Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Fiéis da Renascer hostilizam repórteres após desabamento

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 19 de janeiro de 2009


 


DESABAMENTO
Folha de S. Paulo


Fiéis hostilizam jornalistas em local de acidente; bispo se desculpa por agressões


‘O clima nas ruas próximas ao local do acidente e nos hospitais onde os feridos foram atendidos era de hostilidade aos jornalistas. Alguns profissionais foram agredidos e receberam ameaças. A polícia e os bombeiros tiveram de interceder para acalmar os ânimos.


Um dos fiéis tentou retirar à força a câmera do fotógrafo Guilherme Lara Campos, do jornal ‘Agora’, mas acabou impedido pela polícia.


Em frente ao prédio da igreja, na avenida Lins de Vasconcelos, onde o telhado desabou, um grupo com cerca de 30 evangélicos organizava cordões humanos e avançava sobre os jornalistas, afastando-os do local. Houve tumulto e os bombeiros tiveram de intervir.


No pronto-socorro do hospital Vergueiro, na região central de São Paulo, onde as vítimas recebiam atendimento, a repórter da Folha foi questionada se era evangélica após pedir informações a uma mulher que havia estado no local da tragédia. Ao ouvir que não, a mulher disse, aos gritos: ‘Entregue seu coração a Deus, isso é tudo que eu tenho a te dizer’, virando as costas logo depois.


Um rapaz, também na porta do hospital, abraçava os familiares dos feridos e os afastava dos jornalistas. ‘Ela é jornalista, ela é jornalista, não deem atenção’, dizia, referindo-se a repórter da Folha. A irmã de uma menina que teve a mão enfaixada pediu à vítima que não falasse com os repórteres. Nos hospitais, os parentes se concentravam nas salas de espera para evitar entrevistas.


O bispo Geraldo Tenuta Filho se desculpou com os jornalistas, afirmou não saber quem são os autores das agressões e pediu compreensão aos profissionais, pois o acidente havia deixado os fiéis nervosos.


(MARIANA BARROS, RICARDO SANGIOVANNI e VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Obama-Stock’


‘A cobertura da posse de Barack Obama, já iniciada ontem, é ‘mais vasta e complexa que nunca’, falou a CNN à ‘Variety’. ‘Temos que acertar’, diz a MSNBC, argumentando ser a transmissão que define o ano. Os canais de notícias e as redes anunciam transmissão contínua para amanhã. E outros correm atrás. A HBO começou ontem, no Lincoln Memorial, com o show que o Huffington Post apelidou de Obama-Stock, com direito ao hino liberal de Woody Guthrie, ‘This Land Is Your Land’; o Disney transmite show apresentado pela primeira-dama, hoje; a MTV comprou os direitos do ‘baile jovem’ oficial.


Na imprensa, noticia a Bloomberg, ‘Washington Post’, ‘New York Times’ e outros ampliam tiragem e o preço de capa, para amanhã e depois, e já preparam a venda on-line para os colecionadores.


O PRIMEIRO


Sites de mídia adiantaram ontem a capa da ‘New Yorker’, que chega hoje às bancas nos EUA com retrato feito por Drew Friedman, intitulado ‘The First’, o primeiro. A revista foi criticada, até pela campanha democrata, por capa anterior que mostrava Barack e Michelle Obama como um casal de extremistas


15 CAPAS


O mercado de revistas está em queda nos EUA, informa o ‘NYT’. ‘Newsweek’ e ‘U.S. News’ optaram por nichos de mercado para sobreviver. ‘Sobrou uma’, a ‘Time’, ainda com tiragem superior a três milhões. Na edição desta semana, pela 15ª vez desde a campanha, Obama na capa


O PIOR EMPREGO


Colunista liberal do ‘New York Times’, Frank Rich relata sua juventude na racista Washington dos anos 60 para concluir que a capa ‘mais exata’ da vitória de Obama saiu na satírica ‘The Onion’, com o enunciado ‘Negro recebe o pior emprego da nação’. O desastre deixado por Bush ‘é enorme, maior que Washington, maior que raça’. E é ‘espantoso que o povo americano tenha confiado a tarefa a um jovem negro que apareceu quando mais precisávamos dele’.


TODA A SORTE


Nouriel Roubini, ‘Mr. Doom’, senhor apocalipse, o hoje célebre economista que previu a crise financeira e sua amplitude, assinou texto com outros economistas em seu blog e no tablóide ‘New York Post’, aconselhando Obama a dar prioridade imediata ao sistema bancário. ‘Algumas das nossas maiores instituições estão falidas ou quase.’ Quanto ao pacote de estímulo, ‘não é má idéia, mas não espere muito’. Para encerrar, ‘toda a sorte’.


OUTRA AUDIÊNCIA


Obama, nas entrevistas em série para jornais e emissoras dos EUA, resolveu falar com a América Latina via Univision, como já fez na campanha, informa o site Politico.


E o britânico ‘Observer’ destaca que, em ‘mudança cultural’, a rede em espanhol já lidera a audiência nos EUA, no horário nobre de quarta e sexta-feira, à frente das redes em inglês -com telenovelas colombianas, mas também jornalismo de qualidade.


SLIM LÁ


O ‘Wall Street Journal’ deu na manchete on-line que o ‘NYT’, em dificuldades, está negociando com o bilionário das telecomunicações do México, Carlos Slim, dono da Net no Brasil, para elevar sua participação no jornal.


