A efemeridade volátil que são o público de TV quando mais se pensa que não pode surpreender, faz qualquer fundador da mesmo no país, já diria Hebe Camargo. No quesito audiência, Poder Paralelo, até mesmo pela própria emissora, tinha sido fadada à extinção precoce. Seus índices nos milhares de horários em que fora vinculada desde sua estréia não atendiam às expectativas da Rede Record, como forma de adequar a sua audiência, ou em busca de um público que se identificasse e ainda que não chocasse com nenhum grande êxito da líder.
Alguém pensaria em vários chavões para explicar o não crescimento do público para a trama de Lauro Cézar Muniz. Desde o clássico ‘Não passa na Globo? Não assisto novela em outra emissora.’ Na última sexta-feira (29/01), conquistou a liderança isolada no horário das 23h05 às 23h53, chegando à liderança frente à TV Globo. Mesmo sendo exibida quase à meia-noite, a novela Poder Paralelo, do veterano Lauro César Muniz, marcou uma média de 13 pontos contra 12 de Globo.
No mesmo dia, a trama Bela, a Feia também registrou uma boa média, com 13 pontos contra 24 da Globo. O que mostra que o fator preconceito com atrações não globais persiste. Saliento que mesmo sendo líder tem gente que desconhece esse primoroso trabalho dramatúrgico. Obviamente o número absoluto de espectadores é diminuto, mas tem o fator suprimido desta questão. Os fanáticos pela Globo ou assistem à Globo ou desligam a TV.
Falsidades denegridoras
Poderiam muitos dizer que esse é um efeito A Fazenda, mas a segunda edição do show de realidade é um fracasso de Ibope nos dias de semana. Fato a que devemos nos atentar é que a programação da líder nesse horário caducou há mais de uma década. E voltando ao fator preconceito com qualquer coisa do universo que não seja um produto global, as pessoas que assistem a coisas pela qualidade continuaram a manter nesse caso os índices da emissora paulista. Entretanto, os robóticos que só assistem à Globo, para não dar o braço a torcer e assumirem que consomem coisas encriptas e insossas, estes desligam a TV.
Se há muitos anos a desculpa para não usar o controle remoto era que ele não havia sido inventado, resquícios da ditadura etc., hoje vemos que os outros canais cresceram, a líder diminui, mas não necessariamente que o público biônico da emissora carioca tenha migrado. Os que hoje fazem a possível alegria da concorrência vieram e aí estão apenas atendendo uma demanda reprimida de mercado, que queria algo para ver que não fosse favelas de gesso entre outras falsidades denegridoras por via de seu cubo mágico.
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Ator, diretor teatral, cantor, escritor e jornalista