Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
ATAQUE
Polícia investiga atentado contra jornal no interior
‘A Polícia Civil de Campinas apura a autoria de um atentado a bomba ocorrido ontem à noite contra a sede da empresa RAC (Rede Anhanguera de Comunicação), que edita o ‘Correio Popular’.
Criminosos quebraram uma vidraça do jornal e tentaram jogar uma granada, que caiu na calçada e não explodiu. O esquadrão antibomba foi chamado. Não houve feridos e ninguém foi preso. Segundo a polícia, o ato pode ter relação com reportagem publicada ontem sobre um preso com supostas ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital).’
OBAMA PRESIDENTE
Basta a Sasha
‘PARIS – Por uma questão de transparência, tenho que confessar que o texto ontem publicado foi produto de um esforço sobre-humano para ser suave em relação ao discurso de Barack Hussein Obama (por que diabos o locutor oficial da cerimônia abreviou o ‘Hussein’ para agá apenas?).
Explico: jornalistas acabam endurecendo o coração, especialmente se estão há muito tempo na linha de frente e mais ainda se o fazem em uma região como a América Latina, em que há mais dores a contar do que glórias a cantar.
Como se fosse pouco, passou de todos os limites a sugestão explícita ou implícita de quase toda a mídia planetária no sentido de que foi o governo Bush quem eliminou todos os méritos dos Estados Unidos e criou todos os seus pecados. Logo, sem Bush, acabam também todos os defeitos e ressurgem todas as qualidades.
Tolice. Os Estados Unidos são um império que ganhou todas as guerras de que participou, menos uma (Vietnã), e age como tal, para o bem ou para o mal, antes como depois de George Walker Bush cometer todos os erros que de fato realçaram o mal e esconderam o bem.
Obama, portanto, não vai refundar os Estados Unidos, ao contrário do que prometeu. Na melhor das hipóteses vai limpar a sujeira. Ponto.
Mas o que definitivamente contou para o texto foram aquelas duas meninas negras, filhas do casal Obama, e seu jeito na cerimônia, comportadas sem serem reprimidas por um Barack mais pai que presidente, por uma Michelle mais mãe que primeira-dama -todos, enfim, sem qualquer sinal exterior de empáfia de primeira-família.
Ah, o polegar para cima da mais novinha, Sasha, para o pai, após o discurso, dispensa qualquer editorial contrário (ou até favorável) de qualquer jornal. É tudo que qualquer pai, mesmo pai-presidente, pode querer.’
CARTÃO CORPORATIVO
Maioria de gastos com cartão da TV Brasil são em saques
‘Contrariando norma baixada pelo governo, a TV Brasil abusou dos saques em dinheiro com o cartão corporativo em 2008, seu primeiro ano de funcionamento. As retiradas foram responsáveis por mais da metade das despesas feitas pelos servidores da emissora que dispõem de cartões, aponta levantamento feito no Portal da Transparência.
Dados do portal mostram que 74 servidores da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), a qual está vinculada a TV Brasil, possuem cartões corporativos. Juntos, os funcionários gastaram R$ 162,7 mil, dos quais R$ 82 mil foram sacados.
O uso recorrente dos cartões em caixas eletrônicos vai contra a determinação do governo federal em busca de transparência dos gastos públicos. A explicação é simples: quando o cartão é usado para saques não é possível saber precisamente onde o gasto foi realizado, abrindo margem para a utilização de notas frias nas prestações de contas.
Por esse motivo, os ministros Jorge Hage (Controladoria Geral da União) e Paulo Bernardo (Planejamento) limitaram os saques a 30% das despesas de cada órgão.
Contra a corrente
A regra foi criada no ano passado em meio à crise causada pelo uso irregular dos cartões por ministros do governo. O abuso dos saques foi censurado por Hage e Bernardo.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a TV Brasil informou que não descumpriu a norma do governo e que os saques em 2008 não superam o limite de 30% se forem considerados todos os gastos com ‘suprimento de fundos’ -além do cartão corporativo, inclui a conta B, cujos gastos são feitos por meio de cheque.
A TV Brasil não comentou, no entanto, o fato de os saques em caixas contrariarem a tendência verificada no restante dos órgãos do governo, que, seguindo as novas normas, conseguiram reduzir a modalidade a níveis residuais.
Não há provas de ilegalidades nos gastos feitos por meio de dinheiro sacado, mas sua fiscalização torna-se mais difícil.
No ano passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) identificou o uso de notas frias em cerca de 25% dos comprovantes de gastos da Abin (Agência Brasileira de Investigação) -órgão do governo que mais recorre aos saques com cartão corporativo.
A Folha apurou que grande parte dos cartões da EBC é utilizada pelos repórteres e produtores da emissora -em geral, para o pagamento de diárias em viagens e para cobrir despesas com a produção de reportagens.
Em pelo menos dois casos, os cartões corporativos foram usados em compras no exterior -gasto não previsto nas normas divulgadas pela CGU. Foram gastos R$ 20 mil.’
INTERNET
Rede de computadores do governo federal registra 87 ataques virtuais por hora
‘As 320 redes de computador do governo federal são alvos diários de milhares ‘crackers’, ou seja, pessoas dispostas a invadir sistemas para recolher informações sigilosas, fazer chantagem virtual e disseminar vírus. Todos os dias é registrada uma média de 87 ataques virtuais por hora nas máquinas de ministérios, secretarias e estatais.
