Quantas vezes a televisão norte-americana já foi copiada em todos os sentidos
possíveis, pelo fato de ser a mais desenvolvida do mundo? Seria possível contar
quantas cópias, plágios e adaptações autorizadas de programas americanos já
apareceram na TV brasileira?
Primeira resposta: inúmeras. Segunda resposta: não, pelo fato de terem sido
muitos os programas americanos clonados no Brasil. Vide o dublê de animador e
empresário Sílvio Santos, cujos programa são em grande parte versões de
originais americanos. Exemplos: o Roda a Roda nasceu a partir do Wheel
of Fortune; o original de Qual é a Música? é Name That Tune;
Show do Milhão, uma cópia de Who Want’s To Be a Millionaire?.
Também é possível mencionar o Passa ou Repassa, que jamais teria
aparecido se não fosse o Double Dare, do canal Nickelodeon dos EUA.
Em se tratando de jornalismo, o SBT também teve padrões transplantados dos
Estados Unidos, como o telejornal Noticentro – exibido de 1981 a 1988 e
cujo nome deriva do termo Newscenter, usado em vários títulos de
telejornais americanos até hoje.
Mas houve quem conseguisse realizar uma ‘adaptação’ ainda mais fiel de
programa norte-americano do que aquelas proporcionadas pela rede de Silvio
Santos. Simultaneamente, houve também a confirmação de que a relação da Rede
Record com a marca Fox vai além da co-produção da série
Avassaladoras.
Desde 2 de agosto de 2004 é exibido na tela da Rede Record um programa que
estreou cercado de grandes expectativas e ganhou rótulos enaltecedores como o de
‘nova forma de fazer jornalismo’. Trata-se do jornalístico Tudo a Ver,
comandando pelo experiente Paulo Henrique Amorim e uma equipe de colunistas dos
mais variados assuntos.
A proposta do programa é a de fazer um jornalismo descontraído, com ênfase
nas pautas de variedades e entrevistas, além da presença diária de um cozinheiro
ensinando receitas diferenciadas para o público. Ou, como diria o sítio oficial
da Rede Record, ‘uma revista eletrônica conversada, informativa, ágil e bem
humorada, sem perder a credibilidade do jornalismo Record’. Juntamente com o
factual do dia, o programa também inclui colunas sobre comportamento,
celebridades, saúde, público infanto-juvenil e de terceira idade – uma tática
para atingir públicos diversos e demograficamente diferentes, simbolizando o
conceito de ‘revista eletrônica’.
O tom dos apresentadores se caracteriza mais como uma conversa entre amigos,
sem a sisudez característica dos telejornais. Logo que lançado, Tudo a
Ver caiu no gosto do público pelo pretenso ineditismo do seu formato – algo
considerado quase revolucionário na TV brasileira, bem como no nosso
telejornalismo como um todo. Entre as novidades implementadas pelo Tudo a
Ver estava a modelo Ana Hickmann, que inaugurou uma lista de ‘primeiras
vezes’ lançada pelo programa. Pela primeira vez, uma modelo de primeiro escalão
em atividade fazia uma coluna de moda em um programa jornalístico. Pela primeira
vez havia uma cozinha no cenário de um telejornal. Pela primeira vez,
não-jornalistas se tornaram personagens principais de um informativo. Pela
primeira vez, uma produção jornalística de TV aberta usava a técnica das
manchetes correndo no rodapé do vídeo, o ticker tape.
A plástica também chamou a atenção desde o começo. Um cenário com paisagens
brasileiras semicoberta por placas transparentes e cores vibrantes nos gráficos
formam a identidade do programa.
Características comuns
Todos esses ingredientes cativaram o público, que passou a encarar os
apresentadores como colegas, tamanha a identificação com o programa. Logo que
lançado, o ‘noticiário suave’ da Rede Record fez o policialesco Cidade
Alerta ser encurtado em uma hora e, com o passar do tempo, foi crescendo na
grade de programação até tomar por completo o espaço do noticiário então
apresentado por Marcelo Rezende. (Fazer o Cidade Alerta desaparecer era
uma meta da rede, em função das fortes críticas sofridas pelo teor do telejornal
policial.)