Segundo o ‘WSJ’, o jornal de Nova York carrega US$ 1,1 bilhão em dívidas e US$ 46 milhões em caixa. Rupert Murdoch, proprietário do ‘WSJ’, já disse que gostaria de comprar o ‘NYT’.


BRASIL & OBAMA


Do espanhol ‘El País’ à Reuters e por aqui, no fim de semana, Lula defendeu junto com o venezuelano Hugo Chávez uma ‘nova relação’ da América Latina com os EUA de Barack Obama -com quem ele gostaria de falar antes que o ‘aparato do Estado’ o devore.


E ontem no ‘Miami Herald’ o colunista mais voltado à América Latina, Andres Oppenheimer, arriscou que a ‘prioridade de Obama na região é assinar um acordo de cooperação energética que reduziria a dependência dos EUA do petróleo, reforçaria as relações com o Brasil e diminuiria a influência da Venezuela’.


BEM-ME-QUER


O site da Americas Society, instituição de ‘lobby’ para as relações entre EUA e América Latina, mal cita o Brasil em suas ‘grandes expectativas’ para o governo Obama. E se concentra no esforço de mídia da Colômbia, a começar de seu atual ministro da Defesa -e eventual presidenciável- Juan Manuel Santos, para que aprove o dinheiro e mantenha o ‘Plano Colômbia’.


MALMEQUER


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para a surpresa do Radar On-line, da ‘Veja’, deu entrevista ao ‘El País’ e disse que ‘já passou do tempo em que a América Latina precisava dos EUA’. No título do jornal espanhol, sexta, ‘Latinoamérica ya no necesita ayuda de EE UU’. Mas a nomeação de Hillary Clinton como secretária de Estado ‘foi positiva’.’


 


 


AJUDA
Folha de S. Paulo


‘The New York Times’ pode receber injeção de recursos de Slim, diz jornal


‘O bilionário mexicano Carlos Slim negocia um investimento milionário que pode ajudar o ‘New York Times’ a solucionar seus problemas financeiros, segundo reportagem do ‘Wall Street Jounal’. O principal diário norte-americano possui uma dívida de US$ 1,1 bilhão.


Não se sabe o quanto Slim estaria disposto a investir, mas fontes ouvidas pela reportagem falam em centenas de milhões de dólares.


A opção mais provável é a compra de ações preferenciais do jornal, sem direito a voto, algo similar a um empréstimo. Para tanto, Slim receberia dividendos anuais do jornal. O ‘Times’ se recusou a comentar a questão, mas admitiu que prepara uma reunião de seu conselho, nesta semana.


Slim, o segundo homem mais rico do mundo no ranking da revista ‘Forbes’, é dono da empresa telefônica Telmex, no México, e da companhia de telefonia celular América Móvil, proprietária da Claro.


O empresário mexicano já possui uma participação de 6,4% no ‘Times’, que valia US$ 128 milhões antes de a crise se agravar, em setembro. Hoje, as mesmas ações valem US$ 60 milhões.


Além de Slim, há rumores de que o fundo de hedge Harbinger Capital Partners, que já possui 20% das ações do jornal, possa fazer mais investimentos no ‘Times’.


A crise que abate o ‘Times’ fez o jornal, pela primeira vez, aceitar um anúncio publicitário na primeira página, no início do mês. As negociações acontecem às vésperas do vencimento de uma linha de crédito de US$ 400 milhões, em maio. Em 2010, vence outra fatura, de US$ 250 milhões, e, em 2011, uma de US$ 400 milhões.


Para obter fundos, o jornal considera uma operação de venda e leasing de seu prédio, em Manhattan, que poderia render US$ 225 milhões.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Band fará reality show em pronto-socorro


‘A Band está finalizando negociações com a Cuatro Cabezas, criadora de ‘CQC’, para a aquisição do formato de ‘E 24’, um reality show gravado em prontos-socorros. A emissora também deverá adquirir da produtora argentina a franquia de ‘A Liga’, de reportagens.


Segundo Elisabetta Zenatti, diretora artística e de produção, a ideia é exibir um dos formatos no primeiro semestre e o outro, no segundo.


‘E 24’ (de emergência 24 horas) é classificado como ‘doc reality’, pelo parentesco com documentário. Na Argentina, mostra a história de vítimas de acidentes ou de crimes ou de pacientes em situação de risco.


‘Tem um jeito bastante novo de contar uma história, desde quando o paciente entra no pronto-socorro até a saída, com uma estética diferenciada’, diz Zenatti. De acordo com a executiva, o reality não será sensacionalista. ‘O foco não é a desgraça, mas o heroísmo, os médicos, os familiares, o esforço para salvar vidas’.


‘A Liga’, o segundo formato, será uma versão estritamente jornalística do ‘CQC’. Quatro jovens e ‘corajosos’ repórteres acompanham quatro pessoas ligadas a um mesmo tema. Se o assunto, por exemplo, é narcotráfico, um deles segue um produtor de drogas, o segundo, um transportador, o terceiro, um vendedor e o quarto, um consumidor. O elenco será formado por candidatos não aproveitados pelo ‘CQC’.


VIDA REAL 1


Três travestis participam do quinto episódio do seriado ‘A Lei e o Crime’ que a Record exibe daqui a duas semanas. Nele, um cantor ‘pega’ um travesti pensando que é mulher. No dia seguinte, o travesti (Patrícia Araújo, que desfilou no Fashion Rio na última sexta) aparece morto.


VIDA REAL 2


O autor do crime será um namorado do travesti. O cantor confessará à delegada-protagonista que o abandonou assim que descobriu sua identidade. Mas, após o episódio, passa a sentir atração por travestis.