Entre 2007 e 2008, o número de notificações diárias saltou de 1.260 para 2.100, um aumento de 40%, segundo o Centro de Incidência de Redes, órgão subordinado ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República e responsável por proteger os computadores de todos os órgãos do Poder Executivo.
O GSI criou, esta semana, um comitê para cuidar da segurança da informação do órgão. Decidiu dar o primeiro passo para motivar outras áreas do governo a se protegerem dos ataques.
As milhares de notificações diárias referem-se a invasões e, principalmente, a ‘spams’ (mensagens comerciais não solicitadas) e ‘fishings’ (mensagens com arquivos que ‘pescam’ dados) que as próprias redes não conseguem evitar.
Segundo o diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações do governo, Raphael Mandarino, apenas uma rede do governo, em 2007, sofreu mais de três milhões de ataques distintos.
As invasões são tratadas sob sigilo pela Presidência da República, que conseguiu identificar mais de 30,6 mil tentativas e ataques no ano passado. A maioria deles são feitos por computadores registrados no Leste europeu e no sudoeste asiático. ‘O que me preocupa são as que não detectamos’, afirma Mandarino.
Para se proteger, o governo contrata ‘white hats’, uma espécie de ‘hackers’ do bem. No entanto, eles não conseguiram evitar, em 2007, o sequestro das senhas de um servidor de um importante órgão federal. Mas foram capazes de desvendar o código usado pelo sequestrador e evitar o pagamento do resgate de US$ 250 mil solicitado pelos criminosos. O caso está sendo investigado pela Interpol.
Dados do próprio governo revelam que 48% dos órgãos federais não possuem procedimentos de controle de acesso. A análise de risco é feita apenas por 25% das instituições e a grande maioria não é capaz de normalizar a rede após os ataques.
O Tribunal de Contas da União já alertou para a fragilidade das redes do governo federal. Conforme portaria publicada no ‘Diário Oficial’ da União, o GSI montou um comitê para reforçar a segurança e padronizar os sistemas usados pelo próprio gabinete bem como os utilizados pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e pela Secretaria Nacional Antidrogas. ‘Estamos dando exemplo’, diz Mandarino, informando que agora será mais fácil controlar o acesso a informações sigilosas bem como fazer rastreamento em caso de vazamento de dados da agência de inteligência.’
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Do mercado
‘No topo das buscas de Brasil pelo Google News, a Bloomberg anunciava que o Banco Central poderia ‘cortar os juros para conter a recessão’, afinal. E que em sua pesquisa com 49 economistas, 25 apostavam no corte de 0,75 ponto, 16 em 0,5 e só 8 em 1.
No topo das buscas pelo Yahoo News e na manchete do UOL no final do dia, ‘Expectativa sobre juros faz Bolsa subir’. Por ‘expectativa’, leia-se o corte de 0,75, aposta de quase todo o mercado.
Pois o mercado perdeu. Às 20h na Folha Online, Henrique Meirelles ‘surpreende’, corta a taxa em 1 ponto e avisa que é só o ‘início’. ‘Economistas do mercado’ saíram reclamando no Globo Online que foi ‘arrojado’ e expõe a economia a ‘risco’.
O SISTEMA FALIU
Coincidindo com a estreia de Barack Obama, Nouriel Roubini deu palestra em Dubai e a Bloomberg destacou sua declaração de que o sistema bancário americano está ‘efetivamente insolvente’. Mais, ‘os problemas de Citi, Bank of America e outros sugerem que o sistema faliu’. As perdas podem bater em US$ 3,6 trilhões.
O site de Roubini, RGE Monitor, trata do Brasil num outro post, de Brian Butler, que sublinha a crise mexicana e sugere aos investidores, no enunciado, ‘O México cai, mas não punam o Brasil…’. As duas economias estariam ‘respondendo de forma diferente à crise global’.
SEM HUGO CHÁVEZ
Com ampla repercussão externa, a Petrobras anunciou que pode construir a refinaria de Pernambuco sem a venezuelana PDVSA. Dias atrás, a Venezuela foi manchete do ‘NYT’ ao reabrir contatos com petroleiras americanas, sedenta de recursos.
EXXON NO PRÉ-SAL
Também em destaque nos sites de busca de notícias, o ‘WSJ’ e outros informaram ontem que a americana ExxonMobil anunciou ter encontrado ‘traços de petróleo’ em seu bloco na bacia de Santos, o último a ser perfurado na camada pré-sal.
‘SUERTE’
Sozinho no mundo, o jornal estatal cubano ‘Granma’ escondeu a posse de Obama em sua página 4, ontem. Mas Raúl Castro surgiu no final do dia para desejar ‘sorte’ ao novo presidente, que ‘parece um bom homem’
UNILATERAL
Na manchete on-line do espanhol ‘El País’, ‘Reaparece Fidel Castro’. Pelo menos foi o que Cristina Kirchner contou à agência argentina Telám, sobre o encontro com o cubano, que pareceu estar ‘muito bem’.
No mesmo jornal, o mexicano Jorge Castañeda sugeriu que Obama avance na relação com Cuba através de ‘um fim unilateral ao embargo’. E que Lula, o mexicano Felipe Calderón e outros deem então ‘apoio público’ para Cuba se democratizar e não seguir a via vietnamita ou chinesa, de abertura econômica sem abertura política. O problema, escreve, é que Fidel, se vivo, não aceitaria.
