Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Equilíbrio e parcialidade na cobertura política

Em período eleitoral, os leitores do Washington Post costumam acompanhar o jornal atentamente em busca de algum sinal de parcialidade política, afirma a ombudsman do diário, Deborah Howell [5/11/06]. Segundo ela, a maior parte das reclamações dos leitores sobre a cobertura política das eleições intermediárias veio de republicanos.

Na corrida pelo Senado, os eleitores da Virgínia devem escolher entre o republicano George Allen ou o democrata James Webb, ambos envolvidos em polêmicas. Allen por ter chamado de ‘macaco’ um partidário de seu rival; Webb, criticado por seus comentários sobre as mulheres no Exército.

Os que apóiam Allen alegam que ele não teve uma folga da mídia. A ombudsman concorda que a cobertura da polêmica em torno da expressão racista foi muito longa e o perfil do político publicado no jornal também foi um pouco negativo. Mas, observa ela, é importante lembrar que foi ele quem usou o termo. Ele também se negou a conversar com os repórteres do Post para seu perfil. Os perfis dos dois políticos foram críticos, mas o de Webb foi suavizado por suas citações. Deborah também se incomodou com a extensa cobertura dada ao livro Fifth Quarter, escrito por Jennifer, irmã de Allen. O livro relata problemas familiares e retrata Allen como um adolescente bruto.

Humano vs. Político

Os leitores tiveram acesso às posições de ambos sobre taxas, transporte, educação, guerra do Iraque, mulheres, imigração e casamento entre homossexuais. Foram publicadas também matérias que priorizavam o ‘lado humano’ de Allen e Webb. Estes artigos têm diferentes objetivos dos que enfocam o ‘lado político’. Porém, esta diferença não é entendida por muitos leitores, e aí se instaura a confusão entre equilíbrio e parcialidade. Grande parte dos leitores considera que estas matérias podem favorecer determinados candidatos e desfavorecer outros.

Um outro ponto de controvérsia são as fotos. Alguns leitores alegam que algumas imagens mostram determinados candidatos mais otimistas, enquanto outras mostram candidatos em um clima mais derrotista. Para evitar tais reclamações, Joe Elbert, editor-assistente de fotografia, aconselha que as fotos de campanha sejam ‘iguais em tamanho e enfoque’ e ‘tiradas da melhor maneira possível’.