Na semana em que a Rede Globo estreou uma nova grade para 2009, o seu principal telejornal mostrou-se deficiente quando o assunto se refere à inovação.
Tudo teve início em uma tarde de domingo quando Faustão apresentou uma versão genérica do Oscar. William Bonner e Fátima Bernardes foram os responsáveis por levar a audiência do Domingão às novidades do jornalismo. Em resumo, outras mídias, como o celular e a internet, ganharão mais espaço na grade do departamento. O JN, por exemplo, terá uma escalada especial para quem optar por assistir ao jornalístico por um telefone móvel.
O problema é que quando o Jornal Nacional entrou no ar na noite de segunda-feira para sua reestréia anual os problemas começaram a aparecer. Os apresentadores atrapalharam-se com o jogo de câmeras, o improviso no uso das palavras resultou em frases desconexas, os entrevistados ao vivo não tinham tempo para responder.
Problemas que não apareceram apenas em um dia, mas durante toda a semana. Erros que nos fazem pensar a respeito do modelo que é exemplo para todas as emissoras deste país. Erros que nos fazem refletir a respeito de profissionais que talvez não estejam preparados para enfrentar um novo jornalismo – aquele que conversa com o telespectador, que é mediador entre o governo e seus governados.
O que vale é ter bom senso
Seria um deslize no padrão Globo de qualidade ou seria uma tentativa desastrosa de tentar mudar um modelo engessado, no qual os âncoras, jornalistas, apresentadores lêem aquilo que planejaram e reescreveram durante todo o dia? Em nenhum momento discutimos a importância profissional de Bonner e Fátima; ao contrário, reconhecemo-os como grandes escritores da história do jornalismo brasileiro.
Situações justificáveis? Talvez. Mas o Jornal Nacional é para muitos a principal fonte de informação. O que o faz ter responsabilidade.
Em qualquer aula de TV aprendemos que a estrutura regular de um telejornal resume-se em apresentar primeiro os fatos mais importantes do dia, em seguida surgem as matérias sobre cotidiano, esporte, comportamento etc. É certo também que esta estrutura pode variar, não é regra para nenhuma emissora. Mas para o JN deveria ser. Com a responsabilidade que tem chega a ser inaceitável dar início ao jornal mais importante do Brasil mostrando imagens de um zoológico na África. Principalmente no dia em que Barack Obama abriu um diálogo histórico com Cuba.
Para tudo, o que vale é ter bom senso. Portanto esperamos que a equipe do JN pense sobre sua nova fórmula, de modo a corrigir os insistentes deslizes da última semana.
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Jornalista, Pindamonhangaba, SP