OBAMA E A DITADURA
Agências e jornais ocidentais como o ‘NYT’ relatam que a mídia estatal chinesa censurou o discurso de Barack Obama, anteontem. A rede CCTV transmitia ao vivo até que ele questionou o ‘comunismo’. Ao surgir a palavra, na tradução simultânea, som e vídeo foram cortados para um âncora da transmissão, no estúdio, que titubeou antes de chamar um comentário de economia.
Um editor do ‘China Daily’ disse à AP que os redatores que censuraram a transcrição on-line do pronunciamento buscavam ‘proteger os interesses nacionais’.
CAMPEÃO DE AUDIÊNCIA
O tráfego pela internet nos EUA bateu recorde no início do discurso de Obama, segundo a Packet Clearing House, órgão sem fins lucrativos que ‘analisa audiência on-line’ -escolhido como fonte pelo ‘NYT’, que evitou assim os levantamentos inconfiáveis da web.
‘Todos queriam vídeo.’ A CNN diz que ‘alimentou’ 21,3 milhões de ‘streams’, contra 5,3 milhões na eleição. A certa altura, 1,3 milhão simultaneamente.
Foi também dia de recorde para o Twitter, que postou até gráfico em seu blog oficial, com pico de audiência no momento do juramento de Obama.
EM GAZA
Depois de CNN e outras televisões ocidentais, também uma emissora do Brasil conseguiu enfim entrar na região isolada da Palestina, já levando reportagem anteontem ao ar (acima). E desta vez foi a Record’
PROPAGANDA ENGANOSA
Bancos são multados em quase R$ 3 mi por propaganda enganosa
‘Quatro bancos foram multados em mais de R$ 2,8 milhões pelo DPDC, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, ligado à SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, por propaganda enganosa.
Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Real e Banespa Corretora, os dois últimos controlados pelo grupo Santander, ofereceram fundos de investimento de renda fixa sem informar aos clientes, de forma clara e objetiva, conforme previsto no Código de Defesa do Consumidor, sobre os riscos que corriam ao aplicar o dinheiro nesses produtos.
Segundo o DPDC, a maior incidência dos problemas foi verificada ainda antes da assinatura dos contratos, quando os clientes eram induzidos ou acreditavam investir em um fundo que não oferecia a menor possibilidade de perdas.
‘A informação é pedra fundamental em uma relação de consumo. (…) O que chamou muita atenção, em alguns casos, é que não havia nenhuma informação [caso da CEF e BB]’, disse Juliana Pereira, diretora substituta do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor.
No caso da Banespa Corretora, a informação da instituição era que o negócio não tinha risco. ‘Era uma coisa até mais delicada, porque uma coisa é a omissão da informação, absolutamente relevante nesse negócio, outra é a informação com teor de engano’, completou Juliana.
O trabalho de investigação do órgão ligado à Secretaria de Direito Econômico começou em 2003, quando surgiram denúncias da propaganda enganosa. Os bancos terão dez dias para apresentarem defesa ao Ministério da Justiça.
Nos fundos de renda fixa, o patrimônio é aplicado em títulos públicos e privados. Nos fundos de renda fixa, é permitido aplicar parte dos recursos em ações, investimento de renda variável, com o objetivo de buscar um lucro maior -mas aumentando os riscos.
Outro lado
O Banco do Brasil, que recebeu a maior multa, de R$ 1,5 milhão, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai analisar a decisão e chegará a um posicionamento nos próximos dias.
A Caixa, multada em R$ 218 mil, disse que não foi notificada oficialmente e que só depois disso ocorrer iria se pronunciar sobre o assunto.
O Santander, que controla o Banco Real (multado em R$ 249 mil) e o Banespa (R$ 861 mil), apresentou o mesmo argumento: disse que se reserva ‘ao direito de não se manifestar sobre o assunto enquanto não completar tal análise’.’
CONCESSÃO
Rede de banda larga cria impasse entre Anatel e teles
‘A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) está diante de um problema. Há dois dias, pediu às operadoras de telefonia fixa que fosse incluída uma cláusula nos contratos de concessão -renovados em 2005 e que tiveram aditivos em 2008- prevendo que, após o vencimento das concessões, em 2025, a União ficará com a rede de acesso à internet em banda larga (‘backhaul’).
Hoje, representantes das teles se reúnem na agência, em Brasília, para decidir sobre a proposta.
Com o vencimento dos contratos de concessão, em dezembro de 2005, a Anatel decretou que as metas de universalização da telefonia fixa haviam sido cumpridas. Na renovação, novas metas foram definidas. Em vez de orelhões, preferiu-se a instalação de PSTs (Postos de Serviços Telefônicos), uma espécie de agência com pelo menos três linhas telefônicas, acesso à internet discada e fax.
As operadoras passaram então a negociar a troca dessas obrigações pela instalação do ‘backhaul’ para massificar o acesso aos serviços de telecomunicações no país. A mudança foi definida por decreto, que modificou o PGMU (Plano Geral de Metas de Universalização), em abril de 2008.