Em outubro de 2004, dois meses após a estréia, Patrícia Maldonado passou a
ocupar a vaga de Janine Borba na bancada ao lado de Paulo Henrique Amorim, e
permanece no programa até hoje. Sucesso com os telespectadores e reverenciado
pelos seus pares, Tudo a Ver marca médias em torno dos 6 ou 7 pontos no
Ibope da Grande São Paulo – em dados momentos chega a ficar em segundo lugar, na
frente do SBT. Vencedor, Tudo a Ver sempre foi visto como uma criação da
Rede Record.
O que quase ninguém sabe é que essa proposta considerada tão inovadora – e
geradora de dividendos para a rede do bispo Edir Macedo – não poderia ser
classificada exatamente como ‘autêntica’. Tampouco como ‘original’. O Tudo a
Ver da Rede Record nada mais é do que a versão brasileira de um equivalente
norte-americano, o Good Day Los Angeles, transmitido pela rede aberta Fox
na segunda maior cidade dos Estados Unidos através da KTTV-TV, canal 11, uma das
suas emissoras locais.
O programa tem três horas de duração e vai ao ar nas manhãs de segunda a
sexta, das 7h às 10h. E as semelhanças com o Tudo a Ver saltam aos olhos. A
começar pelos fatores artísticos. A Rede Record definitivamente se esmerou em
reproduzir ao pé da letra a estética do jornalístico estadunidense. A logomarca
americana também é um retângulo dividido em três seções. A primeira, a
centro-esquerda, em transição de azul para laranja com a marca ‘Fox’. A segunda,
à direita, branca e com o número ’11’. E a terceira na base, preta, com o título
‘Good Day LA’ e um sublinhado vermelho.
Tal e qual ao utilizado pelo Tudo a Ver. O cenário original possui a
mesma temática de situar placas transparentes e onduladas na frente de fotos de
paisagens locais. A vinheta de abertura também não foi poupada. A original da
Fox do mesmo modo contém imagens retangulares em deslocamento lateral alternado,
mostrando cenas dos apresentadores conversando e rindo – da mesma forma que
Paulo Henrique Amorim, Luciano Faccioli e Patrícia Maldonado o fazem na abertura
brasileira. As cores azul, vermelha e amarela são a base para os títulos e
gráficos na tela na versão americana.
O tema musical ‘descolado’ do Tudo a Ver é outra noção derivada do
Good Day LA. Com a diferença de que o tema americano se caracteriza mais
marcantemente como um rock, ao passo que o brasileiro é um ‘pop eletrônico’. Até
uma defesa localizada entre a bancada e o cenário da Fox foi reproduzida. Com
relação a estas semelhanças todas, uma fonte da Rede Record que pediu para não
ser identificada revelou que existe dentro da emissora uma recomendação velada
para não se propagar a noção de que o programa Tudo a Ver é uma cópia.
‘Aqui dentro, as pessoas sabem disso, mas procuram não comentar’, afirmou.
Também foram características encampadas pela Record a participação constante
de um repórter no helicóptero SkyFox mostrando a situação do trânsito em Los
Angeles, e as receitas gastronômicas da chef Jamie Gwen – aqui emplacadas
primeiramente por Edu Guedes e depois por Olivier Anquier.
Serviço completo
Não foi apenas o aspecto artístico do Good Day LA que determinou o
nascimento do Tudo a Ver, da Rede Record. A fórmula da concepção se deu
com a união de valores de produção marcantes com um jornalismo pontuadamente
descontraído. O molde original da Fox também se apóia no chamado ‘infotenimento’
– os assuntos não-factuais e inclinados para a editoria de variedades, como
moda, música e cinema, já que ‘Hollywood é logo ali’.
Não versão americana, as notícias sobre o ‘mundo das estrelas’ são parada
obrigatória todos os dias em entrevistas com atores famosos e grupos musicais,
bem como assuntos pouco convencionais para a faixa matinal como ‘restaurantes
afrodisíacos para o Dia dos Namorados’ (que nos Estados Unidos se comemorou no
sábado, 11/2). Tudo isso misturado com um bate-papo natural e até engraçado
entre os apresentadores.