CARIMBO


A cúpula da Globo aprovou o especial de fim de ano ‘Decamerão’, estrelado por Lázaro Ramos. O programa deverá ter mais quatro episódios.


ACIDENTE 1


Na tentativa de melhorar a audiência do ‘Globo Esporte’ em São Paulo, atraindo jovens, a Globo escalou o repórter Tiago Leifert para apresentá-lo e passou a usar muitas entradas ao vivo, como se fosse rádio.


ACIDENTE 2


A primeira semana foi catastrófica, com falhas diárias. Na sexta, um repórter, que Leifert chamava de Léo, dizia que o jogador Léo, do Santos, tinha sido vendido para o Inter, mas que o time da Vila contratara outro craque, Léo. Na verdade, um dos Léos era Kleber. Em seguida, apareceu Bolaños falando em espanhol. E sem tradução.


ACIDENTE 3


A audiência caiu. A média de segunda a quinta foi de 10,3 pontos, contra 11 dos mesmos dias da semana anterior.’


 


 


Folha de S. Paulo


Especiais mostram trajetória de Obama


‘Além de uma extensa cobertura jornalística, a posse de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos, amanhã, em Washington, rende inúmeros especiais na televisão.


Do destaque dado por Oprah Winfrey ao democrata em seu programa, exibido pelo GNT, à cobertura da festa jovem em meio à posse pela MTV, os programas são variados. Mas dois deles se concentram na trajetória de Obama.


Amanhã à noite, o GNT exibe ‘Barack Obama – O Homem e sua Jornada’.


O documentário traz entrevistas com nomes importantes da imprensa, do governo, da religião e dos negócios. A narração é do ator americano Blair Underwood, que apoiou a campanha de Obama, e a direção, de Maria Arita-Horward, ex-repórter da rede americana CBS.


Também amanhã, a Cultura exibe o documentário ‘Barack Obama – Sua História’. A produção australiana, de 2008, expõe as opiniões de Obama sobre assuntos como sexualidade, racismo e política externa, além de destacar as relações mantidas pelo político em Washington e a adesão de celebridades à sua campanha.


BARACK OBAMA – SUA HISTÓRIA


Quando: amanhã, às 20h


Onde: na TV Cultura


Classificação: não informada


BARACK OBAMA – O HOMEM E SUA JORNADA Quando: amanhã, às 21h15 e às 2h


Onde: no GNT


Classificação: não informada’


 


 


RÁDIO
Álvaro Pereira Júnior


O fim do mundo e de uma grande rádio


‘O ATAQUE IMPIEDOSO de Israel à faixa de Gaza? O avião que caiu em um rio de Nova York com 155 pessoas e não matou ninguém? O boteco de Sevilha fundado em 1650 que só não é como a casa da gente porque é bem melhor?


Em viagem pela Espanha, um pouco isolado do mundo real, quebro a cabeça sobre o assunto desta coluna.


Um e-mail do amigo Renato Yada resolve o impasse: acabou a Indie 103.1, FM de Los Angeles tida como a melhor do mundo por Escuta Aqui e um monte de gente importante. Este é o tema.


Já falei da Indie 103.1 umas 103.100 vezes. Indie sem ser xiita, comercial sem ser vendida. Steve Jones, lendário guitarrista dos Sex Pistols, era a principal estrela. Apresentava um programa absolutamente caótico, tocando e falando o que bem entendesse na hora do almoço e no fim da tarde. Nos outros horários, nada de delírios alternativos, tipo bandas do interior do oeste do País de Gales ou dos confins do deserto australiano.


Como já escrevi, era indie mas não era suicida. Tinha uma lista de 40 ou 50 músicas ‘top’ e com base nelas montava a programação. Doideiras mesmo, só tarde da noite, como o programa de música eletrônica dos dementes do Crystal Method, nas madrugadas de sexta.


Mais: a Indie 103.1 pertencia a uma rede de emissoras bastante estável, e tinha um acordo com a gigante de mídia Clear Channel para vender anúncios. Nem assim sobreviveu. O site informa que a rádio agora está só na internet. Escuto on-line enquanto escrevo. Toca uma música do Morrissey em que identifico o trecho ‘in the absence of human touch’ (na ausência de contato humano). É preciso respeitar uma rádio que transmite algo assim. Seja pelo ar seja na web.


Longa vida à Indie 103.1, onde quer que esteja.’


 


 


INTERNET
Marina Fuentes


Blogs obrigatórios


‘Aquela ideia de que blogs são espaços democráticos onde cada um escreve o que bem entende está cada vez mais distante. As ferramentas de publicação não só são analisadas durante um processo de seleção para estágio ou trabalho como também são obrigatórias. Pelo menos quando se trata do mercado de comunicação, literatura e arte.


Claudia Royo, 22, estudou jornalismo mas quer mesmo é trabalhar com moda. Ela participou de entrevistas para trabalhar em uma agência de conteúdo e foi surpreendida quando recebeu a ligação de volta. ‘Você vai ter que criar um blog’, disse a profissional que ia contratá-la. Claudia seria chamada como integrante de um projeto de ‘blog content’ (leia ao lado) para cobrir a São Paulo Fashion Week. Um dos patrocinadores do evento teria um site reunindo posts de vários blogueiros convidados que comentariam bastidores e desfiles -e receberiam por isso.