Em setembro, a Pro Teste, instituição de defesa do consumidor, entrou com ação civil pública, considerando ilegal a troca de metas. Para ela, a LGT (Lei Geral das Telecomunicações) estabelece que o serviço de telefonia fixa faz parte do STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado), que tem caráter público. ‘Ao fim dos contratos, o Estado retoma a posse das redes’, diz Rogério Gonçalves, diretor de assuntos regulatórios da Abusar (Associação Brasileira dos Usuários de Acesso Rápido), que ajudou a Pro Teste na ação. ‘O serviço de acesso à banda larga segue as determinações impostas pelo SCM (Serviço de Comunicação Multimídia), de caráter privado.’
Segundo ele, ao definir a expansão da banda larga (um serviço privado) como meta de universalização do STFC (um serviço público), a Anatel abriu espaço, por exemplo, para que as teles utilizem recursos da assinatura mensal básica -cobrada nas contas telefônicas- e do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) para custear a construção do ‘backhaul’, uma rede privada.
‘Isso é subsídio cruzado’, diz Flávia Lefrève Guimarães, advogada da Pro Teste e integrante do Conselho Consultivo da Anatel. Ainda segundo ela, a agência retirou dos contratos uma cláusula que determinava a retomada do ‘backhaul’ pela União, um princípio chamado de ‘reversibilidade’.
A Anatel confirma que houve alteração nos textos enviados à análise do Conselho Consultivo e o que foi assinado pelas teles. Mas, ainda segundo a agência, nos contratos está escrito que são reversíveis a infraestrutura da telefonia fixa (STFC) e os equipamentos que lhes dão suporte. No PGMU, o ‘backhaul’ é definido como rede de apoio do STFC porque, além de trafegar dados, ele também presta serviços telefônicos. Estaria, portanto, implícita a reversibilidade do ‘backhaul’.
A Folha apurou que não há consenso entre as teles. Na consulta pública, elas foram unânimes em afirmar que o ‘backhaul’ não era um serviço essencial ao STFC e, portanto, não seria reversível. Na reunião de hoje, a agência tentará convencê-las de que a inclusão da cláusula nos contratos é necessária para avance o plano de expansão da banda larga. Atualmente, ele está sob judice porque, entre as diversas acusações contra a Anatel, a juíza da 6ª Vara do Tribunal Federal Regional quer que fique provado que o ‘backhaul’ é um patrimônio público essencial.’
AQUISIÇÃO
Ex-agente da KGB compra o ‘Evening Standard’, de Londres
‘O grupo que controla o ‘Evening Standard’, tradicional vespertino de Londres, confirmou que o jornal foi vendido ‘por uma quantia simbólica’ a Alexander Lebedev, 49, oligarca russo e ex-agente da KGB (antigo serviço secreto soviético).
Com tiragem de aproximadamente 280 mil exemplares, o jornal pertence ao mesmo grupo que controla o matutino ‘Daily Mail’, que conservará 25% de sua participação. Há alguns anos, o ‘Evening Standard’ sofre queda na receita.
Lebedev é dono da ‘Novaya Gazeta’, um dos poucos jornais russos a fazer oposição ao seu ex-colega, o premiê Vladimir Putin, também egresso da KGB. O empresário é dono de US$ 3 bilhões, de acordo com o ranking da ‘Forbes’.
Lebedev disse que seu interesse pelo jornal vem dos dias em que serviu como espião em Londres, nos anos 80. O negócio suscitou polêmica no Reino Unido, reduto dos novos bilionários russos, muitos deles ex-burocratas do antigo regime soviético.
Congresso adiado
A World Association of Newspapers anunciou ontem o adiamento, sem data prevista, do seu congresso anual, que reúne editores de todo o mundo e que estava marcada para março, na Índia. A entidade afirmou que o ‘impacto da crise financeira nos jornais’ poderia diminuir o número de participantes no congresso.
Com agências internacionais’
INVESTIGAÇÃO
Folha de S. Paulo
Polícia prende suspeito de sequestrar repórter da Globo
‘A Polícia Civil de SP anunciou ontem que prendeu um suspeito de envolvimento no sequestro do repórter Guilherme Portanova e do técnico Alexandre Coelho Calado, ambos da TV Globo. O crime ocorreu em 2006.
O delegado Rubens Eduardo Barazal, da Diap (Divisão de Inteligência e Apoio Policial), disse que o objetivo era localizar Sérgio Moura da Silva, que já tinha um pedido de prisão preventiva expedido por suspeita de ter participado do sequestro.
Silva estava num Palio com Weberson Silva Teodoro e Diego de Oliveira Jesus -todos seriam integrantes de uma quadrilha de tráfico de drogas- na segunda-feira, no Morumbi (zona oeste), quando os três foram presos.’
TELEVISÃO
Carnaval obriga Globo a sacrificar Oscar
‘A cúpula da Globo decidirá em reunião na próxima terça o que fará do Oscar de 2009. Neste ano, a principal premiação do cinema mundial ocorrerá em 22 de fevereiro, coincidentemente domingo de Carnaval.
Apesar de a decisão ainda não ter sido tomada, já existe um esboço do que deverá acontecer. É quase certo que o Oscar será sacrificado, sem transmissão na íntegra da cerimônia realizada em Los Angeles. Estuda-se uma exibição integral ao vivo alternativa, por algum canal pago do grupo, como Globo News, e uma gravada na própria Globo, no dia seguinte.
A Globo deverá repetir neste ano o mesmo esquema dos últimos domingos de Carnaval. Como os desfiles do Rio aos domingos começam pouco depois das 21h, a emissora desfigura sua tradicional grade de programação para não atrasar a exibição da folia.
