Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fantástico dá chamada, mas derruba matéria

Domingo 29/1, firmei os olhos na telinha da Globo para acompanhar o que o Fantástico faria naquela edição. No início da semana, uma das chamadas do programa era que o Brasil tinha trabalho escravo na Amazônia e que no estado de São Paulo já morreram 10 tralhadores rurais por causa da carga de trabalho no corte da cana. Esta história foi levada pela Pastoral do Migrante de Guariba à OEA, no fim de 2005.


A chamada incluía imagens de cortadores de cana. Preste atenção, foi exatamente este o contexto da chamada, de segunda a quarta-feira. Da quinta em diante eu procurei, atentei, mas a chamada não apareceu mais. Pensei, claro, houve pressões, alguém tomou uns tapas dentro da redação ou, simplesmente, a edição derrubou a matéria, coisas ‘corriqueiras’…


Esperei o Fantástico que me convidou a assistir ao problema da morte nos canaviais! E não é que a matéria não entrou? Tentaram enganar o telespectador, colocando na abertura do Fantástico imagens de pessoas cortando cana, sob texto falando do trabalho escravo no Pará. Nada a ver, um baita erro de edição? Mais parecia uma maquiagem para confundir o telespectador que estaria esperando pela matéria das chamadas que foram ao ar, como eu estava.


E não é que quando a matéria entrou a reportagem falava do trabalho escravo em fazendas de gado, corte de madeira, no Pará apenas, sendo que nada tinha de cana-de-açúcar? Cadê a matéria da morte dos trabalhadores no corte da cana?


Isso acontece todos os dias em todas as redações.

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Jornalista