Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Restrição à internet na campanha é absurda, diz Folha

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 1 de setembro de 2008


 


ELEIÇÕES
Folha de S. Paulo


Campanha na rede


‘OS LIMITES absurdos para o uso da internet durante a campanha eleitoral podem ser, enfim, relaxados. O Tribunal Superior Eleitoral se prepara para julgar ações que contestam tais restrições, como as interpostas pelo portal iG e pelo Grupo Estado.


Resolução do TSE de fevereiro deste ano proscreveu na prática o uso de ferramentas comuns entre internautas. A decisão estabeleceu que a publicidade do candidato só pode ser feita na página destinada à divulgação oficial da campanha. Como não foram fixadas regras específicas, ficaram proibidos o uso de blogs, banners e links patrocinados em sites de busca, a divulgação de vídeos e a formação de grupos de apoio a candidaturas na rede.


A internet não é o único alvo do ímpeto normativo. Os presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais também decidiram recomendar que mensagens de texto por celular sejam proibidas na semana do pleito.


Além de impraticáveis -há decisões provisórias de tribunais regionais que já apontam alguma flexibilização-, as restrições à internet são anacrônicas. Ela é por natureza um domínio livre para a circulação de informações e manifestações.


É um erro equiparar a internet às TVs e rádios, que são concessões públicas e, por terem espectro limitado, justificam regulamentação especial em época de pleito. Já o novo meio eletrônico é aberto e ilimitado. Sua normatização deveria inspirar-se, assim, no modelo mais liberal previsto para jornais e revistas.


Um bom exemplo pode vir de outra experiência eleitoral em andamento. Enquanto no Brasil são estabelecidas restrições à internet, os EUA vivem uma campanha à Presidência marcada pela ampla liberdade de comunicação e manifestação na rede. Candidatos estabelecem contato preferencial com apoiadores pela internet, onde a batalha da militância é intensa e até a arrecadação de fundos deslancha.


O Brasil, que tem um sistema de votação eletrônico exemplar, não deveria insistir em regras obsoletas contra uma ferramenta que veio facilitar a política.’


 


 


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Programa de TV de Maluf tem pior avaliação, segundo Datafolha


‘O programa do candidato à prefeitura Paulo Maluf (PP) teve a pior avaliação nos dez primeiros dias do horário eleitoral gratuito na TV e no rádio, segundo a última pesquisa do Datafolha. A performance do ex-prefeito de São Paulo foi considerada como a mais fraca por 22% dos eleitores ouvidos pelo instituto na última sexta-feira.


Já o de Marta Suplicy (PT) foi indicado como o programa com o melhor desempenho na propaganda política na mídia, de acordo com o Datafolha.


O instituto ouviu 1.082 eleitores no dia 29 de agosto. O ranking dos piores no horário gratuito, liderado por Maluf, com 22%, tem o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e Marta na segunda colocação, empatados com 9%.


Em seguida na lista estão Soninha (PPS), Levy Fidelix (PRTB) e Geraldo Alckmin (PSDB), com 6%, 5% e 4%, respectivamente.


Melhor desempenho


Marta foi indicada por 33% dos entrevistados como a concorrente mais bem-sucedida no horário eleitoral.


Kassab ocupa o segundo lugar no ranking dos melhores na propaganda, com 17%, seguido por Alckmin, com 16%. Como a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos, existe empate técnico entre Kassab e Alckmin.


Maluf está em quarto lugar nessa lista, com 4% das indicações dos eleitores paulistanos.


Os números do Datafolha mostram que Marta e Alckmin, líderes na disputa pela prefeitura, conseguiram resultados melhores na pesquisa de intenção de voto -na qual têm índices de 39% e 24%, respectivamente- do que na de desempenho na propaganda política.


Já Kassab tem índices semelhantes nos dois tipos de pesquisa, uma vez que o levantamento sobre intenção de voto aponta que o prefeito da capital tem 16% da preferência.