Mesmo com o projeto não vingando -a empresa não ia mais patrocinar a SPFW-, Claudia resolveu continuar com a missão de criar um blog. ‘Percebi como seria importante para conseguir outras oportunidades como essa’, disse ela.


E é verdade, já que o caso de Claudia foi exceção. Atualmente agências contatam cada vez mais estagiários através de seus blogs. Jeff Paiva, diretor de social media da Agência Click, explica por que a ferramenta é fundamental na contratação: ‘Você já consegue avaliar o texto da pessoa, como ela desenvolve ideias, de quais temas ela gosta e como ela reage a algumas situações, como a críticas e a ataques nos comentários’, conta ele, que diz que o blog é uma mistura de currículo com dinâmica de grupo. ‘A pessoa mostra como realmente é.’


Para Paula Guedes, coordenadora de conteúdo da agência de mídia interativa Garage, a existência de um blog ajuda na primeira triagem de candidatos a um estágio. ‘Dá para avaliar se ele escreve bem e como transita no meio de que gosta. Além disso, blogueiros são pesquisadores de novas ferramentas.’


Além de mostrar interesses, criatividade e um bom português, os blogs também revelam nomes que muitas vezes têm uma enorme popularidade na blogsfera. Foi assim com Lia Camargo, 25, que se formou em produção editorial e conseguiu vários trabalhos pelo seu blog (www.justlia.com.br).


‘Criei há nove anos, para falar de assuntos de meninas, e ele começou a fazer bastante sucesso’, conta. Mas Lia foi esperta na divulgação: criou páginas em todas as ferramentas de comunidades, todas com link para o blog. Em uma delas, a Game TV, criou um blog só de games. ‘Os editores do site viram um blog customizado de uma menina falando sobre games e me chamaram para trabalhar lá. Fiquei um ano.’


Com um blog fazendo o papel de currículo e de experiência de trabalho, muita gente que nunca trabalhou oficialmente é considerada especialista. É o caso do gaúcho Julio Câmara, 15, que há dois anos criou um blog de variedades que, aos poucos, foi se especializando em tecnologia. Quando viu que tinha muitos leitores, resolveu criar o TecnoZilla (http://tecnozilla.info).


‘Minha idéia nem era transformar o blog em trabalho, mas sou fissurado em tecnologia e fui ganhando fama na blogsfera, era chamado para podcasts, mencionado em outros blogs…’


O TecnoZilla chamou a atenção de agências. Mas, quando foi chamado para cobrir uma feira de tecnologia, Julio bateu de frente com uma dificuldade: a idade. ‘Não poderiam contratar menor de 18 anos’, lamenta ele, que agora é blogueiro da Insite (blog.insite.com.br), no qual dá dicas para criar blogs.


Ainda mais novo, Gabriel Naressi, 12, criou no ano passado o blog de humor mundotosco.com.br. ‘Como o acesso estava aumentando muito, comprei um domínio, fiz um template e parcerias com outros sites para troca de banners’, conta. Recentemente, Gabriel foi incluído por uma agencia em uma lista de blogueiros com potencial para escrever publieditoriais (textos pagos sobre uma marca ou um produto específico) em seu blog. Ainda não foi escalado, mas sabe do potencial que tem: ‘Dá para viver disso’, espera.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 19 de janeiro de 2009


 


TELES
Gerusa Marques


Anatel prepara licitação para ampliar cobertura da TV paga


‘A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) quer ampliar o mercado de TV por assinatura e prepara para este ano uma licitação de alcance nacional. A ideia é abrir a possibilidade de prestação do serviço em todos os municípios brasileiros e ampliar o número de assinantes, hoje restrito a 6,1 milhões de clientes. O planejamento de expansão do setor, primeiro passo para a licitação, deverá ser votado pelo conselho diretor da Anatel no dia 29.


A iniciativa pode representar o início de uma abertura para que as empresas de telefonia aumentem sua participação em um mercado dominado por grupos de televisão. Juntos, os grupos Globo/Net e Sky/Directv detêm 75% dos clientes. As teles sofrem restrições legais para participar desse mercado.


A prioridade, segundo uma alta fonte da Anatel ouvida pela Agência Estado, é o mercado de TV a cabo, mas também está sendo estudada licitação de licenças usando a tecnologia de micro-ondas terrestres (MMDS). Com a ampliação dos dois segmentos, a Anatel pretende estimular a oferta de serviços de banda larga, que podem ser vendidos em pacotes com internet, telefonia e TV.


A proposta enfrenta resistências dos grupos já consolidados. Há também divergências internas na Anatel sobre a data de início da operação. A tese que tem prevalecido é a de fazer a licitação neste ano e assinar os contratos para início da oferta dos serviços em 2010. ‘A ideia é abrir geral’, afirma a mesma fonte, reforçando a intenção de lançar a licitação em todos os municípios brasileiros.


O edital de licitação não deverá estabelecer limites de licenças por município. Isso, explica um técnico da agência, permitirá a entrada de várias empresas no setor e estimulará a competição.


As concessionárias de telefonia, porém, continuam limitadas a uma participação de apenas 20% nas empresas de TV a cabo nas suas áreas de concessão. Outra limitação, em 49%, é a de participação de capital estrangeiro, o que atinge a maior parte das empresas de telefonia, que pertencem a grupos internacionais.


A extinção desses limites foi proposta no projeto de lei 29/2007, mas outras sugestões incluídas, como cotas para a produção nacional na programação da TV por assinatura, acabaram inviabilizando a aprovação do projeto. A proposta original, do deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), prevê a unificação de regras entre os setores de TV a cabo, MMDS e via satélite (DTH), liberando integralmente a entrada das teles. A proposta aguarda votação na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara.


