Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Sem medo de perder para a internet

“Ladra” de telespectadores da TV, a internet não parece ser um temor para a BBC. A principal rede de televisão do Reino Unido tem investido no conteúdo online sem se importar com a migração para celular, computador ou tablet. “Não estamos preocupados em ter audiência em uma plataforma específica. Sabemos que a maioria está migrando para o online, esse número está crescendo. Mais pessoas estão assistindo e é isso que importa para nós”, sentencia Daniel Heaf, diretor de mídias digitais da BBC Worldwide – braço comercial da emissora exibida fora do país-sede –, que veio a São Paulo para falar hoje (4/6) no Fórum Brasil de Televisão.

Heaf diz que o fato de o público ver o material da rede em outros dispositivos e sob demanda é uma consequência do cotidiano. “Não vemos essa tendência como algo discrepante. Temos uma audiência alta no Reino Unido. Há alguns programas diários, o que torna mais difícil as pessoas terem tempo todos os dias de assistir no mesmo horário. Por isso, você os atrai pela internet”, disse ao Estado.

De acordo com o britânico, há intenção de fazer com que o material veiculado na TV incentive os internautas. “Conteúdo de qualidade é conteúdo de qualidade. A divulgação do que passa na TV acaba levando as pessoas para o online. Por exemplo, (a série) Doctor Who, que vai muito bem nos EUA e no Brasil, as pessoas sabem que ela existe porque viram na TV, mas consomem de outra maneira.”

“Há muitas razões para não haver comerciais”

O executivo afirma que o portal da BBC tem hoje 65 milhões de acessos mensais e que há diferentes times de produção de vídeos especificamente para a internet. “Temos equipes que trabalham só para o YouTube e outros especialistas para a internet. E ainda estamos pensando em produzir conteúdo para mídias específicas”, explica. O iPlayer, como é chamado o ícone por onde o público acessa as rádios e canais da BBC, está presente nos videogames Xbox e Playstation 4.

Apesar de não citar nenhum comportamento específico do público brasileiro da BBC, Heaf revela que há planos de investimentos aqui. “No Reino Unido, há canais 24 horas acessíveis pela internet. Estamos planejando fazer vídeos ao vivo para o Brasil e a América Latina.”

A BBC que vai ao ar para os britânicos não veicula anúncios por ser mantida com impostos e dinheiro vindo dos canais derivados da matriz e dos exibidos internacionalmente, por meio de TV por assinatura. Heaf desconversa sobre a necessidade de abrir espaço para publicidade para a manutenção do modelo de negócio. “Acho que ainda vai funcionar por muito tempo. A BBC é muito amada no Reino Unido e há muitas razões para não haver comerciais. A BBC Worldwide está crescendo rapidamente a cada ano. O nosso conteúdo é levado por ela, isso faz com que possamos reinvestir na BBC UK. Não temos falta de confiança.”

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João Fernando, do Estado de S.Paulo