Jimmy Walter é um milionário americano que investiu cerca de sete milhões de dólares para produzir e divulgar Confronting the evidence, documentário que questiona a versão oficial dos fatos do 11 de Setembro. Distribuído gratuitamente, o filme é o primeiro a fazer uma reconstrução crítica dos atentados, a partir de uma conferência organizada por pesquisadores independentes em Nova York, em 2004. Há dois anos vem sendo divulgado na internet, em pequenas TVs por satélite e por canais de Malásia, Venezuela e Holanda.
No domingo (24/9), pela primeira vez foi transmitido por uma televisão pública, a rede italiana RAI 3, como parte do programa Report, conduzido pela jornalista Milena Gabanelli. Veicular o documentário não significa concordar com ele, especificou a jornalista, mas para disponibilizar todas as informações sobre o 11 de Setembro, ajudando a compreender por que um terço dos americanos não acredita na versão oficial. Na entrevista que concedeu ao programa, Jimmy Walter declarou: “De algumas coisas tenho certeza, outras, são perguntas. Estou certo é de que o que o governo nos disse é mentira”.
Antes de tudo, o documentário alerta para as conseqüências ambientais do atentado ao World Trade Center: um verdadeiro desastre ecológico, devido à difusão de substâncias extremamente tóxicas liberadas pelas explosões. Segundo especialistas, a poluição do ar era similar à de fábricas de amianto, crematórios, incineradores e um vulcão.
Apesar disso, acusa o filme, as agências de proteção ambiental afirmaram que o ar era respirável, e o governo proibiu que os paramédicos usassem máscaras de oxigênio para não assustar a população. As companhias de seguro se recusaram a pagar os custos de limpeza do ar, obrigando os moradores a se encarregarem sozinhos de eliminar o lixo tóxico dos próprios apartamentos. O Departamento de Saúde ensinava: “Usem um pano molhado e, onde houver muito pó, vistam calças compridas”. Como resultado, muitas pessoas que ajudaram a limpar o Ground Zero começam a manifestar problemas respiratórios, centenas de bombeiros foram afastados do trabalho e 14 cães de socorro morreram. A falta de clareza sobre a real situação pós-atentado teria sido a maior prova do fracasso da administração Bush que, em vez de informar e proteger os cidadãos, mentiu.
Assunto proibido
Mas principalmente as causas do atentado são questionadas pelo documentário. Enquanto as imagens mostram a completa destruição de uma das torres do WTC, uma voz nos diz: “Como é possível que um edifício de 47 andares se desintegre até virar uma montanha de detritos?” Segundo o governo Bush, informa o narrador, a causa teria sido o incêndio provocado pelo impacto do avião. As imagens, porém, mostram que a maior parte dos andares não tinha pegado fogo, e que os focos eram isolados. Apesar disso, o edifício desabou repentinamente, como se tivesse sido implodido. A hipótese, portanto, é de que a queda do WTC teria sido o resultado de uma demolição programada, com explosivos precedentemente colocados em seu interior.
Na mira do documentário está também a série de incongruências relativas ao Pentágono. “Apesar dos ataques terem sido seguidos por muitos jornais, televisões e revistas – diz o narrador – é surpreendente que não se encontre uma prova visível de um 757 no Pentágono em nenhuma foto. Ao contrário do que aconteceu com o WTC, o Pentágono apresenta poucos danos e preservou-se muito mais. Era de se esperar que houvesse fotos que mostrassem partes de avião, como asas, motores, bancos etc. Mas não existem. Um jato 757 tem a largura de mais ou menos 38 metros. Como pode um avião destas dimensões lançar-se contra um edifício e fazer um buraco que mede a metade? A administração Bush ainda nos deve uma explicação.”
Embora o governo seja acusado de estar diretamente envolvido nos atentados, Bush não é o único alvo. “Existem muitos pontos interrogativos em relação ao envolvimento do governo nos ataques” – continua o narrador. “É difícil de acreditar, nenhuma grande agência de notícias comentou o fato. Alguns repórteres se negam a falar de explosivos internos no WTC porque é como afirmar que o governo é criminoso. Um outro motivo é que as televisões, jornais e revistas nos EUA e na Europa são controlados por um pequeno número de pessoas que impedem os jornalistas de tocar no assunto da demolição controlada e, em vez, divulgam fotos de Osama bin Laden”.
“Liberdade de expressão”
A propósito de mídia, Jimmy Walter descreveu o modo com que é tratado pela TV americana: “Fui convidado a um programa da CNN, o Anderson’s Show, e tentaram me fazer passar por imbecil. Mas os telespectadores telefonavam e 80% deles concordavam comigo”, desabafou com a jornalista do Report. A exposição do produtor de Confronting the evidence é total. No fim do documentário, ele convida todos os que trabalharam, viveram ou visitaram a área do WTC a denunciar e processar os funcionários do governo que mentiram, provocando graves danos à saúde.
O milionário também comprou páginas de publicidade em periódicos como Forbes, Newsweek e USA Today, para fazer campanha contra Bush. A primeira propaganda que publicou no New York Times custou-lhe 100 mil dólares. Dizia: “Powell está mentindo sobre as armas químicas?”. Walter patrocinou também uma pesquisa de opinião que revelou que 66% dos cidadãos de Nova York querem a reabertura da comissão de inquérito sobre o 11 de Setembro. Mas, segundo ele, o único sucesso que obteve foi o fato de que oito mil cidadãos estão processando o governo. No país passou a ser agredido fisicamente por pessoas que não concordam com seu ponto de vista. Por isso, deixou os EUA e transferiu-se para Viena.
Para ele, são as televisões americanas que incitam as agressões. “Existem programas televisivos nacionais que mostram a minha cara e o meu livro e dizem: `Toda vez que vocês virem alguém com este livro nas mãos agarrem o livro e joguem-no fora´ – conta a Milena Gabanelli. “O meu advogado diz: `É liberdade de expressão´. A polícia diz: `É liberdade de expressão´”. Agora, Jimmy Walter quer deixar de ser cidadão americano para virar austríaco. Não por medo de morrer, afirma, mas “por causa do que fizemos no Iraque, no Afeganistão, e agora no Líbano, na Síria e logo no Irã. Não quero fazer parte disso tudo”.
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Mestre em Scienze dello Spettacolo e Produzioni Multimediali pela Universidade de Veneza, San Donà di Piave, Itália