Enquanto a lei não é modificada, as empresas de telefonia estão avançando em outros segmentos, como o de TV por satélite. Diferentemente do cabo, que precisa de licitação, para prestar serviço via satélite basta solicitar a licença à Anatel. No segmento de MMDS, as empresas de telefonia celular querem ter o direito de utilizar a frequência da TV por assinatura via micro-ondas terrestres (2,5 GHz) em serviços de telefonia móvel, como banda larga móvel. As operadoras de TV por assinatura são contra, argumentando que precisam dessa frequência para competir no mercado de televisão paga e internet.’


 


 


AJUDA
O Estado de S. Paulo


Carlos Slim pode injetar dinheiro no ‘New York Times’


‘A empresa editorial americana New York Times Co. está em negociações para receber centenas de milhões de dólares do multimilionário mexicano Carlos Slim, segundo revelou uma fonte à agência Reuters. A medida daria à empresa recursos necessários para saldar dívidas.


Um investimento de Slim, o segundo homem mais rico do mundo, também poderia representar um voto de confiança na família Ochs-Sulzberger, que controla a New York Times há mais de um século e se vê ameaçada pelas mudanças que afetam as bases do negócio jornalístico nos Estados Unidos.


A empresa, que é proprietária dos jornais The New York Times e Boston Globe, além de vários outros nos EUA, enfrenta uma queda de receita com publicidade em um nível jamais visto por alguma empresa do setor.


Segundo a fonte, a Times poderá dar a Slim, que já possui uma participação de 6,4% na empresa, ações preferenciais sem direito a voto, mas com um dividendo anual. A empresa planeja uma reunião especial nesta semana para tratar do investimento, segundo a fonte. A notícia foi informada inicialmente pelo jornal The Wall Street Journal. O porta-voz da New York Times não quis comentar.


O dinheiro poderá ajudar a Times a saldar uma dívida de US$ 400 milhões de um empréstimo que vence em maio. Empresas editoras jornalísticas têm apresentado dívidas em seus balanços, mas isso não se converteu num tema até que suas receitas publicitárias começaram a cair, assim como as margens de lucro.


Isso se deveu, em parte, a uma queda da circulação, pois muita gente está acessando a internet em busca de notícias grátis. A queda da publicidade foi agravada pela crise financeira. Jornais das cidades de Denver e Seattle poderão fechar neste ano porque suas empresas já não conseguem mantê-los e não encontram compradores.


As ações da Times caíram 70% em relação ao máximo alcançado há 12 meses, de US$ 21,14 em abril de 2008 a US$ 6,41 na sexta-feira. Desde aquela época, seu valor encolheu para cerca de US$ 58 milhões. Ao mesmo tempo, Slim descreveu seu investimento na Times como uma medida mais financeira que estratégica.


Slim, de 68 anos, converteu-se em um dos homens mais ricos do mundo ao realizar apostas arriscadas em companhias falidas. No ano passado, ele aumentou sua participação na varejista americana de artigos de luxo Saks Inc. a 18%, convertendo-se no maior investidor.


Sua corretora Inbursa, no México, adquiriu pelo menos US$ 150 milhões em ações do Citigroup, enquanto os papéis do banco caíam a mínimos que não se viam desde 1992. Não está claro se a Inbursa adquiriu as ações para Slim ou para outros clientes.


A Times se viu obrigada a pensar em vender propriedades para fortalecer sua posição de caixa. Entre os ativos que procura vender está a participação de 17,5% na empresa proprietária do time de beisebol Boston Red Sox.


A pergunta definitiva é quanto tempo a família Ochs-Sulzberger permanecerá no negócio. Muitas reportagens da mídia e comentaristas se perguntaram se a família tem coragem para continuar envolvida apesar da queda no valor das ações.


Até agora, contudo, o presidente e editor da Times, Arthur Sulzberger Jr., disse que a companhia não está à venda. A Times também enfrenta renovada ameaça do Wall Street Journal, propriedade da News Corp., cujo presidente executivo, Rupert Murdoch, não oculta seu objetivo de tirar o New York Times de sua posição de melhor jornal dos EUA.


Executivos da Times viram o investimento inicial de Slim como um bom desdobramento.


Passaram-se vários meses desde que o fundo de hedge Harbinger Capital Partners comprou cerca de 20% das ações da Times, exigiu que a companhia vendesse ativos que não eram centrais para seu negócio para fortalecer o valor de suas ações e conseguiu colocar dois representantes no conselho, contra as objeções iniciais da Times.


O império de Slim inclui a gigante de telefonia celular America Movil, lojas de departamentos, restaurantes e fábricas de cigarros, farinha, cerâmica e autopeças.’


 


 


TELEVISÃO
Patrícia Villalba e Etienne Jacintho


A Índia é aqui


‘Sem querer inventar grandes teorias sobre teledramaturgia, Glória Perez diz que novela sempre conta história de amor. E admite que o desafio dos autores é sempre o de encontrar novas maneiras de contar essas histórias para, com sorte, cativar o público. Depois de ciganos, muçulmanos e boiadeiros, a autora se volta à colorida e intrigante cultura indiana e começa a contar hoje à noite a história de amor de Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia) na nova novela das 8 da Globo, Caminho das Índias.


