A TV brasileira vive um excelente momento, considerando seu papel na salvaguarda do interesse público e na luta contra a censura. Centro da casa e da família, em torno dela é possível construir uma vida melhor. Cumpre a função educativa, auxiliando as pessoas a compreender princípios, valores, juízos e respeito – condições para alcançar a paz social – quando entrega o horário nobre nas mãos de Max Gehringer, em O Conciliador.
O papel do humor, na crítica política do Brasil de 2010, está sendo fundamental como ferramenta contra a censura. Coisas que não podem ser ditas, só o humor pode criticar. A censura, a supressão da liberdade, o Estado tirando direitos das pessoas, são violências que encontram no humor seu único consolo.
Palavras ensaiadas e desculpas
O CQC da Band fez uma pesquisa entre os políticos sobre como se sentiam a respeito das sátiras e caricaturas sobre eles, conforme o recall que ensejam no entendimento e percepção do público. O censo do CQC contou quantos políticos aceitam e reconhecem a liberdade da arte, onde não cabe censura. Deu 100%, entre os mais respeitados do país.
Fazem parte do inconsciente popular as situações representadas com humor pela televisão brasileira, só por isso encontram eco. O Casseta & Planeta também está prestando um grande serviço. A cena do aeroporto – com passageiros ultrajados recorrendo a um esquadrão de guerra para combater companhias aéreas que aviltam os direitos do consumidor – foi hilária, mas séria. Mostra uma situação caótica em que querem compensar a quebra de contrato na prestação de serviço com palavras ensaiadas e desculpas – e onde o Estado não intervém. O programa satiriza, através do exagero, o ultraje a que vem sendo exposto o consumidor brasileiro. No final, de forma educativa, incentiva o cidadão a exercer seu direito de dizer não aos maus serviços, vetando as más companhias.
Já o CQC, que pega os políticos pela veia, está mais visado pela censura, que vive pleno Renascimento.
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Jornalista, Taubaté, SP