Leitores contrários à imigração ilegal costumam reclamar que o Washington Post tende a apoiar aqueles que vivem ilegalmente nos EUA, escreve a ombudsman do Post em sua coluna de domingo [2/3/08]. Estes leitores preferem que o diário use o termo ‘estrangeiro ilegal’ (‘illegal alien’, em inglês), e não imigrante ilegal, e não gostam de ser descritos como ‘anti-imigrantes’ – já que dizem não ser contra a imigração legal. ‘Eu sou a única incomodada com a constante glorificação de imigrantes ilegais pelo Post? Não se passa uma semana sem algum artigo tocante’, escreveu a leitora Leslie Wilder.
O Post cobre muitos grupos de imigrantes, mas a maior parte da cobertura refere-se a hispânicos que moram nos subúrbios – grupo que gera mais controvérsia. Muitos leitores não gostaram de um artigo, publicado no dia 23/2, sobre o crescimento de esforços anti-imigração ilegal em Maryland. Para eles, não foi feita uma diferenciação clara entre imigrantes legais e ilegais, e no fim ficou parecendo que os esforços são contra qualquer tipo de imigração.
A matéria falava de uma proposta de lei para que a pequena cidade de Mount Rainier se tornasse um ‘refúgio’ para imigrantes ilegais – com população de nove mil habitantes, a cidade, conhecida por sua diversidade étnica, já proíbe que a polícia aplique leis de imigração e questione pessoas nas ruas sobre sua cidadania. O artigo continuava contando que, quando o conselho municipal se reuniu para discutir a proposta, dezenas de moradores da região foram às audiências para se opor a ela. ‘O debate não apenas dividiu vizinhos, como também chamou a atenção de ativistas de todo o estado [de Maryland] preocupados com a imigração ilegal’, dizia o texto, completando que, por conta da falta de consenso, a proposta deve ser arquivada. O artigo gerou crítica de ativistas pró-imigração, que reclamaram que não ficou claro que, na verdade, a maior parte das pessoas que compareceu às audiências era favorável à proposta. Segundo Deborah, foi publicada uma correção sobre isso.
Na opinião de Deborah, as matérias sobre imigração publicadas no Post ao longo do ano passado e este ano foram, em geral, informativas e objetivas. Como o assunto é complexo, diversos repórteres na editoria de cidades o cobrem – e três deles são responsáveis pelo tema em tempo integral. A cobertura é supervisionada pela editora Ashley Halsey. ‘É impossível cobrir o tema sem mencionar os desafios enfrentados por aqueles que estão aqui ilegalmente’, diz Ashley, sobre o ‘lado humano’ das matérias.
Perguntas sem respostas
Mesmo elogiando a cobertura, Deborah acredita que faltam algumas informações para que os leitores possam contextualizar melhor o tema: ‘quantos imigrantes legais são admitidos nos EUA a cada ano, de quais países e em que categorias? Há grupos raciais ou étnicos que recebem mais vistos que outros? Empresas que contratam imigrantes ilegais acreditam que serão descobertas? Por que não há muitas ações para detectar imigrantes ilegais na região? É possível quantificar como imigrantes ilegais afetam o crime, habitação e gastos com educação pública?’. Ashley diz que é problemático dar respostas precisas a estas perguntas, pois é muito difícil haver dados concretos sobre imigração ilegal.