Da mesma forma que o Tudo a Ver, há um grande volume de pautas de
prestação de serviço. Por exemplo, em algumas edições do programa
norte-americano veiculadas em fevereiro, predominaram no roteiro assuntos como
adoção de animais e como fazer refeições naturais para filhos pequenos. A
descrição oficial da Fox Los Angeles para o programa é de um jornalístico com
‘as últimas notícias, previsão do tempo, trânsito, fofocas do entretenimento e
todos os tipos de dicas. Você nunca sabe o que esperar. E, de vez em quando, nem
nós’.
Mas como todo jornalístico que se preza, Good Day LA também tem
cadeira cativa para o factual do começo de manhã. E o faz com competência. No
ano passado, na versão local para Los Angeles da premiação do Emmy (tido como o
Oscar da TV americana), a KTTV foi premiada com nove estatuetas e duas delas
foram para o Good Day LA – uma delas pela ‘melhor cobertura de evento
jornalístico não planejado’. Neste caso, a transmissão ao vivo pelo programa de
uma perseguição no trânsito de Los Angeles, quando a colisão de dois veículos
resultou em morte. O outro Emmy foi referente à produção das chamadas do
programa.
O ato de a Rede Record lançar um programa igual merece destaque, na medida em
que é considerado sem precedentes em se tratando de telejornalismo no Brasil.
Pelo menos nos últimos tempos. Idéias estéticas já foram copiadas por
telejornais brasileiros, conceitos editoriais idem. Mas desta vez, a fotocópia
teve serviço completo.
‘De jeito nenhum’
Este Observatório procurou em Los Angeles o colunista de televisão Ron
Fineman. Tido como especialista no jornalismo local daquela cidade, Fineman
lançou na internet o sítio On The Record, onde faz críticas a
telejornais e aponta erros e inconsistências no modo pelo qual as notícias são
transmitidas para o telespectador. E o tempero deste jornalista consiste em uma
dose de sarcasmo ao apontar de disparates significantes até gafes mínimas
cometidas pelas emissoras de televisão.
Na edições recentes de fevereiro, os assinantes da página de Fineman
acessaram pautas ilustradas por manchetes como ‘Laura Diaz da KCBS ilustra
reportagem como exclusiva, mas aparentemente não era legítima’; ‘Na KCOP, Lauren
Sanchez afirma não ser familiarizada com evento de premiação. E olha que ela é
repórter de entretenimento’; e até ‘Âncoras da KCBS chamam ator Ben Affleck de
‘enfleck’’.
Ron Fineman passou a maior parte da carreira como repórter e produtor
jornalístico em Los Angeles, mas chegou a ocupar também a posição de editor e
diretor de jornalismo em emissoras de outras cidades da Califórnia. Atendendo ao
pedido do Observatório, o jornalista comentou as semelhanças entre o
Good Day LA e o Tudo a Ver. Fineman assistiu ao jornalístico
brasileiro pela Record Internacional e conclui que a rede de Edir Macedo poderia
– em termos – estar livre de ser acionada judicialmente, levando em conta que,
apesar de tudo, os formatos não são integralmente idênticos. Um aspecto que
ilustra isto é o fato de o produto americano ter três apresentadores fixos e o
brasileiro apenas dois. ‘Eu não chamaria o Tudo a Ver de plágio. As
pessoas tomam idéias da TV americana o tempo todo. E dentro da TV americana,
também’.
Com relação às marcantes semelhanças visuais, Fineman pensa que a Record
também estaria isenta de responsabilidades jurídicas pelo fato de a Fox Los
Angeles não ser oficialmente dona da imagem institucional do Good Day LA.
