Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Balança mas não cai

Há 25 anos, Jô Soares, 75, trocou o humor rasgado e uma galeria de 200 personagens de sucesso na Globo pelo sonho de ser entrevistador.

No SBT, inspirado pelos americanos Jack Paar e Johnny Carson, estreou em 16 de agosto de 1988 o talk show Jô Soares Onze e Meia, que levou prestígio e anunciantes à emissora.

De volta à Globo desde 2000, Jô Soares retoma hoje a temporada do seu Programa do Jô e anuncia o lançamento, em DVD, das suas principais entrevistas, em ambos os canais.

“Esse é um tipo de parceria benéfica. Não que houvesse essa intenção, mas o programa se tornou uma espécie de registro da história do Brasil desse período”, diz ele, que chegou a pedir no SBT que as fitas de sua atração não fossem apagadas.

O material dos DVDs ainda está em seleção e deve trazer um apanhado de encontros raros, como o com Luís Carlos Prestes (1898-1990).

“Entrevistas marcantes, você pode botar o Roberto Carlos, o Chico Buarque, mas também o gago que se candidatou a vereador e outros tantos desconhecidos. A conversa mais marcante, espero que seja sempre a próxima.”

Muitas personalidades declinaram o convite para se sentar na poltrona do artista, como Silvio Santos.

“É a pessoa a quem eu devo a oportunidade de ter feito o programa. O Silvio é um convidado que não consegui e sei que nunca irei entrevistar”, lamenta.

Dos 13 mil bate-papos, três convidados são recorrentes: o cartunista Ziraldo, com 20 participações, e o cantor Caetano Veloso e o ex-presidente Lula, com 13 cada um.

“Certa vez, num dia em que seria entrevistado, um dente meu quebrou e eu fui ao programa de máscara”, lembra Ziraldo. “Há dias em que o Jô está desinteressado pelo entrevistado, mas quando ele se interessa, é imbatível.”

A última entrevista de Lula, recorda o apresentador, foi antes de sua eleição presidencial, em 2002. Depois de eleito, escândalos de corrupção envolvendo petistas, como o mensalão, o desencantaram. “Não direi que o Lula sabia ou não. Mas podia ter tomado uma posição mais forte, mais exigente…”

Outra quem lhe deve uma visita é a presidente Dilma Rousseff. “Ela foi ao programa como ministra. Logo depois da eleição, falei com uma assessora, que me disse que ela estava priorizando as jornalistas mulheres.”

Exibido, claro

Admirado por uns e rechaçado por outros, Jô Soares admite já ter falado mais do que seus entrevistados.

“Eu corrigi isso. Mas não era exibicionismo. Como todo artista, sou exibido, claro! Eu entrava em discussão com o convidado. Ficava entusiasmado e não me segurava.”

“No Brasil, há pouco talk show. É a melhor forma de voyeurismo: ficar olhando duas pessoas conversando sobre coisas que tem que ser interessante”, afirma ele, que, embora avesso a redes sociais, considera seu programa um imenso Twitter.

Segundo ele, a liberdade editorial é cláusula indispensável para sua atração. “No meu programa nunca existiu [jabá, prática de fazer entrevista em troca de dinheiro]. Isso polui a credibilidade!”

Ele também evita subir em palanques políticos. “Acho que a posição correta para o artista é o de anarquista, no sentido de não se engajar politicamente por esse ou outro candidato. Para estar sempre pronto para a crítica.”

E o que Jô Soares espera dos próximos anos? “Muitas entrevistas! Não vou cansar tão cedo. O artista só se aposenta quando quer ou quando está gagá”, dispara.

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“Devo meu programa de entrevistas a Silvio Santos”

Comemorando em 2013 25 anos à frente de “talk show”, Jô Soares, 75, inverte o papel e concedeu uma entrevista à Folha.

No bate-papo fala sobre redes sociais, rejeita aposentadoria, comenta casos de corrupção no governo Lula e revela sua gratidão por Silvio Santos.

O que levou você, há 25 anos, trocar o sucesso como humorista na Globo para virar entrevistador?