Influência da propaganda


Dos entrevistados pelo Datafolha, 61% consideram que o horário político influencia a sua decisão do voto.


Já 38% dos eleitores dizem que a divulgação dos candidatos no horário político não terá importância no momento de decidir o voto para prefeito.


A propaganda eleitoral gratuita terá influência principalmente entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos, segundo o Datafolha. Para 43% das pessoas nessa faixa de renda, a propaganda política será muito importante para a definição do voto.


Para 55% dos eleitores que ganham mais de dez salários mínimos, o horário político não terá nenhuma importância na escolha do candidato.


Audiência


O interesse pelos programas diminuiu. A primeira semana de propaganda teve mais televisores ligados do que na da eleição de 2004, mas o Ibope aponta queda de público nos canais que veiculam o programa. À noite, a audiência foi de 20,5% da população em 2004 para 18,7% neste ano. À tarde, de 8,5% para 8%. Isso mostra que os candidatos foram trocados por DVD, games e TV paga.’


 


 


TELECOMUNICAÇÕES
Folha de S. Paulo


Mais atropelo


‘JÁ FAZEM parte da rotina episódios de atropelo e desdém pelo marco regulatório nas telecomunicações. Agora o ministro das Comunicações, Hélio Costa, se insurge contra a proposta da Anatel que obriga a separação dos serviços de banda larga e de telefonia fixa, concebida para assegurar mais competição no setor.


Pela regra sugerida, as teles precisariam criar uma companhia separada para fornecer a conexão rápida com a rede de computadores. Oi/Telemar, Brasil Telecom e Telefônica são contra. O tema é sensível, porque envolve uma fronteira de crescimento estratégica para o setor.


A investida do Executivo se soma a outra operação que subverte o modelo responsável pelo sucesso da privatização da telefonia no Brasil: a iniciativa, endossada e financiada pelo Planalto, que permitirá a fusão entre a Oi/Telemar e a Brasil Telecom, um negócio de R$ 12 bilhões. O desenho atual, de 1997, previu a separação em benefício do consumidor, evitando concentração.


Sobre a banda larga há ao menos dois problemas. Primeiro, as teles podem se beneficiar da infra-estrutura que detêm para prejudicar concorrentes -criar dificuldades técnicas ou conceder descontos que inibam o avanço de outras empresas. Com a separação, diz a Anatel, haveria transparência nos custos.


Segundo, há uma questão de competência. Ainda que a palavra final sobre a reforma do modelo do setor seja do governo, cabe à agência propor as regras do novo Plano Geral de Outorgas (PGO), nos limites da Lei Geral de Telecomunicações. Pelo protocolo, a proposta do novo PGO precisa ser submetida a consulta pública, para aperfeiçoamento, antes de ser enviada para a aprovação do presidente da República. É nesse estágio de consulta pública que o Ministério das Comunicações está intervindo, em comunhão com o interesse das três grandes companhias.


As implicações para o consumidor podem ser constatadas na prática. Onde há competição, os preços para o usuário são menores. Concorrentes locais, contudo, reclamam da dificuldade criada pelas concessionárias para obter acesso à infra-estrutura necessária para o fornecimento de banda larga.


Os argumentos do ministro Hélio Costa são abertamente favoráveis a um modelo oligopolista. Segundo ele, a separação na banda larga deixaria a nova supertele ‘travada’ e ‘impossibilitada de competir no país’. Ele também afirmou que ‘precisamos ter empresas modernas, capazes de trabalhar numa nova visão da comunicação no mundo’.


Sim, mas a questão é saber se a concentração é o pressuposto necessário para essa qualificação -a realidade prova exatamente o contrário- e, principalmente, quem vai pagar a conta.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Deus’


No topo das buscas pelo Google News, nas agências, ‘Lula diz que Deus decidiu viver no Brasil’. Na home da Folha Online, ontem também, ele ‘comemora’ sua popularidade em São Paulo, apontada pelo Datafolha, ‘depois de apanhar’. No Globo Online, ‘Lula celebra seu sucesso na imprensa que bate nele’.


