O governo pretende fazer ao menos uma alteração importante no decreto que trata da digitalização dos canais de TV. A ideia é manter canais analógicos operando no país mesmo após 2018, atual prazo limite para digitalização.
“Pode ser que depois disso [2018] alguns continuem analógicos”, afirmou à Folha o ministro Paulo Bernardo (Comunicações).
“Os Estados Unidos mantiveram 45% dos canais nesse formato. Isso onde não havia problema de espaço, onde não atrapalhava ninguém”, acrescentou.
A alteração, portanto, deve afetar apenas regiões mais afastadas dos grandes centros e em que a disputa dos canais por espaço é menor.
A medida facilitaria a transição de modelos para a população mais carente dessas regiões, que teriam de comprar ou receber do governo aparelhos que façam a conversão para sinal digital.
O processo de digitalização está previsto para começar em 2015, Estado por Estado.
Leilão
O governo também pretende leiloar uma nova faixa de frequência para encaixar canais de TV aberta. O modelo hoje prevê que os canais que vão do 7 ao 13 ficariam vazios após a digitalização. Eles estão em uma faixa de transmissão (VHF) que não permite assistir ao canal por meio de um celular.
Segundo Paulo Bernardo, está em estudo um novo leilão para essa faixa, a ser realizado depois da digitalização dos canais analógicos.
“Nossos técnicos acham que o VHF será excelente para fazer televisão. Pega bem, o sinal vai longe e precisa de pouca infraestrutura”, disse.
Mesmo que, até a data do novo leilão, a evolução tecnológica não tenha resolvido o problema da transmissão desses canais para aparelhos móveis, o governo acredita que a demanda do setor será grande.
“Imagina São Paulo, depois da digitalização? Todo o espaço estará lotado. Se eu disser: tenho mais sete canais', vamos ter uma procura extraordinária. As pessoas vão disputar a tapa. Essa faixa é um grande filé.”
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Júlia Borba, da Folha de S.Paulo