A televisão digital no Brasil, que já está no ar desde 2 de dezembro de 2007, é muito mais que uma mera mudança de qualidade da imagem, pois ela conta com diversas outras possibilidades, dentre elas a interatividade local e com canal de retorno, a possibilidade de inclusão digital e serviços extras.
Essa era de sinal televisivo digital no Brasil é marcada pela possibilidade de se estabelecer um canal de comunicação bilateral entre telespectador e emissora, permitindo que informações complementares sobre os conteúdos fiquem disponíveis para o usuário, ou que dados e informações possam ser repassadas do telespectador à emissora. O telespectador pode ter acesso a vários aplicativos que vêm ao encontro de suas necessidades sociais de forma bastante facilitada e simplificada.
A inclusão social se dá, justamente, por se tratar de uma mídia que se encontra em 92% dos domicílios brasileiros, segundo o PNAD 2005. Assim, cada cidadão estará sendo incluído digitalmente ao usar a TV interativa e ver que ela lhe dá poderes de cidadania, de decisão, de escolha, de participação, de acesso a informações que antes estavam restritas à internet ou outros meios que não faziam parte da cultura da grande massa. Poderá ser disponibilizada, ainda, uma gama de serviços bem variados. Diversos pesquisadores vêm aprimorandos serviços, tais como T-Banking (serviços bancários (extratos, transferências etc.), T-Commerce, T-Government (serviços de governos – Imposto de Renda, solicitação de documentos etc.), T-Health (serviços de saúde (marcar consultas, visualizar exames etc.), T-Learning (material educacional (ensino à distância, material educativo etc.), dentre outros.
Não me faça pensar
Por se tratar da plataforma de televisão digital mais avançada do mundo, surge um novo campo de atuação inovativa: o campo de desenvolvimento e produção de conteúdos dentro de um novo paradigma interativo. A televisão digital conta com o middleware Ginga, que foi normatizado neste começo de abril. O Ginga trabalha com a Linguagem declarativa NCL e Procedural LUA e Java, o que possibilita essa nova concepção inovativa conteudista.
Parece complicado? Mas não é. A comunidade de tecnólogos e pesquisadores dessa nova tecnologia está seguindo a filosofia do livro Não me faça pensar (KRUG, 2006), onde o autor utiliza o argumento: ‘Se algo for difícil de usar, eu não o uso tanto.’ Essa lógica leva a uma reflexão sobre os aspectos de usabilidade como forma de permitir uma interação amigável do homem com os aparelhos mediáticos, neste caso, a TV digital, por meio do decodificador de sinal digital, dito Set-Top-Box. Essa comunidade também está atenta ao custo dessa novidade que, segundo o governo federal, estima-se num custo a partir de R$100,00 para o decodificador de sinal – Set-Top-Box.
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Publicitário, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital, PPGTvD; Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista – Campus Bauru