Foi num crescendo de comícios, de Marta em São Paulo a Luiz Marinho de São Bernardo, prometendo até ‘acabar definitivamente com a pobreza’, usando o petróleo. Em Santo André, por fim, ‘Deus’.


AB


Lula ‘celebrava’ também o Ibope no ABC, manchete do ‘Diário do Grande ABC’ ao UOL. Em Santo André, um petista lidera. Em sua cidade, São Bernardo, ‘Marinho sobe 13 e empata’.


CD


Mas nem tudo vai bem para Lula. Um petebista lidera em São Caetano, já com 72%. O segundo é do PSOL; o petista, terceiro, tem 3%. E no bastião do PT, Diadema, um tucano empatou na frente.


‘ÀS FALAS’


A ‘Veja’ publicou que o ‘presidente do Supremo foi grampeado pela Abin’ -acima da manchete ‘Vingança’, sobre outro assunto. E o ‘Jornal Nacional’ asseverou, ‘Gilmar Mendes foi espionado por funcionários da Abin’. Foi manchete, com Mendes dizendo que agora ‘o próprio presidente é chamado às falas’. E assim, duas semanas depois de FHC, ele encontra Lula, hoje.


Em contraste, na Record o ‘possível grampo’ entrou só no fim da escalada -que havia aberto com o promotor que ‘passava informações ao PCC’.


UM PAÍS IMAGINÁRIO


Foi parar na escalada do ‘JN’, ‘Exercício militar reúne os nossos melhores aviões’. Para os 44 caças ‘responsáveis pela vigilância de todo o espaço aéreo brasileiro’, nas provas no Mato Grosso do Sul ‘o desafio é defender um país imaginário que foi invadido’, mas é ‘tudo mentirinha, de verdade só os riscos, a cem metros do chão’.


NUCLEAR CÁ


Tem também a Marinha, que ‘até 2010 conclui a usina para produzir combustível nuclear’, para o Brasil não ‘depender de outros países’ -destaque ontem na estatal Agência Brasil.


E LÁ


Já o ministro da Defesa repercutiu até no site da Fox News, ‘Brasil contrata [na França] primeiro submarino nuclear da América Latina’. Também, é claro, no argentino ‘La Nación’.


VICE A GO-GO


As manchetes on-line nos EUA focavam ontem o furacão e o cancelamento do primeiro dia da convenção republicana. George W. Bush não vai e até John McCain, segundo o site TPM, estuda entrar por vídeo, da costa atingida.


Mas nos programas dominicais de debate o assunto foi ainda a vice republicana. Pelos sites, sobravam fotos de seus tempos de ‘miss’. E o texto mais popular no ‘NYT’ era a coluna de Maureen Dowd, ‘Vice em botas de Go-Go?’, ironizando a ‘babe’ -como até o radialista ultraconservador Rush Limbaugh descreve.


‘CELEB’ 1


De ‘New York Post’ a ‘Vogue’, a especulação no final da semana passada era uma suposta casa da modelo Naomi Campbell no Brasil. Ontem, não, ‘ela não está se mudando para o Brasil’.


‘CELEB’ 2


Já por aqui, a atriz Reese Whitherspoon, avisa a agência UPI, visita o país como ‘embaixadora da Avon’, para vender um ‘bracelete de poder para as mulheres’. Tem no site shop.avon.


ATÉ COPA?


O site da ‘Der Spiegel’ postou reportagem que aponta suposta fraude na vitória do Brasil sobre Gana, em 2006, com foto de Ronaldo’


 


 


ELEIÇÕES NOS EUA
Fernando Rodrigues


Gustav esvazia Convenção Republicana e rouba foco da mídia


‘Uma catástrofe natural e o medo de repetir os mesmos erros do passado levaram os republicanos a cancelar todos os discursos da convenção do partido, marcada para hoje em St. Paul, no Estado de Minnesota.