Excepcionalmente nesse domingo, o ‘Domingão do Faustão’ termina às 19h, quando entra no ar o ‘Big Brother Brasil’. O ‘Fantástico’, a partir das 20h, dura só uma hora.
O mais provável, neste ano, é que os vencedores do Oscar, que se inicia por volta das 22h30, sejam informados durante as transmissões do Carnaval. Falta definir como isso ocorrerá: se haverá uma pequena janela com imagens ao vivo de Los Angeles, ou se entrará momentaneamente em tela cheia. O Carnaval tem prioridade. Dá mais ibope e dinheiro.
BOLA DENTRO 1
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou ontem de manhã, no Palácio do Planalto, em Brasília, o programa ‘Bola da Vez’, que a ESPN Brasil exibe neste sábado, às 22h30.
BOLA DENTRO 2
Em entrevista a Paulo Vinicius Coelho (o PVC), Helvídio Mattos e João Palomino, o corintiano Lula criticou o continuísmo nas federações e confederações. Lembrou que Ricardo Teixeira, presidente da CBF, já estava à frente da entidade em 1989, quando se candidatou à Presidência da República pela primeira vez.
ROMEU E JULIETA
Um casal de belos atores da Globo está levando a ficção para a vida real. Os dois são casados, mas estão se ‘pegando’ nos bastidores.
MULTIMÍDIA 1
A apresentadora Regina Volpato, do SBT, se demitiu do ‘Casos de Família’ por meio de seu blog. Em comentário a leitores, anteontem, avisou: ‘Quem quiser acompanhar a gravação do programa, apresentado por mim, é melhor vir até o dia 28 de fevereiro’.
MULTIMÍDIA 2
O contrato de Regina com o SBT termina em 1º de março. Ela enfrentou tentativas de Silvio Santos de popularizar ainda mais seu programa.
COELHADA
A Globo está exibindo no final de ‘BBB 9’ um ‘esclarecimento’ de que a música ‘O Coelhinho’ é de autoria de Duhilia Frazão Guimarães Madeira’. Cumpre decisão judicial. A música foi usada numa brincadeira de ‘BBB 8’.’
Juliana Lugão
‘Maysa, Estudos’ homenageia cantora
‘No embalo da minissérie da Rede Globo sobre a vida da cantora Maysa, encerrada na semana passada, a TV Cultura exibe hoje ‘Maysa, Estudos’.
Gravado em 1975 e recentemente remasterizado, o programa será apresentado no dia em que a morte da cantora completa 32 anos.
Produzido por Antonio Abujamra e Dorival Dellias, ‘Maysa, Estudos’ revela a personalidade inconstante da artista -que tenta se manter fria, a pedido do diretor.
O programa lembra o ‘Ensaio’, também da Cultura. As falas da cantora são respostas a não se sabe que perguntas e servem mais para introduzir as canções que serão apresentadas ora ao lado do então jovem Paulo Moura, ora a capela.
Durante o programa, o repertório interpretado por Maysa inclui músicas de Vinicius de Moraes, Tom Jobim, composições dela própria e, como não poderia deixar de ser, ‘Ne Me Quitte Pas’, eternizada na voz da francesa Edith Piaf, uma das referências da cantora brasileira.
Para quem se incomodou com os playbacks da minissérie global, em que a voz da cantora pouco se encaixava com a boca da atriz, esta é uma oportunidade de ver o rosto e a voz combinados, em performances muito mais intensas.
MAYSA, ESTUDOS
Quando: hoje, às 22h10
Onde: TV Cultura
Classificação: não indicado a menores de 12 anos’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
CULTURA
Maestro John Neschling é demitido da Osesp por e-mail
‘Por causa de reações negativas a entrevista concedida ao Estado, o maestro John Neschling foi demitido ontem da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) por e-mail. A decisão, assinada pelo presidente do Conselho de Administração da Fundação Osesp, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi unânime. Por meio de assessor, Neschling, que está na Grécia, afirmou que recebeu a carta por e-mail ontem à tarde, que vai conversar com algumas pessoas para entender melhor a situação e que não vai se pronunciar sobre a demissão até seu retorno, no final da próxima semana.
Neschling já havia comunicado, em 13 de junho do ano passado, que só permaneceria à frente da orquestra até 31 de outubro de 2010. Mas, diz a carta de FHC, como as declarações do maestro ao Estado, em entrevista publicada no dia 9 de dezembro, repercutiram negativamente entre os músicos, o conselho reuniu-se para analisar a entrevista e ‘estimar seu efeito’ nas condições em que a sucessão no comando da orquestra se daria ‘nos quase dois anos ainda por decorrer até a expiração do atual contrato’.
‘À luz da gravidade dos termos daquela entrevista, que coroa uma série de manifestações na mesma direção, o Conselho de Administração, com pesar, mas no cumprimento de seu dever estatutário (…), decidiu, por unanimidade, pela ruptura contratual imediata’, afirma o texto. ‘A manifestação pública de Vossa Senhoria deixa poucas dúvidas quanto à possibilidade – como era nossa intenção – de uma convivência harmoniosa, no processo de sucessão, evidenciando conduta indesejável e inconciliável com o desempenho das atribuições contratuais’, prossegue a carta.