Dividida entre o Rio e o Rajastão, a trama mostra os percalços que o mocinho Bahuan enfrenta por ser um ‘intocável’ – pessoa que segundo os textos sagrados é ‘a poeira aos pés do deus Brahma’.


Famosa por ‘novelas antropológicas’ – lembre-se de O Clone, de 2001, que se passava no Marrocos -, Glória deve deitar e rolar em detalhes da complexa cultura indiana, como o sistema de castas, vacas sagradas, danças, ioga e sáris coloridos. ‘A cultura indiana é complexa demais para que se tenha a pretensão de explicá-la numa novela, claro. Mas as pessoas vão entender o essencial: é um país que avança para o futuro a passos largos, sem romper os laços com as tradições milenares!’, anota a autora, nesta entrevista ao Estado.


Como você, que já conseguiu fazer o povo entender o que era clonagem, pretende apresentar a complexa cultura indiana ao telespectador brasileiro?


A cultura indiana é complexa demais para que se tenha a pretensão de explicá-la numa novela, claro. Mas as pessoas vão entender o essencial: é um país que avança para o futuro a passos largos, sem romper os laços com as tradições milenares! Nessa harmonia dos contrários, reside a compreensão dos dramas vividos pelas personagens desse universo. Cuidado? Todo! Pesquiso e estudo muito. Conto também com a assessoria de alguns indianos. Mantenho contato permanente com o casal Jahyanti, físicos nucleares que ensinam em universidades de São Paulo. Eles são da casta brâmane, portanto, guardiães das tradições religiosas. Como brâmanes, têm o dever de oficializar os rituais religiosos, e estão fazendo isso para nós: todo e qualquer ritual do hinduísmo têm assessoria deles.


Quando começou a pensar na novela, você primeiro teve a ideia de contar uma história de amor, simplesmente, e depois pensou em contá-la na Índia ou escolheu logo de cara falar sobre a Índia e, daí, veio a ideia do amor impossível de Maya e Bahuan?


Uma história de amor toda novela conta. Nosso desafio é descobrir maneiras novas de contar essas histórias. Pensei que a Índia, além da riqueza visual, da riqueza cultural, oferecia a possibilidade de mostrar um impedimento ao romance que nunca tinha sido mostrado antes: o de casta. Numa sociedade dividida em castas, não existe nenhuma chance de mobilidade. Se o indivíduo nasce dalit ele morre dalit, mesmo que fique milionário. Ele será sempre considerado desprezível e capaz de poluir quem toque sequer em sua sombra!


Soubemos que por questões ligadas à tradição indiana, os protagonistas não devem se beijar em cena. Como é escrever cenas de amor sem beijos?


Assistindo a inúmeros filmes indianos, percebi que não acontecia o beijo. E a cena ficava muito mais erótica, muito mais sensual para quem vê. No Brasil, teremos beijos e mais beijos. Na Índia, o que já etiquetamos como o ‘quase beijo’.


A novela terá um personagem gay?


Ah não, isso eu já fiz em América (2005). Mas vou mostrar as hijdras, que são os castrados indianos. Nem gays nem travestis. Como bem disse uma delas, ‘não somos homens que queremos ser mulheres – somos o terceiro sexo’. As hijdras têm uma posição muito interessante na cultura indiana. A sociedade atribui a elas o poder de abençoar e de amaldiçoar.


O humor da trama será comandado por Mara Manzan e Stênio Garcia? Quem mais renderá boas risadas?


Não fiz um núcleo específico de humor. Ele está distribuído entre as personagens. Em algumas está mais sublinhado, como na dupla seu Abel, um guarda de trânsito vivido pelo Anderson Muller, e sua fogosa esposa Norminha (Dira Paes). Um pouco mais adiante, chega à Lapa o malandro indiano Radesh.


É verdade que a novela vai apresentar depoimentos de esquizofrênicos reais nos capítulos?


Depoimentos, não, essa fórmula já utilizei em O Clone. Mas os esquizofrênicos reais irão participar da novela, mostrando sua arte e sua capacidade de trabalho. Inclusive a banda do CPRJ, aqui do Rio, entra na trilha sonora. É uma banda formada por pacientes, e as músicas que eles cantam são compostas pelo crooner, o Hamilton. E vamos resgatar também a figura do profeta Gentileza (Paulo José).


Continua escrevendo sozinha, sem colaboradores?


Sim. Acho difícil, impossível dividir fantasia. Sou daquelas que não fazem planejamento. O capítulo nasce diante da página em branco. Mas não dispenso a pesquisa, pois não saberia trabalhar sem esse suporte. Meu método de trabalho é antropológico. Preciso ver, chegar perto, conviver com o que quero retratar. Por exemplo, a (pesquisadora) Giovana Manfredi me acompanhou nas visitas às clínicas psiquiátricas. Participa, entende o que estou buscando e, dada a partida, volta lá sozinha, faz outros contatos e me repassa as impressões que colheu.


Caminho das Índias tem mais de 60 personagem, o dobro de A Favorita.


A Favorita fugiu à regra. Normalmente, as novelas têm por volta de 60, 80 personagens, algumas já chegaram a 100. Porque elas são muito longas, e a duração do capítulo no ar é maior hoje do que antes. No caso de Caminho das Índias, tenho duas histórias centrais, uma que se passa na Índia e outra no Brasil. E há pouquíssimo trânsito de personagens de um universo para outro. Dentro desse modelo, 60 fica sendo um número até modesto.


Quando uma novela sua está para estrear, já se especula qual será o bordão da vez. Em quais expressões você está apostando?