A chegada do furacão Gustav ao sul do país e a lembrança da incapacidade gerencial da administração com o furacão Katrina em 2005 foram suficientes para a tomada da decisão.


John McCain deu uma entrevista no início da tarde de ontem dizendo ser necessário que todos tirassem o ‘chapéu de republicanos’ e colocassem ‘o chapéu de americanos’. Com uma expressão compungida na face, pediu que todos deixassem ‘de lado a política partidária’. Em seguida, sua equipe de comunicação informou aos repórteres a suspensão de todos os discursos políticos de hoje.


A convenção terá de começar oficialmente por razões formais e legais. O Partido Republicano precisa referendar os nomes de John McCain e de Sarah Palin como candidatos a presidente e a vice. Hoje serão apenas atividades protocolares.


Discursos importantes foram suspensos, como os do presidente George W. Bush, do vice-presidente, Dick Cheney, da primeira-dama, Laura Bush, e do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.


Não está claro como será o restante da convenção republicana. A rigor, não são necessários discursos, mas só a votação -que pode ser simbólica- aprovando os nomes de McCain e de Sarah Palin.


A equipe de comunicação republicana disse apenas que a programação de amanhã até quinta, quando haveria o discurso de McCain, está suspensa. Todos os dias haverá uma avaliação para verificar se será possível retomar os trabalhos.


Na conjuntura formada pela aproximação do furacão Gustav, a suspensão dos trabalhos políticos da convenção foi a única saída viável para os republicanos. A inação do governo Bush em Nova Orleans, em 2005, derrubou a popularidade da administração federal.


O risco de repetição empurrou McCain e seu partido para uma atitude de solidariedade com as pessoas atingidas por esse fenômeno climático.


Trata-se de um grande revés político para a candidatura McCain. As convenções partidárias são uma oportunidade única de ocupar livremente a mídia. O democrata Barack Obama fez isso na semana passada, quando realizou sua convenção em Denver (Colorado).


Efeitos da convenção


Mais de 38 milhões de americanos assistiram ao discurso de Obama aceitando a indicação para concorrer à Presidência. Na primeira pesquisa pós-convenção, o democrata abriu uma vantagem de oito pontos percentuais sobre seu adversário.


McCain não terá a mesma sorte. A mídia estará, na melhor das hipóteses, dividida entre os efeitos do Gustav e a capenga convenção republicana.


A esperança dos republicanos é que a atitude considerada correta neste momento de comoção acabe rendendo dividendos políticos mais adiante -até porque, espera a equipe de McCain, os democratas também devem diminuir o ritmo de campanha nesta semana.


Para McCain, há ao menos um fato positivo na suspensão dos discursos na convenção: diminui o destaque que se daria à falta de vários integrantes da cúpula republicana no evento.


Senadores republicanos que tentam a reeleição em novembro, como John Sununu (New Hampshire) e Gordon Smith (Oregon), disseram na semana passada que ficariam fazendo campanha em seus Estados.


Ao menos outros seis deputados federais faltariam pela mesma razão. Agora, essas ausências serão pouco notadas.’


 


 


Folha de S. Paulo


Na rede, Obama pede doação a vítimas


‘Recordista em arrecadações de fundos pela internet, o candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, convocou ontem seus contribuintes de campanha a ajudarem as possíveis vítimas do furacão Gustav. ‘Acho que posso conseguir toneladas de voluntários para viajar lá, se isso se tornar necessário’, disse à repórteres em Ohio. ‘Doações podem vir em forma de dinheiro, bens ou trabalho individual’, disse ele. O candidato passou boa parte da tarde de ontem falando ao vivo com emissoras de rádio e TV da região do golfo, pedindo aos moradores que seguissem as instruções das autoridades locais e deixassem suas casas.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Consumo de Globo cai 32 minutos em 5 anos


‘O paulistano deixou de ver a Globo durante 32 minutos por dia nos últimos cinco anos.


