Não conheço estudos sobre as questões mais recorrentes do Jornal Nacional, maior noticiário da Rede Globo. No entanto, é possível afirmar com tranqüilidade que o futebol é um dos principais assuntos. Este é um dos temas que extrapolam o diário televisivo. O futebol está presente em quase toda a programação das Organizações Globo, inserido nos diversos telejornais, meios impressos, rádios e Internet. Não é por menos: este esporte é de fato uma paixão nacional.
Não costumo aceitar a tese de que o futebol é, por si só, um tema ‘alienante’, até porque grandes escritores da esquerda nutrem paixões notáveis pelo mundo da bola. É o caso do pensador uruguaio Eduardo Galeano e do escritor brasileiro Luís Fernando Verissimo. No entanto, a Rede Globo se aproveita com grande eficiência desse fator de atração do grande público. Por conta disso, é estratégico que a emissora domine os horários televisivos e, quase que com exclusividade, o dia-a-dia da Seleção Brasileira, com entrevistas exclusivas e a utilização de alta tecnologia durante as partidas.
Por que a maior parte dos jogos dos campeonatos regionais/nacionais e da seleção começa após a novela das oito? Tais jogos fazem parte da programação da Globo? Além disso, o horário de término das partidas da noite – já quase meia-noite – não condiz com o expediente do trabalhador, que muitas vezes mora distante do trabalho e precisa acordar às seis, cinco e até quatro horas da manhã.
Estes e outros questionamentos são feitos há algum tempo, mas pesquisa rápida pelos ‘botequins’ cariocas constata uma fácil aceitação popular da tese do ‘poder global’ como ‘imbatível’ e de sua força junto às entidades desportivas. Mito? Nesse contexto, tanto o Jornal Nacional quanto outros meios das Organizações Globo ficam muito mais à vontade do que outras emissoras para trabalhar e editar o conteúdo que move milhões e ajuda, em parte, na manutenção do oligopólio da concessionária.
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Editor da revista Consciência.Net, colaborador do Núcleo Piratininga de Comunicação, estudante de Comunicação Social da UFRJ e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) pela ECO/UFRJ