Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O mito da mídia

A mídia possui um caráter que pouco percebemos ou nos importa. Narcotiza ironicamente gentileza e altruísmo social em reportagens que colocam em júri – popular, ético ou empresarial? – os acontecimentos sobressalentes na seleção da imprensa. Seja feita a justiça. Na edição de 11 de maio de Conexão Repórter, do SBT, Roberto Cabrini trata do mito Alani, a menina de sete anos que se tornou conhecida internacionalmente como a pequena missionária do Brasil. Com repercussão além do que qualquer criança poderia suportar, pontua sutil ou explicitamente Cabrini, em absurdos 35 minutos e 4 segundos, o programa faz ingenuamente um metajornalismo às avessas: explora até que ponto toda essa exposição prejudica a vida da menina.

Conexão Repórter se utiliza de edições primárias de corte, enquadramento e trilha, no intento de sensibilizar a recepção. Ainda que questões pertinentes sejam colocadas, não foge à característica de espetáculo, como taxa em alguns momentos os cultos religiosos. Eis o realismo fantástico da mídia! Quão piedoso e justo o programa é ao expor e enredar ao comando do sarcasmo inconsequente de Roberto Cabrini seus personagens em busca de audiência?

Não haveria nenhuma declaração autorizada socialmente – como a da Psicologia tomada como aval de suas acusações aos pais da criança – que vetasse a abordagem que Cabrini faz à Alani? Responda agora: até que ponto toda essa exposição afeta a vida da menina? Estará sendo a fé explorada? Tanto quanto tudo aquilo que a mídia manipula em prol do paganismo comercial.