Relatório obtido com exclusividade pela Folha mostra que em julho de 2003 cada paulistano ficava 2 horas e 47 minutos por dia vendo a Globo, mais da metade de todo o tempo que dedicava à televisão aberta em geral (5 horas e um minuto).


Em julho deste ano, o tempo diário dedicado à Globo já tinha caído para 2 horas e 15 minutos. A queda foi maior nos últimos 12 meses _17 minutos.


O tempo de exposição do telespectador é um dos indicadores de desempenho das redes. É diferente de audiência (porque não mede o total de público). Mas reforça o declínio da emissora hegemônica. Enquanto a exposição do telespectador à Globo caiu 32 minutos, a exposição ao conjunto da TV aberta reduziu-se em apenas 11 minutos (em maio, último dado disponível, era de 4 horas e 50 minutos por dia).


O tempo de exposição, por outro lado, reforça a liderança da Globo. O telespectador fica 45 minutos a mais por dia à frente da emissora do que na segunda rede, a Record.


A TV de Edir Macedo saltou de 48 minutos de exposição em julho de 2003 para 1 hora e meia atualmente. O SBT, que em julho de 2003 cativava o telespectador durante 1 hora e 33 minutos, vem logo atrás, com 1 hora e 19 minutos. A Band é vista durante 40 minutos e a Rede TV!, durante meia hora.


O DIARISTA 1


Depois de longa negociação, finalmente a Globo fechou contrato com o agora internacional Rodrigo Santoro para uma pequena participação na minissérie ‘Som e Fúria’, de Fernando Meirelles, no ar em 2009.


O DIARISTA 2


Santoro acertou contrato para apenas quatro diárias (inicialmente, queria três). Vai trabalhar quatro dias e tchau. Ele interpretará um publicitário ‘garganta’ que prometerá mundos e fundos para divulgar a companhia de teatro em torno da qual gira a minissérie.


REVÉS


A Band nem começou a gravar sua fotocópia da ‘Escolinha do Professor Raimundo’ e já teve ‘baixas’. Ouviu não de Castrinho e de Gorete Milagres, contratados da Record.


EL CLÓN


A Telemundo, rede hispânica dos EUA, já definiu as cidades que serão cenários da versão em espanhol de ‘O Clone’. Los Angeles será o que foi o Rio no original de Glória Perez. E o Egito substituirá Marrocos.


DEDICAÇÃO


José de Abreu embarca hoje para temporada de 15 dias na Índia. Vai, por conta própria, se preparar para atuar em ‘Caminho das Índias’, próxima novela das oito, na qual interpretará o sacerdote Shivaishta.


NAMORO


O roteirista e diretor Guillermo Arriaga (‘21 Gramas’) esteve há duas semanas no Projac, da Globo, dando palestras. Pediu para conhecer Ana Paula Arósio e perguntou à bela se ela gostava de fazer cinema. A atriz (de TV) disse que sim.’


 


 


Cristina Luckner


Brasil ganha canal só de biografias


‘Estréia hoje no Brasil um canal dedicado a biografias, The Biography Channel, criado a partir do sucesso da série ‘Biography’, do canal A&E.


A primeira a ser exibida será a de Lady Di, às 13h, em ‘Biography – Diana: A Verdadeira História’, que conta desde a infância até sua morte em um acidente de carro em 1997.


As celebridades serão, sim, retratadas e terão suas vidas contadas em detalhes na programação. Ainda hoje entram no ar as histórias das atrizes Julianne Moore e Brooke Shields, bem como a da cantora/atriz latina Jennifer Lopez.


Entretanto os mesmos rostos que ilustram as primeiras páginas dos tablóides não são -apenas- o alvo do canal.