Jô Soares – Não troquei o humor. Apenas deixei de fazer programas de quadros depois de 17 anos, com mais de 200 personagens criados. Chega uma hora que você começa a achar repetitivo, apesar de me divertir muito. Sempre tive vontade de apresentar um programa de entrevistas, achava que podia fazer desde que trabalhei com o Silveira Sampaio (1914-1964), onde fazia entrevistas externas e em outras línguas.

Assisti a uns programas Tonight Show, com o Jack Paar, depois com o Johnny Carson e percebi que todos os cabeças desses talk show eram comediantes, porque era um programa de humor, tem também humor, com a vantagem de poder ter entrevistas sérias, que chamamos de utilidade pública.

É muito chato entrevistar apenas um deputado e um senador sem que haja uma motivação. Mas quando acontece um mensalão, fazemos o quadro “As Meninas do Jô”. Quando aconteceu o caso do impeachment do Collor, falavam que havia CPI de dia no congresso e CPI do Jô à noite.

Como foi a decisão de trocar a Globo pelo SBT?

J.S. – Eu achava que era o momento de fazer isso. Na época, não havia espaço para um programa de entrevistas na Globo. O Boni achava que não havia espaço, apesar de ele ser um fã desse tipo de atração. Fizemos uma tentativa, com um programa chamado “Globo Gente”, mas era em plena ditadura, esse tipo de programa não pode ser feito com censura, como vai mandar as entrevistas antes? Não dá! O programa não teve perna longa.

Quando achei que tinha de fazer, recebi uma proposta do SBT, juntamente com um programa de humor. O que me levou para o SBT foi a possibilidade de fazer programa de entrevistas. Graças a Deus, eu estava certo. Saí muito bem da Globo, de portas abertas, tanto que 11 anos depois, pude voltar e retornei com muita alegria. Também quando saí do SBT, o Sílvio Santos disse que se algo não desse certo, eu poderia voltar, que as portas estavam abertas, mas que ele sabia que daria muito certo.

Até brinquei com ele: “Por que você não vai comigo também?”. E ele disse: “Acho que não é uma má ideia”. (risos) Tanto é que vai ser lançado um DVD com os 25 anos de entrevistas. Numa parceria Globo e SBT, com entrevistas do primeiro ano até agora. Esse tipo de parceria é benéfica, não que houvesse essa intenção, mas o programa ficou uma espécie de registro da história do Brasil desse período.

Nesses 25 anos, mudou muito o perfil dos entrevistados?

J.S. – Vão mudando os entrevistados e, quando volta um convidado, retorna para falar de outra coisa. Como é um programa que vive de convidados, ele está sempre se renovando. Não se preocupa em mudar a abertura ou o cenário, você faz pequenos ajustes. É um programa que vive do dia a dia. Às vezes você lamenta de pessoas que passam pelo Brasil, mas não passam na época de gravar. No possível, a gente se preocupa em estar pesquisando, se atualizando e atendendo a muitas sugestões de pautas.

Tem gente que tem sugestões de pessoas desconhecidas, que se transformam em sucesso. O programa não tem censura, não tem limite, não tem barreira. Ele só existe nesse formato, de total liberdade. Fico muito gratificado pela confiança que eu adquiri de poder resolver editorialmente o que é dito no programa. Isso não é dado para qualquer pessoa.

Há uma confiança por causa dos 25 anos de entrevistas e 53, 54 anos de profissão. Só vou contar quando chegar aos cem… (risos).

Quais foram as entrevistas mais marcantes e quem você não conseguiu entrevistar?

J.S. – Isso é difícil. Em entrevistas marcantes você pode botar o Roberto Carlos, o Chico Buarque, mas tem que botar também o gago que se candidatou a vereador… pessoas desconhecidas que foram um sucesso. Espero que a entrevista mais marcante seja sempre a próxima. São mais de 13 mil entrevistas.

