Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Chavismo está perto de dominar televisão

Durante seus 14 anos de governo, Hugo Chávez teve como foco os quatro maiores canais de notícias privados do país, tendo fechado um deles e cooptado outros dois para neutralizar qualquer cobertura crítica ao seu governo. Um deles, a Globovisión, conseguiu sobreviver, mas parece que seus dias estão contados.

Guillermo Zuloaga, que tem o controle do canal de notícias 24 horas, disse que após a eleição venderia a Globovisión para Juan Domingo Cordero, executivo da seguradora La Vitalicia. De acordo com analistas, a seguradora tem vínculos estreitos com o governo. Em carta aos funcionários enviada no mês passado, Zuloaga disse que uma campanha de anos empreendida pelo governo estrangulou a emissora. “Nossa receita não cobre nossas despesas”, disse Zuloaga, que deixou o país em 2010 para escapar de uma série de acusações. “E, politicamente, também estamos numa situação inviável, pois estamos num país completamente polarizado e do lado oposto a um governo todo poderoso que deseja nos ver falidos.”

Em fevereiro, Caracas proibiu que a Globovisión se juntasse às onze emissoras que mudaram suas transmissões de analógicas para digitais – as transmissões analógicas serão gradativamente abolidas em todo o país. A licença do canal expira em 2015 e os seus diretores lembram como outra rede crítica de Chávez, a RCTV, foi fechada porque o governo se recusou a renovar sua licença de transmissão em 2007.

Jornalismo incômodo

O antagonismo da Globovisión com governo tem origem no golpe que destituiu Chávez por um curto período em 2002. A emissora, com outros canais de TV, promoveu protestos nos dias que antecederam o golpe e comemorou a destituição de Chávez. Além disso, deixou de cobrir as manifestações que devolveram Chávez ao poder.

Desde então, câmeras foram espancados na rua e um apresentador levou um banho de urina. Jornalistas são impedidos de participar de entrevistas coletivas do governo ou entrar em prédios públicos. O governo iniciou 10 investigações sobre violações de leis de imprensa e a emissora foi obrigada a pagar uma multa de US$ 2,2 milhões pela cobertura de um motim em uma prisão. “Se o jornalismo independente é incômodo numa democracia, imagine o que é para um governo como o de Chávez, que agora pertence aos seus herdeiros”, afirmou a diretora da Globovisión María Fernanda Flores.

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Juan Forero, do Washington Post