‘PROJETO MEU’
Na entrevista, Neschling criticou ter sido marginalizado do processo sucessório. ‘Estou preocupado com a maneira como a sucessão está sendo feita. E magoado por ter sido excluído do processo’, disse. Ele também declarou que há 12 anos a Osesp ‘era inexistente, existia mal e porcamente, estava acabando’ e que, sob seu comando, ‘uma orquestra que não existia fez de São Paulo um centro sinfônico’.
Ele afirmou ter proposto uma transição ‘mais lenta’ e ‘pacífica’. ‘Pedi mais dois anos de contrato ao longo dos quais eu regeria menos e ajudaria a procurar um substituto. Não obtive resposta’, declarou.
Neschling afirmou também estar preocupado com o futuro. ‘A Osesp é um projeto meu, não deles. Mas, agora, é deles, daqueles que não me quiseram mais na orquestra, a responsabilidade de levá-la adiante. O perigo é imenso. A possibilidade de dar errado é grande porque não há um projeto claro.’
Na carta de demissão, Fernando Henrique Cardoso lamenta que ‘o passo natural de renovação’ não tenha sido ‘percorrido de melhor maneira’ e encerra com ‘justas homenagens pelo admirável trabalho realizado’.’
OBAMA PRESIDENTE
Casa Branca lança site mais interativo
‘Na internet, a transição da gestão George W. Bush para o governo de Barack Obama ocorreu em tempo real. Poucos instantes após o fim do juramento feito pelo 44º presidente americano, o site da Casa Branca (www.whitehouse.gov) já estava sob nova direção. Agora, o Executivo dos EUA conta com um blog, no qual serão publicadas notícias e outras informações sobre o governo. Obama também disponibilizará no site um videocast aos sábados, para se comunicar com os americanos.
Entre outras mudanças, foram removidos da página os perfis de George W. Bush, Laura, Barney (o cão do ex-presidente), Dick e Linn Cheney. Entraram as biografias de Obama, da primeira-dama Michelle, do vice-presidente Joe Biden e de sua mulher, Jill. O site também ganhou quatro destaques em flash na parte principal. A seção que traz a história dos presidentes e as curiosidades sobre a Casa Branca foi reformulada. A íntegra e o vídeo do discurso de posse já foram veiculados no site. Todo o programa de governo de Obama também foi postado na rede.
De acordo com Macon Philips, diretor de novas mídias para a Casa Branca e um dos blogueiros oficiais do site, Obama pretende se conectar com o mundo e com os EUA por meio do portal. O povo americano poderá se informar sobre as principais decisões do novo presidente por meio do recebimento de alertas encaminhados por e-mail. ‘Obama está comprometido a fazer a administração mais aberta e transparente da história’, afirmou Phillips. Os internautas também podem participar com o envio de sugestões, contribuindo assim para a inserção de novas funções no site. Além disso, todas as leis não emergenciais serão publicadas na página para que o público faça sua análise e apresente sugestões de eventuais mudanças nas regras. O presidente, promete Phillips, vai levá-las em consideração.’
Cláudia Trevisan
China censura trechos do discurso
‘Referências à luta contra o comunismo e o ataque a governos que silenciam dissidentes desapareceram da versão em chinês do discurso do presidente Barack Obama distribuído pela agência oficial de notícias e reproduzido por toda a imprensa da China. Os censores retiraram a palavra ‘comunismo’ e cortaram dois parágrafos inteiros.
A transmissão ao vivo da cerimônia de posse pela rede de TV estatal CCTV teve uma interrupção abrupta quando o americano fez menção ao comunismo. Sua imagem sumiu e, em seu lugar, apareceu a âncora da TV, visivelmente surpreendida. Na versão escrita, a palavra foi cortada da frase ‘Lembrem-se que gerações anteriores enfrentaram fascismo (e comunismo) não só com mísseis e tanques, mas com alianças vigorosas e convicções duradouras’.
Dos dois parágrafos suprimidos, a frase aparentemente sensível era: ‘Aos que se aferram ao poder pela corrupção, fraude e silenciamento dos adversários, saibam que estão do lado errado da história.’ Apesar das reformas econômicas dos últimos 30 anos, a China continua a ser governada pelo Partido Comunista, e há milhares de dissidentes na prisão, sob vigilância ou no exílio.
Mesmo com as divergências ideológicas, o jornal oficial China Daily, editado pelo Conselho de Estado, publicou editorial no qual classificou a relação entre China e EUA como uma das mais ‘influentes’ do mundo e conclamou Obamaa manter a política de George W. Bush em relação ao país. ‘A boa notícia para Obama é que seu antecessor, durante seus oito anos de mandato, construiu uma sólida base para uma das relações mais influentes do mundo’, afirmou o editorial.’
Verissimo
Celebridades
‘Ajuda se, antes ou além de ser presidente, você for uma celebridade. John Kennedy é um exemplo disto. Não foi um grande presidente, mesmo porque não teve muito tempo. Mas sua promessa, sua imagem e tudo o que contribuiu para torná-lo uma celebridade – a boa estampa, a juventude, a família fotogênica – lhe garantiram um lugar na História maior do que sua presidência merecia. Hoje se sabe que seus atos de heroísmo na guerra não foram bem assim, sua reputação intelectual era exagerada e ele devia sua eleição ao dinheiro e às manobras do pai, um conhecido patife. Não importa. A celebridade sobreviveu à desmistificação.