Como fiz em O Clone, e com os ciganos de Explode Coração (1995), os diálogos do núcleo da Índia estão salpicados de palavras e expressões em hindi, que têm a função de emprestar às cenas o sabor da cultura indiana. No decorrer da novela, o público elege algumas dessas expressões.


É curioso como você estreia uma novela passada na Índia ao mesmo tempo em que sua novela anterior, América, é exibida com grande sucesso lá. Foi coincidência ou a grande audiência de América na Índia chamou a sua atenção para aquele país?


Quando eu soube disso, já estávamos a pleno vapor. Mas é uma coincidência feliz!


Mantras, Sáris, Najas e Took Tooks


GALA – A figurinista Emília Duncan trabalhou com ‘licença poética’ para criar os trajes do núcleo indiano. Para enfatizar a cultura, ela veste os personagens no dia a dia com roupas tradicionais, usadas em rituais.


DOIS PRA LÁ – Depois do hit Beijinho Doce de A Favorita, os ‘eletromantras’ que compõem a trilha sonora de Caminho das Índias aguardam sua vez nas pistas de dança.


ESPELHO – A história central da novela se passa numa cidade cenográfica de 6 mil metros quadrados, construída no Projac pela equipe do diretor de arte Mário Monteiro. Há ainda uma outra cidade cenográfica, de 2.500 metros quadrados, que reproduz o Rio Ganges e uma de suas escadarias. Uma terceira cidade cenográfica reproduz o bairro carioca da Lapa.


CROMA – A equipe de pós-produção vai usar o black lot, um recurso de computação gráfica, para ‘colar’ imagens reais da Índia às cenas gravadas na cidade cenográfica.


CARONA – Pelas ruas do Rajastão do Projac vão circular 12 riquixás (charrete puxada por um homem numa bicicleta) e 8 took tooks, veículo motorizado de três rodas, reproduzidos pela diretora de arte Ana Maria Magalhães.


LÁ – As gravações começaram em outubro, nas cidades indianas de Jaipur e Agra (onde fica o Taj Mahal), e movimentaram uma equipe de 40 pessoas da Globo, que teve ainda a ajuda de uma produtora local. Há também cenas em Dubai (Emirados Árabes), que abriga parte da trama.


BAGAGEM – Notório contador de causos, o ator Lima Duarte aproveitou para enriquecer seu baú de história. Chega a ser emocionante vê-lo narrar o encontro que teve, olho no olho, com uma cobra naja, daquelas que saem de dentro do cesto, numa das ruas de Jaipur.


ARE BABA – Lançadora de bordões, Glória Perez já tem um estoque de expressões indianas que pretende ver na boca do povo. ‘Se a Glória tiver um bordão pra mim, eu topo!’, avisa a divertida Mara Manzan, que viverá a personagem Dona Ashima. Indiana e dona de uma pastelaria na Lapa, a personagem distribui ‘are baba’ por onde passa. ‘É algo tipo ?ai, meu Deus?. Depende da entonação’, explica a atriz.’


 


 


Pedro Venceslau


‘Maysa é um trabalho distante do público’


‘ENCONTROS com o ESTADÃO – Alexandre Raposo, presidente da TV Record, avalia os rivais, acha que Elis Regina seria melhor personagem para uma minissérie e conta os planos para superar a Globo


Alexandre Raposo não é o tipo de executivo que pisa em ovos. Aos 37 anos, comanda a Rede Record com carta branca do pastor Edir Macedo, fundador da Igreja Universal e dono da emissora. Assim como não lhe falta ousadia, não lhe falta dinheiro em caixa para avançar sobre redutos da concorrência. Antes dos primeiros sinais de crise, comprou por US$ 75 milhões os direitos das Olimpíadas de Londres, dos Jogos Pan-Americanos do México e dos Jogos de Inverno, no Canadá.


Pragmático e workaholic, Raposo – filho de portugueses que começou a vida tocando uma padaria em Salvador -, passa o dia numa ampla sala da emissora, na Barra Funda, de olho em quatro telinhas de TV que mostram, minuto a minuto, os índices do Ibope. Para a coluna falou, sem meias palavras, sobre audiência, concorrência e, claro, a minissérie Maysa, da TV Globo.


Viu algum capítulo de Maysa? Assisti a uns pedaços gravados e achei que é um trabalho muito distante do público. Dizem na chamada que o Brasil conhece a Maysa. Acho que não. Eu mesmo não a conheço bem. A história é distante dos dias atuais. Se fosse a Elis Regina, todo mundo conheceria e talvez o sucesso fosse maior. Mas não quero tirar o mérito de quem produz.


Gosta da novela Revelação, de Íris Abravanel? Vi o primeiro e o segundo capítulo. O terceiro não consegui. Achei muito ruim. Não é o padrão de novela que o brasileiro quer.


Como a crise afetou a Record? Os salários estão mais baixos? Salários absurdamente altos não existem há algum tempo. E não por causa da atual crise. Houve um momento, entre 1999 e 2001, em que eles eram altíssimos: Gugu, Ana Maria Braga, Ratinho… Isso mudou. A Record passou a focar em produtos, não em pessoas, como faz a nossa concorrente (TV Globo). Veja o exemplo do Ratinho. Ele saiu da Record e foi para o SBT ganhando um absurdo. Hoje, está fora do ar. E a Adriane Galisteu, na Band? Quanto será que ela ganha hoje? Talvez 30% do que ganhava no SBT.