‘Não sou advogado, mas sabe-se que a KTTV não chega ao ponto de ser proprietária
da estética ou das cores dos seus programas’, minimiza. Com relação ao fato de a
Rede Record nunca ter deixado claro que o programa e seu conceito não foram
criações originais suas, Fineman entende que a rede pode estar querendo
subentender a autoria original. ‘Se eles realmente se classificam como donos do
programa, isso é uma grande bobagem. Mas se eles admitirem o contrário, não
seria problema’, disse. ‘Eu penso não haver problema em usar algo que está dando
certo em outro lugar. Assim que as coisas o são nos Estados Unidos.’
Na mesma entrevista, o colunista deu uma prova do sarcasmo característico do
trabalho que desempenha em On The Record. Fineman não poupou o fato de a
apresentadora Patrícia Maldonado eventualmente usar blusas justas enquanto está
no ar. ‘Com as apresentadoras daqui vestidas de maneira conservadora, fica
difícil notar a semelhança entre os programas’, brincou.
O Observatório também procurou o diretor de jornalismo da Fox Los
Angeles, Jose Rios. O jornalista é responsável por todos os telejornais
produzidos pela emissora, incluindo o Good Day LA. Rios explicou que por
causa da natureza do assunto, para falar dependia de uma autorização do
departamento nacional de relações com a imprensa da rede Fox, que não foi
possível ser concedida. Entretanto, sabe-se que tanto Rios quanto a Fox Los
Angeles estão a par da existência do programa Tudo a Ver e das
semelhanças em questão.
John Franzel, gerente nacional da rede Fox para relações com a imprensa
alegou ao Observatório que não poderia comentar nada neste momento por
ainda não ter tido a chance de avaliar edições inteiras do Tudo a Ver.
A Rede Record foi procurada para esclarecer como foi implantado o seu
programa jornalístico. Num primeiro momento, a produção do programa concordou em
conversar sobre o assunto, mas depois voltou atrás. Apenas confirmou que a
concepção do programa foi do próprio Paulo Henrique Amorim. A assessoria do
jornalista disse que Amorim não falaria ‘de jeito nenhum’ sobre este assunto por
hoje estar trabalhando no programa Domingo Espetacular. Uma solicitação
foi enviada ao diretor artístico Hélio Vargas, tido como co-implantador do
Tudo a Ver. O executivo também preferiu não responder.
‘Originalidade, ética e respeito’
De todas as características, a lealdade é uma das que mais marcam os
telespectadores assíduos do Tudo a Ver. Para Maurício Chahad, o fato de o
programa ter sido ‘xerocado’ de outro estrangeiro não é digno de maiores
críticas, em função da moda de globalização de formatos de televisão. Chahad é
dono de uma comunidade na internet para fãs do
Tudo a Ver que conta com cerca de três mil pessoas, além de um blog. ‘Eu
já tinha conhecimento do programa também, mas podemos citar outros programas ou
cópias de programas norte-americanos como o ‘gênio’ Jô Soares que imita
descaradamente o David Letterman e seu talk show‘, afirma.
[A inspiração do programa de Jô Soares na realidade foi Johnny Carson e seu
Tonight Show; David Letterman foi lançado por Carson e despontou para o
sucesso estelar na TV americana em 1993, cinco anos após a estréia do Jô
Soares Onze e Meia, no SBT: cenário noturno, banda, caneca e o estilo
mesa-e-sofá foram lançamentos de Carson.]
Quando questionado se é justo para a Rede Record ser aclamada pelo estilo
classificado como vanguardista do Tudo a Ver, Chahad equilibra a balança.
‘É justo o Jô levar a fama pelo programa que ele copiou?’
‘De fato, a crise é de criatividade.’ A frase é do doutor em televisão e
professor da Universidade Metodista de São Paulo, Sebastião Squirra. Para ele, o
fato de o programa Good Day LA ser totalmente desconhecido do público
brasileiro foi usado como escudo para seguir adiante com o plano do Tudo a
Ver. ‘Fox e Record não competem no mesmo mercado’, diz Squirra. ‘Por isso, a
Fox não recorre à Justiça para impedir o programa de ir ao ar. A população não
está atenta a isto, e mesmo os segmentos mais esclarecidos não se incomodam com
este fato, pois sabem que criar programas inéditos é muito difícil.’
