidade. Estamos vivenciando um novo ecossistema de conectividade, onde o sujeito midiático compartilha, opina e modifica o produto. Dentre suas principais ferramentas, a convergência inovou as narrativas com a transmídia, fez com que o consumidor imergisse nas histórias, dando-lhe a oportunidade de explorar diversos universos em distintas plataformas. Este fenômeno deixou de ser uma previsão futurística e distante, que aconteceria gradualmente, para se tornar o cenário atual da comunicação, que é pautado e moldado pela a cultura da convergência. Estamos na rota de colisão, diante de um fenômeno que não é apenas uma mudança tecnológica.
Ela nos apresenta novos caminhos a se seguir, sem nos dar fórmulas prontas, e sim, indagações que devem ser consideradas, principalmente, se refletirmos sobre nosso papel como sujeito desse processo comunicativo. Afinal, não somos mais os mesmos. Somos uma geração com novas características, mais interativa, composta de sujeitos midiáticos que desejam compartilhar opiniões e colaborar para a construção de produtos e serviços que irá consumir. Assim, temos um novo ethos que se forma e se transforma num átimo.
Diante de várias transformações causadas pela convergência, muitas especulações e discussões sobre o destino da TV, seu formato, seu conteúdo, distribuição e da relação desta mídia com o novo espectador se multiplicaram. As previsões eram em sua maioria catastróficas e apontavam que a TV estava para condenada ao esquecimento. Entretanto, pesquisas, cases e estudos indicam que o meio se uniu a convergência de maneira única. Hoje, temos um comportamento inédito, a Social TV, assunto este que modifica as métricas da audiência, o nível da participação do público, as narrativas, a recepção do espectador e traz de volta o appointment television.
Um encontro inédito
Segundo o Think TV – um grupo de pesquisa australiano que tem como objetivo estudar como será a evolução da TV nos próximos dez anos – nunca se assistiu tanta televisão como hoje. Porém, as pessoas estão assistindo TV de uma maneira diferente, e é nesse momento que entra a convergência. Esse fenômeno resgatou o sujeito do marasmo das programações pré-definidas, da passividade e o colocou para produzir conteúdo e participar ativamente do processo. Porém, deve-se considerar que essas transformações midiáticas são cíclicas, pois, sempre aconteceram ao longo da história. E cada mídia ou meio de comunicação sobrevive e se diferencia, naquilo que tem de melhor. A convergência não é uma sentença de morte para o mass media, e sim, uma oportunidade de se atualizar, de melhorar relação com o espectador. A TV é naturalmente social, o comentário do público faz parte de sua linguagem. A tecnologia não matou a TV, pelo contrário levou-a há um patamar inédito de interação entre o meio e público.
Na social TV, os comentários feitos pelo público durante a programação ganham novas plataformas e novos sujeitos. Hoje, o sofá da sala se expandiu e a audiência troca ideias e discute com milhares de fãs por todo mundo. O mercado e os canais já perceberam essa mudança e a vontade do público em discutir, comentar e compartilhar o que está assistindo e por isso vem incentivando através ações publicitárias e aplicativos para disponíveis móveis. Afinal estamos diante de um ethos múltiplo e fragmentado, e que tem a necessidade de não só compartilhar o que assiste com a pessoa ao lado, mas com seus seguidores e amigos nas redes sociais. Vivenciamos atualmente um encontro inédito da TV que incorpora a convergência e com o espectador contemporâneo.
TV e as redes sociais
Apontada pela MIT Technology Reviewcomo uma das principais promessas para 2011, a Social TV vem sendo foco de pesquisas, ações de marketing e indica um nível inédito da participação do público. O futuro da TV e do novo espectador é permeado por prognósticos, para discutir os novos caminhos é preciso cautela, pois a comunicação reflete e altera vários setores. É tudo muito recente, cheio de questões que precisam ser discutidas neste exato momento. Porém, o brasileiro tem uma relação muito próxima com a TV, os vilões, as mocinhas e principalmente as novelas estão presentes no dia-a-dia e na identidade do povo. O que compõe um appointment único, e mais forte que nos outros países.
A Social TV vem modificando a clássica pergunta “Você viu ontem à noite?”, trazendo a pergunta e os comentários para o agora, fazendo da sala um enorme (watercooler) chat com milhares de pessoas. Toda essa troca de informações vem reativando a indústria do entretenimento, cada vez mais o público está interagindo de maneira simultânea com o a TV e as redes sociais. Estamosvivenciando uma transformação na maneira como as pessoas estão se relacionando com a TV e vice-versa. Estamos em plena era da Social TV: a TV em duas telas.
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[Daiana Sigiliano é jornalista]