W. Bush conseguiu ficar oito anos na presidência sem se transformar em celebridade. O Nixon, tão anticarismático e lúgubre que até hoje ninguém explica sua carreira política, também não chegou a ser celebridade. Jimmy Carter também não. Ronald Reagan era, e a celebridade o ajudou a ser lembrado como um presidente marcante mesmo por quem abominava a sua política. Bush pai não era. Clinton continua sendo.
Já o Baraca foi eleito celebridade internacional antes de ser eleito presidente dos Estados Unidos. Sua viagem à Europa durante a campanha foi uma turnê de estrela pop e as multidões que iam vê-lo não iam ver o político, iam ver a celebridade. Ele é o presidente mais exótico que já chegou à Casa Branca, o que lhe valerá cobertura inédita e mitificação instantânea. Sem nunca ter sido artista, costureiro ou playboy ou sequer ocupado outro cargo de comando, Barack Obama chega à presidência como a maior celebridade de todas.
Assistir à posse de um presidente americano é um pouco como assistir à entrega dos Oscars. Você sabe que está apenas espiando uma festa autocongratulatória dos outros mas não pode deixar de se emocionar. Afinal, também é a maior festa republicana do planeta. Por causa da cor da pele do Baraca, a emoção desta era maior – se bem que o fato de ele estar sendo empossado num prédio construído em grande parte por escravos é simbólico, mas não é exatamente relevante: Barack Obama não descende de escravos. Mas foi bonito. No ‘mall’ que separa o Capitólio do memorial ao Lincoln existe um grande lago.
Dizem que o Obama não quis ir a pé do Capitólio para a Casa Branca depois de empossado, como fez o Jimmy Carter, porque não resistiria à tentação de caminhar sobre as águas do lago. O que, isto sim, significaria uma revolução racial.’
NOVOS TEMPOS
‘El País’ vai unir versões impressa e online
‘O jornal El País, da Espanha, anunciou esta semana que vai unificar suas versões online e impressa, numa reestruturação que resultará na criação de três novas companhias. Segundo o Grupo Promotora de Informaciones S.A. (Prisa), que edita o diário, o jornal será refundado como uma empresa de produção de conteúdos para papel, internet e celulares. A reestruturação, que começa em 1º de março, não implicará em demissões, informou o grupo, que tem 500 funcionários.
‘Em cinco anos, tenho certeza que haverá jornais impressos. Em 15, não estou certo de que continuem a existir da forma como os conhecemos’, disse o diretor da Prisa, Juan Luis Cebrián. Segundo ele, esta é a maior ‘transformação cultural’ pela qual o jornal já passou desde a sua fundação, em 1976.
Além da fusão das redações de internet e do impresso, a mudança inclui a criação de uma empresa responsável pela administração, recursos humanos, distribuição e tecnologia do grupo, e de outra que cuidará da produção industrial. As três companhias continuarão funcionando na atual sede do El País, em Madri.
‘É um plano de sobrevivência’, afirmou Cebrián em reunião com jornalistas e ex-diretores da publicação, onde anunciou as mudanças. Segundo o executivo, a reestruturação permitirá à empresa ganhar competitividade e assegurar o seu futuro num contexto de crise ‘que pode deixar como pequena a depressão dos anos 30’. Cebrián acredita que os veículos de comunicação foram um dos setores que sofreram de imediato os impactos da crise, ao lado dos segmentos de construção civil e automobilístico.
Um dos principais diários espanhóis, o El País tem uma tiragem média de 465.457 exemplares, segundo seu site oficial.’
INVESTIGAÇÃO
Preso acusado de sequestrar repórter
‘O flamenguista Sérgio Moura da Silva, de 27 anos, conhecido como Mufamba, foi preso por policiais do Departamento Estadual de Narcóticos (Denarc), na segunda-feira. Apontado pela polícia como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), ele estava foragido e com a prisão preventiva decretada por envolvimento no sequestro do jornalista Guilherme Portanova e do auxiliar técnico Alexandre Calado, da TV Globo, em 12 de agosto de 2006.
Com Silva, foram presos Weberson Silva Teodoro, de 28 anos, o Beiço, e Diego de Oliveira Jesus, de 21, o Magricela. Segundo o delegado Rubens Barazal, da Divisão de Inteligência e Apoio Policial (Diap) do Denarc, os três são investigados por suposta participação nos arrastões no Edifício Tulipa, nos Jardins, zona sul, e no Condomínio Itatinga, no bairro Pedra Branca, zona norte, há pouco menos de duas semanas.
O Denarc investigava os acusados havia três meses e chegou até eles por meio de uma denúncia. Silva, Teodoro e Jesus ocupavam um Palio com placas adulteradas, nas proximidades da Avenida Morumbi, na zona sul, às 23 horas de segunda-feira, quando foram abordados por investigadores.
O delegado contou que Silva e os parceiros usavam documentos falsos. Os criminosos também eram investigados por envolvimento em sequestros e tráfico de drogas. Barazal informou que os três rapazes foram autuados em flagrante por falsidade ideológica e uso de documento falso.
Silva tinha passagens na polícia por furto, sequestro e formação de quadrilha. Teodoro respondeu a processo por porte de entorpecente e Jesus, por tráfico de drogas. Os rapazes ficarão recolhidos em um Centro de Detenção Provisória (CDP) até o julgamento.