Squirra critica ainda o vício das televisões brasileiras em obrigatoriamente
buscar soluções norte-americanas para a sua própria falta horizontes na criação.
‘A apropriação de estilos de programas é sempre constatável, uma vez que nossos
criadores bebem na fonte daquele país toda vez que pretendem produzir um
programa ‘inédito’ e seguro para o negócio televisivo’, diz o professor. ‘Neste
faroeste comunicacional, o ato de reconhecimento da paternidade fica
singelamente em segundo plano.’
Mesmo com o Tudo a Ver sendo um clone, merece crédito a noção de que o
jornalístico ‘foxificado’ da Record colabora para a informação do telespectador.
‘O conceito de autenticidade deve referir-se à originalidade, ética e respeito
nos assuntos e pessoas abordados, fazendo com que, mesmo sendo cópia, o programa
ajude a audiência no seu desejo de entretenimento e, porque não, cultura’, diz
Squirra.
Incertezas no ar
Lançado em 1993 e atualmente apresentado pelo veterano Steve Edwards e pelas
jornalistas Dorothy Lucey (que possui certa semelhança física com Patrícia
Maldonado) e Jillian Barberie, o Good Day LA se revelou mais do que uma
revista jornalística matinal. Tem sido um campeão de audiência para a Fox Los
Angeles. O programa concorre no seu horário de exibição com os jornalísticos
nacionais das grandes redes – tais como Today, da NBC, Good Morning
America, da ABC e Early Show, produzido pela CBS. Existe ainda a
concorrência local do KTLA Morning News, da KTLA-TV, canal 5.
Segundo informações do Instituto Nielsen, o jornalístico da Fox
freqüentemente fica em primeiro lugar na audiência, alternando a medalha de ouro
com a contraparte do canal 5. A razão desse sucesso é o fato de ambos
jornalísticos transmitirem notícias locais na concorrência com as notícias
nacionais das grandes redes. Desta maneira, o público que está saindo de casa às
7 ou 8 da manhã prefere saber o que se passa na região de Los Angeles, em vez de
matérias de interesse mais pulverizado nos concorrentes.
No caso do jornalístico matinal da Fox Los Angeles, parte fundamental de seu
sucesso é a presença do comunicador Steve Edwards. Ron Fineman define o
apresentador como o elo que mantém o programa bem costurado, interconectando a
centrada Dorothy Lucey e a espevitada Jillian Barberie. ‘Ele é muito bem
informado, tem um humor inteligente e rápido e se comunica muito bem com o
público.’ E essa química com o telespectador já rendeu pelo menos sete Emmys ao
apresentador, que também acumula passagens pelas emissoras da CBS e ABC em Los
Angeles, além de ter sido durante a década de 1980 apresentador do conhecido
Entertainment Tonight – programa que fala sobre TV, cinema e celebridades
e que está no ar desde 1981.
O êxito atingido com o formato fez com que o programa se tornasse disponível
nacionalmente para as demais emissoras da Fox. Em 2001, uma segunda edição
diária foi lançada com o nome Good Day Live e nela foram incluídas pautas
com ênfase nacional. Apesar de algum sucesso, a versão do Good Day LA
nacional durou até o ano passado, quando foi cancelado pelo braço de produção de
TV do grupo Fox, a Twenieth Television. A razão foram os índices de audiência,
considerados muito inferiores aos que caracterizam o formato em Los Angeles.
Ironicamente, o Good Day LA também nasceu a partir do sucesso de outro
programa. Mas, neste caso, uma expansão realizada dentro da própria rede Fox. Em
1988, foi lançado com sucesso em Nova York o Good Day New York, pela
WNYW-TV canal 5, a Fox nova-iorquina. A fórmula de concorrer com emblemáticos
jornalísticos nacionais das grandes redes utilizando um forte noticiário local –
e o sucesso disso decorrente – foi o ponto de partida para a exportação do
formato matinal para as diversas emissoras da rede de Rupert Murdoch pelos
Estados Unidos.