A Record gastou US$ 75 milhões para comprar o Pan, as Olimpíadas e os Jogos de Inverno. A dívida em dólar cresceu muito? Para nossa sorte, pagamos boa parte das Olimpíadas com o dólar a R$ 1,60. E só vamos pagar novas parcelas no segundo semestre, quando o real deve se valorizar. E, para nossa felicidade, vendemos os direitos da transmissão com o dólar a R$ 2,36, metade à vista.


Como foi a publicidade em 2008? Cresceu. E deve crescer mais este ano. O mercado geral prevê crescer de 5% a 7%, nós esperamos 15% no mínimo.


Quanto ganha um artista na Record? Em novela, R$ 30 mil no máximo, se estiver trabalhando. Se não, menos. Um apresentador, na faixa de R$ 100 mil.


A Record é acusada de inflacionar o mercado. Houve um momento em que só havia uma TV para se trabalhar. A Record deu uma oportunidade às pessoas, que passaram a ganhar mais. Artista de novela não tinha contrato de longo prazo. Fazia novela e ficava esperando outro chamado… Nós adotamos contratos de longo prazo para dar segurança. E, aí, nosso concorrente tomou a mesma posição.


Antes da estreia de A Lei e o Crime, falou-se sobre Wagner Moura como protagonista. Por que não deu certo? Houve um diálogo com o José Padilha sobre a produção da série, mas não avançou. Com a concorrente, também não.


A série foi inspirada no filme Tropa de Elite? Não. Foi inspirada na novela Vidas Opostas, mas é normal essa comparação. Quando estreou Tropa de Elite o filme foi comparado a Cidade de Deus…


Qual sua relação com a Igreja Universal? Fui católico, sou cristão e frequento a Igreja Universal. O Brasil continua muito preconceituoso. O diretor da Globo é judeu, mas ninguém pergunta se a Globo tem alguma coisa com o judaísmo. O fato de eu frequentar ou não a igreja não tem nada a ver. Esse mito caiu. Todo mundo já sabe que a Record é uma TV comercial e que a Igreja Universal não é dona da Record.


Como é essa relação? É comercial. A Igreja é um anunciante nosso. O mercado evangélico é um anunciante importante no Brasil e ajudou a Record a crescer. Ajudou também a Band, a RedeTV!, a Gazeta e outros canais. Isso já acontecia no mundo todo. É salutar. Essas igrejas anunciantes geram empregos.


Edir Macedo participa da vida emissora? Ele não participa da gestão, nunca participou. Nos reunimos uma ou duas vezes por ano para aprovação de orçamento, já que ele é o acionista. Faz mais de um ano que ele veio aqui pela última vez. Ele não tira lucro da emissora. Reinveste tudo e dá liberdade de ação.


Quais artistas de outras emissoras você gostaria de ver na Record? Lima Duarte é um nome maravilhoso. Já conversamos com ele , mas não avançou. Está em outro momento da carreira. Glória Pires, Tony Ramos, Renata Sorrah… Qualquer um gostaria de tê-los no elenco.


E a Xuxa? Não temos, aqui, foco infantil…


É verdade que William Bonner e Fátima Bernardes estiveram prestes a ser contratados? Não chegaram a estar próximos. Foram sondados.


De que atrações de outros canais você gosta? Assisto pouco a TV aberta. Gosto da CNN, de BBC, ESPN, documentários, RecordNews. De humor, gosto do Pânico. Do CQC também gosto.


E a Globo? A Globo eu não assisto, até porque tenho a Record. Se formos comparar produto a produto, nossa programação é muito superior.


Gostaria de comprar os direitos do Campeonato Brasileiro? Ele vive um momento difícil. O futebol está em decadência, não temos mais craques. Esse modelo de uma única transmissão acabou dando menos dinheiro aos clubes e prejudicou o futebol. A audiência cai a cada momento.


A Record tem prazo para passar a Globo? Fizemos um planejamento em 2005. A nossa expectativa era em não menos que cinco anos, e não mais que dez, passar a Globo. Essa projeção continua. Fechamos 2008 com 46% da audiência da Globo. Em alguns meses, chegamos a 50%. Nunca nenhuma outra TV do Brasil teve essa audiência. Nos próximos cinco anos, teremos a possibilidade real de encostar na Globo.’


 


 


Etienne Jacintho


Troca polêmica


‘Johnny Martins, diretor do reality Troca de Família, da Record, falou ao Estado que a emissora ainda não decidiu se o episódio 12 desta edição irá ou não ao ar. O capítulo, que encerraria a temporada, mostra a história da cantora Deborah de Carvalho Prado, que se matou menos de um mês após o fim das filmagens. ‘O material ainda não está editado’, fala o diretor. ‘Isso vai ser decidido depois de (membros da diretoria da Record) analisarem o material.’


Segundo Martins, o marido de Deborah, Oswaldo, quer que o episódio seja exibido. ‘Ele fez uma música póstuma e inédita para colocar na série’, conta. ‘Ele acha que vai ser bom para divulgar a banda dele. Não gosto de julgar, mas pode ocorrer o contrário.’


O diretor garante que, caso o capítulo vá ao ar, Deborah será o foco. A cantora, já no primeiro dia de gravação, falou sobre a relação extraconjugal do marido. Segundo ela, a amante chegou a morar com o casal. Em outubro passado, porém, Deborah quis que ela fosse embora. O marido acatou o pedido, mas não terminou a relação e passou as festas de fim de ano com a amante. Deborah esperou a volta de Oswaldo e, no dia 7 deste mês, se matou.’


 


 


 


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