Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quem dá mais pelo público infantil?

 

Depois de mais de 30 anos oferecendo uma faixa de programação infantil, de segunda a sexta-feira, pela manhã, a TV Globo mudou sua grade na segunda-feira (25/6). Com a estreia do programa da jornalista Fátima Bernardes, a TV Globinho, programa voltado para as crianças, saiu do ar, sendo exibido, agora, apenas aos sábados. A Globo argumenta que a grade infantil não dá nem audiência nem receita publicitária.

O que exibia a TV Globinho? O programa tinha dois apresentadores jovens, que traziam um tema para dialogar com as crianças. Temas bobos e que subestimavam a inteligência da garotada. Depois disso, eram exibidos os desenhos animados, os enlatados, como “Bob Esponja” e “Kung Fu Panda”.

Na prática, uma programação infantil pobre em qualidade e que demandava pouco investimento. Neste sentido, as crianças não perderam nada.

Aliás, com a mudança, elas, na verdade, ganharam, nas manhãs, mais opções de desenhos enlatados. O canal de Silvio Santos – SBT – anunciou que vai exibir episódios inéditos de “Ben 10” e “Thundercats” no Bom Dia & Cia. A Rede TV! e a Bandeirantes reabriram a faixa infantil, também com desenhos importados.

Acesso negado

Com tantas alternativas, o programa da Fátima Bernardes não emplacou. Na média da semana, a programação infantil do SBT ficou em primeiro lugar, sinal de que as crianças estão com o controle remoto nas mãos e que o argumento da TV Globo está errado.

Parece que, na prática, as emissoras não sabem (ou não querem) mais produzir para a criança. Uma pena, pois um projeto interessante vai contar, sim, com receita publicitária e, consequentemente, com audiência. Deixar essas produções para a TV fechada é negar o acesso da maioria das crianças brasileiras, que têm na TV aberta a principal fonte de lazer.

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[Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia]