‘Uma mania sobejamente conhecida de jornalistas fora das redações, quando na ociosidade, é criar pautas o tempo todo. Seja na mesa de um bar, seja jogando conversa fora, em qualquer contexto, sempre haverá um coleguinha a sugerir: ‘Isto dá pauta’, ou ainda mais solene, ‘Isto dá matéria’… Quantos de vocês já presenciaram esta cena?
Pois bem, com Francisco Viana, isso acontece vários degraus acima. Seja numa reunião com clientes, ou numa conversa descontraída com empresários, políticos ou amigos, qualquer que seja o assunto, com um entusiasmo contagiante ele propõe rápido: ‘Vocês não acham que isso dá um belo artigo?’ No outro dia, pronto e acabado, surge com um texto primoroso para corroborar a idéia.
Assim é o meu dileto amigo de quase 25 anos, que não é parente formal, mas, mais que isso, um irmão informal e um valoroso parceiro. Autor de vários livros sobre assuntos tão diversos quanto um perfil da Argentina (‘Argentina: Civilização e Barbárie’. Atual Editora), um romance de paixões alucinantes (‘Fragmentos do Éden’. Editora Alegro), uma biografia de pessoas que fizeram a história, uma série de publicações da Editora Três, e o ‘De Cara com a Mídia’ (Editora Negócio), nos brinda agora com uma obra-prima para todos aqueles que queiram aprender o que é comunicação empresarial e exorcizar, de uma vez por todas, os fantasmas que atazanam a vida daqueles que desconhecem o dia-a-dia da profissão de jornalista e os labirintos da mídia. Trata-se do ‘Comunicação Empresarial de A a Z – Temas Úteis para o Cotidiano e o Planejamento Estratégico’, recém-lançado pela Editora CL-A.
Um intelectual viciado em leitura, Francisco Viana é radical no aproveitamento de seu tempo. No aeroporto, enquanto espera seu vôo ser chamado, absorve os jornais do dia recortando tudo o que for de seu interesse presente ou futuro. Suas agendas são arquivos ambulantes com recortes, os mais variados, lembretes e anotações para usos posteriores. Livraria é para ele o que é o parque de diversões para as crianças. Terminávamos um cansativo dia de trabalho em Porto Alegre, e eu já pensando num relaxante banho antes do jantar, ouço sua proposta: ‘Vou passar numa livraria. Nos veremos para jantar lá pelas 8 horas.’ Duas horas depois chega sorridente com dois ou três livros na sacola.
Muito mais que uma coletânea de crônicas publicadas pela ‘Revista Imprensa’, e de artigos publicados na ‘Gazeta Mercantil’ e na revista ‘Justiça e Cidadania’, sobre assuntos referentes à comunicação empresarial, ‘Comunicação de A a Z’ vai muito além do conceito de auto-ajuda. É uma obra de bastante densidade intelectual, semelhante a um baú da história, que abrange casos de comunicação relacionados com personagens tão diversos como Napoleão – um grande marqueteiro, e Alexandre o Grande, da história recente como o Presidente Roosevelt, passando por Juscelino Kubitschek.
Viana começou no jornalismo como repórter de ‘A Tarde’, em Salvador, tendo passado pela sucursal baiana do ‘Jornal do Brasil’, posteriormente vindo para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em ‘O Globo’. Trabalhou ainda com Mino Carta na velha ‘Senhor’, depois na ‘Carta Capital’, e com Domingo Alzugaray em projetos especiais da Editora Três.
Baseado em experiências pessoais e na longa vivência como repórter de grandes jornais, Viana relata com a profundidade necessária vários exemplos de casos de comunicação empresarial em extremos opostos: uns bem-sucedidos, outros que terminaram em desastres. Com prefácio de Paulo Bonadia, um cliente que virou amigo, e a ‘orelha’ escrita por Ney Lima Figueiredo, um dos papas da comunicação estratégica no Brasil, o livro é dividido em seis capítulos que incluem ‘A Arte do Media-Training’, ‘O Impasse da Comunicação Pública’, ‘O Que é Crise de Comunicação’, ‘Da Agenda de Notas, Dilemas e Trunfos do Porta-Voz e os Desafios da Mídia’.
Dentre os vários casos emblemáticos citados destaca-se o que aborda ‘O Inferno do Manipulador’, em que Viana cita exemplos de uma fonte arrogante, que acabou na lista negra das redações por tentar utilizar a mídia para fazer propaganda de seu negócio. No outro extremo, um empresário que sabia ouvir, evitou pisar nas várias cascas de banana que uma das mais experientes jornalistas brasileiras jogou à sua frente, num assunto dos mais perigosos para quem milita no agrobusiness: o trabalho escravo. ‘Cuidado com o conflito. Evite questões polêmicas’ foi o conselho. Saiu vitorioso no embate.
No capítulo sobre o impasse da comunicação pública, Viana cita exemplos da Prefeitura de São Paulo, Cadê, Poder Judiciário e Governos Estaduais. Uma pena que o affair Lula – New York Times tenha acontecido depois do lançamento do livro, pois Viana certamente teria muito a comentar sobre o comportamento do Governo no episódio.
Dois conceitos bastante interessantes norteiam a inclinação filosófica do autor no trato dos problemas de comunicação por ele vividos. O primeiro é que o trabalho do assessor de comunicação é similar ao dos advogados. Enquanto este defende seus clientes perante a justiça, aquele os defende perante a opinião pública. O segundo, é o que constata que ‘no mundo empresarial, os acertos ou erros da comunicação se refletem nos lucros que se realizam ou no que se deixam de realizar. No campo da política, o que está em jogo, a depender da qualidade da comunicação, é o inflexível termômetro da credibilidade’.
‘Comunicação Empresarial’ dirige-se tanto aos empresários que deverão deixá-lo bem visível em suas mesas de trabalho, como para assessores de imprensa que tenham de enfrentar situações com potencial de crise de seus clientes, e aos estudantes de comunicação na busca de ampliar seus conhecimentos antes de ingressar no mercado de trabalho. Útil de A a Z.’
SOFTWARE LIVRE
‘Governo apresenta guia de migração ao software livre’, copyright IDG Now!, 27/05/04
‘O governo federal lança no dia 4 de junho, durante o 5º Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre, o Guia de Referência das Migrações para Software Livre.
O documento estará disponível inicialmente para consulta da Comunidade Brasileira de Software Livre. A intenção do governo é coletar o máximo possível de contribuições do órgão para dar maior apoio técnico.
O guia foi elaborado pelo Comitê de Implementação do Software Livre em parceria com o Comitê de Sistemas Legados e Licenças. Os dois órgãos, em ação conjunta com a Secretaria de Logística eTecnologia da Informação do Ministério do Planejamento (SLTI/MP) e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) levaram cerca de seis meses para desenvolver o material.
O governo já se mobiliza para promover a migração de seus sistemas para o software livre. O Senado Federal, por exemplo, lançou em março o projeto Solis, para a adoção do código-aberto. O prazo para a migração é de dois anos, no máximo três.’