Marco Polo, Charles Darwin, Isaac Newton, Julio Verne, Collin Powell e até os fictícios Batman, Barbie e Betty Boop estão na lista de biografados.


O desenhista e criador dos quadrinhos da Turma da Mônica, Mauricio de Sousa, será o primeiro brasileiro a ter sua biografia exibida pelo canal, em outubro.


Ao todo são mais de mil histórias divididas entre ‘Biography’, ‘Star Central’, ‘TV-ography’ (para os personagens fictícios), ‘Divinas’, ‘Vidas que Mudaram o Mundo’, ‘Gente de Poder’, ‘O Lado Obscuro’ e ‘Rock ‘n’ Bio’.


BIOGRAPHY – DIANA: A VERDADEIRA HISTÓRIA


Quando: hoje, às 13h


Onde: The Biography Channel


Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos’


 


 


LITERATURA
Adriana Küchler


Evita e Che causam ira na Argentina


‘Que Maradona, Evita, Carlos Gardel e Che Guevara são ídolos argentinos ninguém duvida. Mas a escolha deles como ícones para representar o país na Feira de Frankfurt, um dos principais eventos editoriais do planeta, gerou polêmica no mundo literário argentino.


Enquanto o país começava a se preparar para ser homenageado na feira de 2010, ano do bicentenário de sua independência, a informação de que quatro ícones não-literários simbolizariam a Argentina no evento vazou e despertou a ira de muitos escritores.


‘É desperdiçar a oportunidade de uma enorme vitrine para a literatura argentina, para que nossos livros sejam comprados e traduzidos. Parece que o governo confundiu uma feira literária com um evento cultural’, disse à Folha o presidente da Academia Argentina de Letras, Pedro Luis Barcia. ‘É como se o Brasil escolhesse Pelé e João Gilberto no lugar de Machado de Assis e Guimarães Rosa. Ou como se pedíssemos a Messi para entrar na Olimpíada com uma foto de Borges. Estão misturando as coisas’, afirmou.


Quando o tango já estava armado, o comitê organizador da representação argentina decidiu agregar à lista o escritor Jorge Luis Borges, ícone mais conhecido da literatura local. Depois, a presidente Cristina Kirchner sugeriu a inclusão de outro autor, Julio Cortázar. O time argentino passou então a ser integrado por seis ícones, dois deles literários.


A decisão, no entanto, não acalmou os ânimos dos escritores. ‘Querem levar como estepe a Frankfurt ninguém menos que o grande mestre da literatura do século 20’, disse o escritor Marcos Aguinis, em referência a Borges, após a convocação dos novos ícones.


O autor de ‘O Atroz Encanto de Ser Argentino’ afirmou que teme que a apresentação argentina seja motivo de piada no mundo editorial. ‘Não tiveram a inteligência de promover um escritor vivo. Com a eleição, mostram a pouca importância que dão para a literatura’, diz. ‘É lamentável que o populismo se alie à ignorância para produzir um resultado catastrófico.’


A embaixadora Magdalena Faillace, responsável pela comissão organizadora da participação argentina, afirma que a primeira lista oficial tinha mesmo apenas os quatro ícones populares, mas que os autores já haviam sido agregados há meses, e não após a polêmica. Ainda assim, defende a postura do governo de fazer uma apresentação mais eclética.


‘Sabemos que os quatro não foram autores, apesar de que Che e Eva escreveram livros. Mas, com esses ícones, queremos simbolizar distintos aspectos da vida argentina’, diz.


‘Quando a Espanha foi homenageada, reproduziu em seu espaço o local de uma corrida de touros. Não há uma norma. Cada país leva à feira o que quer que o mundo conheça.’