Tem umas que ficaram, que foram históricas, como a do Luís Carlos Prestes, porque criamos uma intimidade durante a conversa que eu nunca tinha visto nada parecido em entrevistas dele. Acho que isso acontece pelo tratamento de você que eu dou a todo mundo. “Você” não é um tratamento de desrespeito.

Não posso, num programa em que entrevisto do presidente da República a um sapateiro, tratar um de senhor e outro de você. No Brasil, o tratamento de senhor é dado não por respeito, mas por uma diferenciação de classe social. Falta de respeito não tem a ver com o pronome de tratamento, basta ver na Câmara dos deputados que eles se tratam de “filha da puta”, de “Vossa Excelência, o canalha”… Esse achado, que foi uma coisa espontânea, foi muito importante para o programa.

Falando de convidados repetidos, o cartunista Ziraldo foi entrevistado 20 vezes, Lula e Caetano Veloso outras 13 vezes cada um. Sente que cada entrevista acrescentou algo novo?

J.S. – Sempre, o Ziraldo é um querido amigo, Cada vez que vem, tem uma coisa diferente para dizer. Tem um nível de inventividade incrível. O Caetano também! Cada assunto que ele aborda, acaba criando uma polêmica ou um interesse por algo totalmente inesperado.

Não é algo limitado a apresentar um CD. O Lula foi entrevistado 12 vezes antes de ser eleito presidente, em 2002. Na época, evidentemente, nós todos torcíamos para ele. Tínhamos a maior admiração pelo caminho do Lula. Ele até ligou e disse que ia dar sorte, porque ia ser a 13ª entrevista e 13 é o número do PT. Até falei para várias pessoas que, de todos os candidatos, foi ele quem melhor falou sobre cultura.

Logo depois de eleito, parece que a postura em relação à cultura não foi o que se esperava. Ele falou que ler é como andar na esteira, é chato, mas todo mundo tem que fazer, que já dormiu em algumas óperas… Até ai, tudo bem, mas quando começou a surgir um lado de corrupção do PT, de pessoas envolvidas que eu respeitava e de quem eu era amigo, isso me deu um desencanto, que foi o que aconteceu com muita gente que torcia pelo Lula.

Qual era o grande fenômeno que se esperava, qual a grande bagagem que vinha com o PT? Uma bagagem de limpeza, de honestidade, de terminar com a corrupção. Quando se vê um esquema assim tentacular de corrupção, como aconteceu com o mensalão… Não vou dizer que o Lula sabia ou não. Mas ele poderia ter tomado uma posição mais forte, mais exigente… mas tudo bem, cada um pensa de um jeito.

Quando eu vejo agora vem essa blogueira de Cuba (Yoani Sánchez) e tem manifestantes do PT se manifestam contra a liberdade de expressão, é uma coisa louca. Você pode até se manifestar a favor da pena de morte, contra ou a favor do aborto, mas contra a liberdade de expressão não entra na minha cabeça. Um partido que sofreu com restrição a sua liberdade, o Lula sofreu com isso, e uma ala do PT faz isso, inclusive sendo combinado com a embaixada de Cuba? É engraçado, são coisas que fazem sua cabeça mudar. Porque é evidente que todo mundo foi a favor do Fidel Castro, daquela revolução.

O Che Guevara foi o nosso grande ídolo. Lembro-me de quando teve o golpe de 1964, que a gente teve de se livrar de bibliotecas inteiras, jogávamos na lagoa do Ibirapuera dentro de malas, e as malas ficavam boiando antes de afundar… Foram 13 entrevistas e depois que o Lula foi eleito presidente, cheguei a combinar um novo bate-papo com ele, que, muito pesarosamente, tive que desmarcar, porque ele prometeu uma exclusiva comigo na segunda, e marcou uma no domingo com o Ratinho.

Eu tenho a maior admiração com o Ratinho, podia ser qualquer pessoa, mas se você promete uma exclusiva na segunda, não vai dar uma no domingo…

Como você se define politicamente?