Barazal acrescentou também que os mesmos autores da denúncia que ajudaram o Denarc a prender os acusados informaram que Silva, Teodoro e Jesus participaram dos dois arrastões. ‘Ainda não temos nenhum indício do envolvimento deles nessas ações, mas estamos investigando e tentando materializar as provas’, afirmou o delegado.
Em agosto de 2006, Sérgio teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele e os parceiros Edson Roberto dos Santos, de 36 anos, Fábio Renato dos Santos e Manoel Ferreira da Silva Filho, ambos de 28, foram indiciados pela Divisão Antissequestro (DAS) sob a acusação de sequestrar Guilherme Portanova e Alexandre Calado.
O repórter e o auxiliar técnico da TV Globo tomavam café numa padaria, perto da sede da emissora, no Brooklin, zona sul, quando foram abordados pelos criminosos. Os dois foram levados para um cativeiro.
Calado foi libertado e obrigado a cumprir uma missão para os sequestradores: entregar a seus superiores uma fita de vídeo. Os criminosos exigiram a exibição da fita num programa em horário nobre da emissora. Caso contrário, matariam o repórter Portanova.
A direção da emissora, temendo a ameaça, decidiu atender à exigência. O vídeo foi exibido no Fantástico. As imagens mostravam um homem encapuzado e, ao fundo, numa parede, a inscrição PCC, sigla do Primeiro Comando da Capital.
No vídeo, o encapuzado reclamava da opressão aos presos e integrantes do PCC no sistema prisional paulista. Minutos depois da exibição, o repórter Guilherme Portanova foi libertado.’
CINEMA
Finalistas do Oscar serão conhecidos hoje em Los Angeles
‘A partir das 5h30 da manhã, horário de Los Angeles (11h30 em Brasília), serão anunciados os finalistas do Oscar. A expectativa é que o ator Heath Ledger, cuja morte por consumo acidental de medicamentos completa um ano hoje, esteja entre os indicados de ator coadjuvante, pela sua marcante interpretação em Batman – O Cavaleiro das Trevas. Os finalistas serão anunciados pelo presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, Sid Ganis, e pelo ator Forest Whitaker, ganhador do Oscar de melhor ator de 2006, por O Último Rei da Escócia. Outra expectativa é a de que o filme Slumdog Millionaire, que no Brasil vai se chamar Quem Quer Ser um Milionário?, de Danny Boyle, domine as principais categorias, como aconteceu no Globo de Ouro, no qual venceu as quatro que disputava. Resta saber se os membros da Academia terão a mesma coragem que os correspondentes estrangeiros, que votam no Globo de Ouro, e indicar (e depois premiar) Kate Winslet em duas categorias (atriz principal em Por Apenas um Sonho, e coadjuvante por The Reader) e Mickey Rourke como melhor ator por O Lutador. Com a desclassificação de Última Parada 174, o Brasil não concorre mais na categoria de filme estrangeiro, que tem como forte concorrente o israelense Waltz with Bashir. O Oscar será entregue em 22 de fevereiro.’
TELEVISÃO
Cultura exibe último programa de Maysa, gravado em 1975
‘A temporada Maysa continua. Depois da minissérie ficcional, é hora de rever a verdadeira diva bem de perto. Hoje, quando se completam 32 anos da morte da cantora, a TV Cultura exibe Estudos, registro de sua última aparição na televisão brasileira em 1975, a partir das 22h10.
Produzido por Antonio Abujamra e Dorival Dellias, o programa de 42 minutos segue os moldes do Ensaio de Fernando Faro, com profusão de closes sob pouca luz e perguntas em off do entrevistador. Conforme relatou Lira Neto em sua excelente biografia Maysa – Só Numa Multidão de Amores, Abujamra estava determinado a ‘arrancar o coração e a alma dessa mulher’.
A cantora chegou bêbada ao estúdio, sentou no chão e ali ficou. Abujamra acabou gravando o programa onde ela estava, fora do cenário, entre fios elétricos, cabos, suportes de iluminação, uma cadeira e um carro vermelhos. O incidente acabou favorecendo o resultado pela originalidade. Ela que também tinha inovado a linguagem televisiva anos antes, mais uma vez protagonizou um episódio inusitado.
O que se vê é uma Maysa ao natural, descabelada, espontânea e intensa como sempre, fumando muito, sorridente e serena. As tomadas das câmeras evidenciam rugas e defeitos proeminentes da face, como a cicatriz de uma mordida de cachorro no nariz. Com a voz meio embolada pela bebida, ela afaga a própria memória e evoca outro combustível, além do uísque, que sempre a moveu: o amor, claro. Um dos momentos mais bonitos é quando ela vibra ao ouvir seu ídolo Edith Piaf numa fita cassete que pôs para rodar em seu gravador, depois de mostrar um registro dela própria em duo com o parceiro Julio Medaglia. Uma raridade.
Ao lado de músicos como Paulo Moura, cantando com a pungência característica, Maysa relembra clássicos de sua autoria (Resposta, Ouça) e de outros compositores que gravou, como Tom Jobim, Dolores Duran e Silvio Caldas (Se Todos Fossem Iguais a Você, Dindi, Por Causa de Você, Chão de Estrelas), além da francesa Ne Me Quitte Pas (Jacques Brel), indissociável de sua imagem, entre outras. Um documento valioso.’
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