Não, não estou aqui para confundir, muito menos para explicar, somente para difundir. Como afirmava o ‘recém-finado’ há três décadas, Chacrinha. Digo recém, pois o que de novo há na televisão tupiniquim? E, remetendo-me a outra filosofia ‘chacriniana’, cito: ‘Na televisão, nada se cria, tudo se copia.’ Ou se auto-copia!
No sábado (2/5), começaram as ‘estréias’ da tão falada nova grade do Sistema Brasileiro de Televisão. Em verdade, mais re-estréias que qualquer outra coisa. ‘Pesadelos e Paisagens’ nas madrugadas da emissora, fazem parte do que o SBT chama de ‘temporada de estréias’ em sua programação. Os realities Astros e Supernanny ganham novas temporadas, estréiam as séries da Warner, Um Toque de Vida e O Exterminador do Futuro e as da Disney Cory na Casa Branca e Kyle XY, além das temporadas inéditas de As Visões de Raven e Ugly Betty. E a bomba vem logo a seguir… Os programas que o SBT aposta com mais veemência que irão recuperar o perfil popular da emissora: Show da Gente, com Netinho de Paula; o novo Casos de Família, com Christina Rocha e a volta do Programa do Ratinho.
Nesta panela de gato tem de tudo – rajados, malhados, brancos, negros e escaldados. Se Netinho fazendo o qualquer coisa ‘da Gente’, Cristina Rocha que volta e maia é novamente relançada pelo patrão, podem ser uma novidade. Ponhamos Ratinho fazendo muito mais do mesmo, afinal êxito sempre teve, exceto quando tentaram desratizá-lo como vulgo ‘Carlos Massa’ e o enfadonho Jornal da Massa. Assim deve ter pensado seu Sílvio nesse mar em polvorosa em que naufraga seu canal.
O jargão ‘chacriniano’
Quem acompanhou a mídia por esta semana pode observar todo o alarde feito pela emissora do ‘Baú da Felicidade’ para tentar voltar a ter momentos felizes. Festas de gala para o lançamento de sua ‘nova’ programação na Pachá. Entrevistas coletivas etc. Uma que me atentou foi a de Ratinho, especialmente quando proferiu a seguinte frase: ‘Fizemos uma pesquisa que deu o seguinte: eles [os telespectadores] querem um Ratinho alegre, fazendo polêmica, dando notícia e falando menos palavrão’, disse o apresentador em coletiva veiculada por muitos meios.
Pasmem que após a estréia o que se viu foi praticamente uma reprise de seus extintos, tanto na Record quanto no SBT. O escafandro bestial da mídia dá novamente seu tom. O pior é a repercussão perante o público que realmente parecem algum tipo de verme que assimilam qualquer tipo de regurgito vinculado pela TV.
Assusta-me não mais que a existência de seus fracos e torpes concorrentes no horário, os novos vespertinos do complexo Anhanguera. Os índices gritam por si só, o sensacionalista Datena agora tem concorrentes à baixura:
Datena, que chega a ficar em segundo lugar no Ibope, na Band, foi para a quarta posição, ontem (5/5), com a estréia de Ratinho, no SBT. Na prévia, Ratinho, que dobrou a audiência do horário, teve 8 pontos, com picos de 10, contra 5 de Datena e 6 do SP Record. A estréia do Casos de Família, de Christina Rocha, também ficou em segundo, com média de 9 e picos de 11 – coluna ‘Zapping’ do jornal Agora/Folha.
O pandemônio das auto-cópias surtiu efeito para dobrar ou mais os índices da semana anterior. Pensar-se que a falta de criatividade é a motriz energética da TV brasileira hoje não seria um imenso chavão, ou seria cruel demasiado para com nossos trabalhadores dos meios de comunicação? Já diria o mestre para outro ainda vivo, esteja onde estiver: ‘Quem não se comunica, se trumbica!’ Seu Sílvio, com as poucas armas que restam segundo a teoria da comunicação, seguiu a risca o jargão ‘chacriniano’ e o povo respondeu.
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Ator, diretor teatral, cantor, escritor e jornalista