J.S. – Como sempre me defini. O único palanque eu subi foi o das Diretas! Nunca subi no palanque de candidato nenhum, porque acho que a posição correta para o artista é o de anarquista, não o de jogar bomba, mas no sentido intelectual…

De não se engajar politicamente por esse ou outro candidato. Para estar sempre pronto para a crítica. Agora, então, no caso do PT ficou mais que comprovado. Evidentemente que eu torcia pelo PT, mas nunca subi num palanque porque sempre acho que há a possibilidade de você ser responsabilidade por ter ajudado aquele candidato. Não quero que o cara esteja em casa e diga: “Porra, votei no fulano por causa desse gordo filho da puta”. (risos)

O programa sempre abriu espaço para debates políticos, como o impeachment do Collor e o mensalão.

J.S. – Sempre. Eu digo que o programa é uma tribuna. Fica aberto a tudo. A presidenta Dilma Rousseff está me devendo uma entrevista.

Quando ela era ministra, a entrevistei. Logo depois da eleição, liguei e falei com uma assessora, e ela disse que primeiro a Dilma estava priorizando todas as jornalistas mulheres. Agora, no começo do ano, vou voltar a cobrar a entrevista.

Nos últimos anos, o gênero talk showganhou mais importância no Brasil. Como você enxerga a concorrência de programas como o Agora É Tarde(Band), De Frente com Gabi(SBT) e Luciana by Night(RedeTV!)?

J.S. – Olha, eu acho ótimo. Nem considero como concorrência, mas como abertura para um gênero diferente, que tem no mundo inteiro. Tem pouco “talk show” no Brasil, pouco bate-papo. É a melhor forma de voyeurismo: ficar olhando duas pessoas conversando sobre coisas que tem que ser interessantes.

Tem uma frase do Johnny Carson do livro Tonight que define bem: “Para mim o talk show é a respeito da pessoa que está atrás da mesa e do convidado que está do lado, não interessa se é num submarino ou debaixo d’água.

Sua figura polariza bastante a opinião das pessoas, uns gostam, outras o consideram elitista, dizem que você fala demais. Como você enxerga esse contraste?

J.S. – É absolutamente normal. Como dizia Nelson Rodrigues, toda a unanimidade é burra. Tem que ter, claro. Teve uma época que diziam que eu falava mais que o entrevistado. Eu corrigi isso, que era verdade, mas era verdade não por uma razão de exibicionismo.

Como todo artista, eu sou exibido, claro! É que eu entrava em discussão com o convidado. Eu ficava entusiasmado e não me segurava. Isso tem anos que já não é mais assim. A Folha uma vez fez uma matéria comparando e mostrando isso. (risos)

Como conduzir uma entrevista que na hora não rendeu?

J.S. – Isso quando acontece de vez em quando.. Eu tenho ficado muito mais satisfeito, pelas nossas avaliações no último ano, o programa deu uma crescida. Mas é sorte. Às vezes, você leva um convidado que você tem certeza que vai render muito e não rende.

Não tem um botão ejetor, para mandar o convidado embora. Tem convidados que você diz, meu Deus, essa pessoa é totalmente alfandegária, ela não tem nada a declarar… às vezes a pessoa é ótima na pré-entrevista, mas senta lá e trava e o contrario também acontece.

Tem gente que quer muito ir ao programa, na pré-entrevista fala muito bem, mas depois só fala coisas interessantes para ela. Cada vez mais somos mais rigorosos na pré-entrevista, que, por si só, não garante a participação no programa.

Como fazer um talk shownum momento em que as pessoas utilizam as redes sociais para falar o que pensam?

J.S. – Acho que soma. Um talk show é um imenso Twitter, Facebook. As pessoas vão lá para falar. Eu não tenho Twitter nem Facebook, para que eu vou ter se eu tenho um programa cinco vezes por semana de uma hora e meia. São ferramentas importantes para as pessoas dizerem o que pensam.

Terem direito a falar bobagens, não entender do que está falando… é um direito de todo mundo.

Como fugir do jabá (dinheiro pago para entrevistar alguém ou divulgar um trabalho)?

