O corriqueiro espetáculo de marasmo, que há tempos é apresentado pela TV, até que nesse domingo (20/3) estava dando um tempo. Depois de assistir a um bom jogo entre Corinthians e Palmeiras, tive a sorte de, ao mudar de canal, acompanhar parte do importante documentário Jango, apresentado pelo Canal Brasil. É claro. Estava na TV paga, que de vez em quando ainda emite sinais de inteligência.
Quando o documentário terminou, cometi um pecado mortal: mudei para ver o que se passava na TV aberta.
Na Bandeirantes, a siliconada Márcia Goldsmith e sua briosa equipe mostravam mais uma vez que praticamente não há limites em busca de audiência e de pontos a mais no Ibope. De um lado, um desesperado e abatido Wanderley Cardoso. Sim, ele mesmo! O cantor. De outro, o Nogueira. Entre os dois, ela: a saradíssima. Márcia Goldsmith. Também havia um médico coadjuvante.
O assunto: teste de DNA. Assunto banal hoje em dia, principalmente em programas de TV. Principalmente na TV aberta. Principalmente no dela, a lindona Márcia. O Nogueira queria saber se era filho do Wanderley. Mas o que me impressionou realmente foi o circo armado. Opa, desculpe. Que desrespeito ao circo! Retificando: o espetáculo armado.
Estava imaginando a hora em que o pobre do Wanderley, do alto de sua avançada idade teria um verdadeiro ‘piripaque’. Ele tremia e suava. Seu rosto, pálido. Copos e mais copos de água com açúcar só serviam para aumentar sua taxa de glicose. A talentosíssima Márcia, já há um bom tempo, tinha o resultado do exame nas mãos, mas não o revelava.
E o show continuava.
Suspense
De repente, no auge da tensão, com o Wanderley quase surtando, close no rosto de Márcia. Já era hora. Nervosismo. Expectativa. É agora. ‘Responda a charada do programa! Você pode ganhar essa moto zerinho, zerinho!’
O que?! Como assim?! Wanderley Cardoso em pessoa, quase tendo uma parada cardíaca! E ela quer que eu responda a uma charada! Meu Deus! Liguem pro Batman!!! Ele resolveria o problema rapidamente. Não só mataria a charada, mas também aplicaria uma lição nesses malfeitores da lei do bom senso e da responsabilidade na TV brasileira. Pobre do Wanderley Cardoso! Tadinho do Nogueira.
Ah, sim! Antes que eu termine, só um detalhe: Wanderley resistiu. Ele não é o pai.
E eu, desliguei a TV.
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Estudante de Comunicação da Facha, Rio de Janeiro