A primeira filial foi justamente o Good Day LA, que imediatamente
buscou adotar o referido estilo descontraído e fashion tão característico
da capital mundial do cinema – de sua parte, o Good Day New York
centra-se no chamado hard news. Outras marcas da franquia incluem títulos
como Good Day Philadelphia e Good Day Utah.
Apesar de nem todas as estações locais da Fox usarem o termo ‘Good Day’ nos
seus noticiários locais matinais, eles estão presentes e com força. Em
Washington, por exemplo, a Fox local (WTTG-TV) chega a gerar diariamente 4 horas
de jornalismo matinal, começando às 5h com o Fox 5 Morning News. Em Nova
York e Los Angeles, as emissoras da Fox exibem noticiários locais antes dos seus
‘Good Day’, totalizando também um mínimo de 4 horas de jornalismo ao nascer do
sol.
A notícia local pela manhã é uma das estampas do jornalismo proposto pelo
grupo de afiliadas da Fox, como da mesma forma o são os clássicos noticiários
locais noturnos das 22h – que, apesar de presentes em outras redes, foram
lançados pelas emissoras da Fox antes mesmo do surgimento da rede, em 1986.
Desde a década de 1970, essas emissoras adotaram a faixa das 22h para seus
noticiários como uma maneira de criar uma opção aos telejornais locais das 23n
nas emissoras da ABC, CBS e NBC.
Apesar da repercussão positiva alcançada durante a sua trajetória, o Tudo
a Ver está em vias de ser cancelado. Com a transferência do apresentador
Paulo Henrique Amorim para o Domingo Espetacular, o jornalístico perdeu
força. Os colunistas – que se tornaram uma das marcas registradas do programa –
não tiveram seus contratos renovados e matérias exibidas em outros programas da
Rede Record passaram a ser usadas também no Tudo a Ver. A equipe de
produção foi remanejada dentro da emissora.
A informação que circula nos bastidores é de que o programa sairá do ar após
o carnaval. A Rede Record nega. Caso efetivamente cancelado, Luciano Faccioli,
que entrou no lugar de Amorim na apresentação, deverá ficar apenas no comando do
telejornal local São Paulo No Ar. Patrícia Maldonado deverá ser
aproveitada em outros informativos da casa.
Guerra da audiência
Mudando de assunto, mas continuando na Fox. Durante a primeira semana de
fevereiro, o sucesso do incontestável American Idol fez a rede chegar ao
primeiro lugar com a transmissão de um evento jornalístico também levado ao ar
por ABC, CBS e NBC – feito comemorável, levando em conta que a Fox não tem
divisão de jornalismo nacional.
Na terça-feira (1º/2), o programa de caça a novos talentos musicais marcou
média nacional de 16,2 pontos e participação de 24% na faixa das 20h às 21h. Em
seguida, o discurso o ‘Estado da União’ feito pelo presidente George W. Bush
atingiu média de 6,1 pontos e 9% dos televisores ligados. Em segundo, esteve a
CBS com 5,2 pontos e 8%. Uma mesa redonda que debateu o discurso de Bush, às 22h
na Fox, ficou com 4,6 pontos e 7% de participação. Na segunda posição, novamente
a CBS assinalando 4,1 pontos e 7%, de acordo com dados do instituto Nielsen.
A cobertura do ‘Estado da União’ feita na Fox teve o comando do apresentador
Sheppard Smith, da emissora a cabo Fox News Channel. Já na Fox News, Brit Hume
ancorou a transmissão do discurso.
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Clique
aqui para ver uma comparação entre as logomarcas dos programas Tudo a
Ver e Good Day LA.
Veja
aqui imagens da abertura do Good Day LA.
Confira
aqui imagem dos apresentadores Steve Edwards e Jillian Barberie no cenário
do Good Day LA (cortesia de Ron Fineman).
Neste
link, imagem da apresentadora Dorothy Lucey e um entrevistado na extinta
versão nacional Good Day Live.
Veja
aqui um exemplo do padrão gráfico e de cores do Good Day LA.
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Jornalista