J.S. – No meu programa nunca existiu! Isso polui inteiramente a credibilidade do programa. Por isso, tenho a liberdade de entrevistar qualquer um, sobre qualquer assunto. As pessoas sabem que não pagaram. Sei que tem pessoas que, às vezes, dizem que se pagar tanto conseguem levar no Programa do Jô, mas isso é mentira!

No ano passado, houve uma polêmica com o Caio Blat, que, durante uma palestra, citou seu programa como um caso de pagamento de jabá ligado à divulgação de filmes da Globo Filmes.

J.S. – Exatamente! E depois ele se retratou. Dizendo que no meu caso não tinha havido isso. E não houve. O artista só vai não só pelo interesse do filme, mas pelo interesse do artista. Eu fiquei indignado, inclusive porque o Caio já foi ao programa.

O humor que conhecemos na TV mudou muito. O que você acha do humor atual e pensa que, se tivesse seguido no gênero, também estaria saindo do ar como Renato Aragão e Casseta & Planeta?

J.S. – Eu sei que não faria o tipo de humor de quadrinhos que eu fazia há 25 anos. O programa eu eu faço hoje em dia não tem camisa de força. Posso fazer entrevistas, quadros. Sem citar outras atrações, tem algumas coisas ótimas na TV, outras chatas.

Não é questão de ser vulgar ou não, esse critério para mim não existe, humor não tem limite. Tem comediantes, homens e mulheres, que durante uma geração não surgiram. Depois começou com Luiz Fernando Guimarães, etc.. Acho que tem uma onda de novos comediantes como o Marcelo Adnet, o Leandro Hassum, o Fábio Porchat, o Marcos Veras e as meninas todas, que são muito talentosos. Que fazem um humor novo. Quando o humor é bom, ele é novo.

Você não pode vetar um personagem porque ele é de mau gosto. Para mim o critério é que algo seja engraçado, que eu ria assistindo.

Especificamente com você, em 2011, houve a paródia do Pânico, o Jô Suado. Por que a caricatura não te agradou?

J.S. – Me agradou muito. Eu achava ótimo. E o Carioca sabe disso. Ele foi me procurar junto com o Eduardo Sterblitch, outro humorista excelente, no Risadaria. Foi vestido de Jô Suado me perguntando se eu ficaria chateado se ele fizesse o personagem. Eu disse que, em primeiro lugar, humorista não pede permissão para ninguém; em segundo lugar, eu achava ótimo, uma homenagem. Como o Tom Cavalcante também fez.

A única coisa que ele não entendeu e ele se fez de sofrido é que queria que eu desse uma entrevista e eu não queria. O Carioca se aproveitou disso como um gancho para fazer uma onda sobre aquilo.

A aposentadoria já lhe passou pela cabeça?

J.S. – Nunca. Isso não existe, o artista só se aposenta quando ele quer, está cansado ou gagá. Eu não vou cansar tão cedo. Eu cito sempre como exemplo a Bibi Ferreira, que eu tive o imenso prazer de dirigir. Certa vez, ela chegou a ter dúvidas se continuava ou não.

O artista só se aposenta quando quer. Tanto que ela vai fazer 91 e está em turnê pelo Brasil. É uma criança. Passa muito longe da minha cabeça. E outra, eu não tenho hobby. Geralmente, a pessoa se aposenta para se dedicar a um hobby.

O meu é o que eu faço, que eu me divirto fazendo. A TV, em primeiro lugar, depois dirigir teatro, pintar, tocar de vez em quando…

Qual a sua relação com o Silvio Santos?

J.S. – De muita gratidão. Eu não falo com ele há algum tempo, mas é a pessoa a quem eu devo a oportunidade de ter feito o programa de entrevistas.

E digo mais: foi ele quem sugeriu fazer programa diário. Eu pensava em semanal, de duas horas e meia. Ele disse que tinha que ser diário senão não ia colar.

Ele é um convidado que você gostaria de entrevistar?

J.S. – Muito! O Silvio é um convidado que eu não consegui entrevistar e sei que não vou conseguir nunca, mas que daria uma entrevista extraordinária.

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[Alberto Pereira Jr., da Folha de S.Paulo]