Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O país das telenovelas

2008 foi um ano fértil para os investimentos em teledramaturgia no Brasil. Com exceção da Rede TV!, as demais emissoras de televisão aberta apostaram na produção de novelas e minisséries para elevar seus índices de audiência. No entanto, nem todos os resultados foram positivos. Mesmo desencorajada pelos baixos índices de Dance, Dance, Dance, a Band levou ao ar a novela Água na Boca. No entanto, a produção não cativou nem mesmo o telespectador que tentava fugir dos noticiosos Jornal Nacional e Jornal da Record. Frente a um roteiro pífio e desestruturado, a emissora viu seu investimento cair por terra: Água na Boca estacionou nos dois pontos de audiência. Com tal resultado, o setor de teledramaturgia foi desativado e a nova ordem é investir em produtos cômicos.

Além da versão brasileira do CQC, desde a segunda metade de dezembro vai ao ar o também humorístico Uma Escolinha Muito Louca, atual carro-chefe da programação. Apesar de resgatar uma nova safra de humoristas brasileiros, o programa realmente deslancha quando entra em cena a lingüista portuguesa Elvira, personagem interpretada pela atriz Pâmela Côto. A atuação de Sidney Magal é outro ponto forte da atração, fazendo jus ao personagem criado por Chico Anysio, no início dos anos 1990.

Minissérie e policial

A Record, que estreou a segunda temporada de Os Mutantes no mesmo dia do primeiro capítulo de A Favorita, fez a trama da Globo amargar a pior audiência de uma novela das oito em dez anos. No entanto, a emissora da Igreja Universal pecou em escalar Os Mutantes para o horário. Com diálogos estapafúrdios e efeitos especiais ao melhor estilo kitsch, em Porto Alegre a trama teve seu horário alterado com o de Chamas da Vida, produção estelar da casa. Mas não foram apenas os gaúchos que deixaram de prestigiar a produção: estagnada nos 10 pontos de audiência – bem distante do pico de 22 da primeira temporada –, a saga dos indivíduos atormentados por uma alteração genética passou despercebida.

O SBT, por sua vez, tenta reorganizar sua teledramaturgia, chorosa desde 2002, quando Silvio Santos apostou em roteiros mexicanos já produzidos pela Televisa. Revelação, apesar de não se tratar de uma superprodução, muito menos contar com atores consagrados em seu casting, vem se mostrando uma produção acertada, com bons índices de audiência para o avançado horário noturno no qual é exibida. Para 2009, a volta do diretor Del Rangel à emissora e a aquisição de 35 obras radiofônicas de Janete Clair apontam um bom caminho.

Dentre as novas produções, a minissérie Maysa – Quando Fala o Coração, da Globo, resgata a intensa trajetória da cantora brasileira, curiosamente captada sob as lentes de seu filho, o diretor Jayme Monjardim. Como de costume, o investimento deve se desdobrar em um longa-metragem homônimo, mirando-se especificamente o mercado externo. A Record, por sua vez, estréia a série policial A Lei e o Crime. Gravada em alta resolução (HDTV), a primeira temporada contará com 16 capítulos ao melhor estilo Tropa de Elite: tráfico de drogas, milícias, policiais corruptos, operações em morros e muitos tiros. Cada episódio custará aos cofres da Record cerca de R$ 600 mil, valor três vezes maior do que o gasto em um capítulo de suas telenovelas.

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Jornalista, mestrando em Ciências da Comunicação na Unisinos, RS