A Argentina quer então apresentar ao mundo um pot-pourri de atividades. Segundo a embaixadora, o estande na feira terá um labirinto, em referência à obra de Borges, uma exposição dedicada a escritores desaparecidos durante a ditadura militar e um local destinado à ciência e à tecnologia, em que o país se mostrará produtor de alimentos e de energia.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 1 de setembro de 2008


 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Pequenos anunciantes já buscam agências grandes


‘O popular cantor Wando distribuindo calcinhas no elegante ambiente do Bar Baretto, do grupo Fasano, em São Paulo, foi a forma que o dono da rede de lojas de roupas e lingerie Eskala, Wlademir Rigonatti, escolheu para festejar o sucesso da primeira campanha publicitária de fôlego feita por sua empresa. Wando protagonizou o comercial cantando seu sucesso ?Fogo e Paixão?.


Houve o que festejar. A venda de calcinhas pulou das usuais 160 mil peças por mês para mais de 600 mil no período de veiculação dos anúncios. ‘Um resultado atípico, que também pegou a compra de outros produtos que comercializamos, como roupas femininas, uma vez que cresceu muito o volume de pessoas circulando nas nossas lojas’, explica Rigonatti, que não revela valores.


A desculpa para a campanha, criada pela agência NBS, foi o aniversário de 34 anos da rede varejista que conta com 29 lojas espalhadas pela capital e interior de São Paulo e também em Belo Horizonte. Por trás da iniciativa da companhia está o fato de empresas voltadas aos públicos de menor poder aquisitivo, como é o caso da Eskala, passarem a investir em comunicação e contratarem agências maiores, o que não é comum no mercado da propaganda.


‘Nunca tivemos uma agência para nossas ações de marketing, que sempre foram resultado de soluções mais caseirinhas’, reconhece Rigonatti. ‘O gasto, evidentemente, é maior, mas também há planejamento e qualidade, o que, por enquanto, está respondendo às nossas expectativas.’


O aumento do poder aquisitivo da classe C, assim como a maior oferta de crédito, está fazendo o varejo, em geral, repensar suas estratégias de comunicação. Há o reconhecimento de que o consumidor desse segmento está mais informado e confiante nos seus gastos. Apelar apenas para o recurso das vendas em parcelas e para oferta de juro menor já não atrai tanto. O preço segue sendo fundamental, mas, com crédito no bolso, o consumidor se sente no direito de querer algo mais.


A Eskala chegou acidentalmente à NBS, conta Cyd Alvarez, sócio e presidente da agência: por relacionamentos pessoais de funcionários de ambos os lados. ‘A vinda deles nos obrigou a pesquisar o universo da classe C e nos fez ver que já há uma percepção de que uma comunicação bem trabalhada, com filmes de boa produção, dá resultado, porque é capaz de atrair e reter a atenção desse consumidor’, diz Alvarez.


CONCORRÊNCIA


Situação similar é vivida pela Universidade Cruzeiro do Sul, que convidou quatro grandes agências – McCann-Erickson, W/Brasil, Giovanni+DraftFCB e F/Nazca – para participarem de uma concorrência. Até então, a universidade, que pertence ao Grupo Educacional Unicsul, era atendida por um agência de menor porte, a DeBrito Propaganda.


‘Com a mudança do mercado nos últimos cinco anos, todas as instituições de ensino começaram a investir mais em mídia, porque se acentuou a competição no setor’, diz Mary Wakabara, gerente de marketing do Grupo Unicsul. ‘Em função disso, começamos a sentir falta de novas idéias e propostas mais ousadas para a nossa comunicação. Parcerias de muito tempo, como a que mantínhamos, acabam pegando os nossos mesmos vícios e acabam em acomodação. Precisávamos renovar.’


A nova campanha, em fase de aprovação, foi criada pela agência Giovanni+DraftFCB. Ficará no ar até fevereiro do próximo ano, com a intenção de atrair para os câmpus da universidade estudantes para o vestibular de 2009.


A proposta, de acordo com Mary, procura valorizar a imagem de ensino de qualidade. ‘Somos a universidade particular com o maior número de mestrados registrados na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior), e estamos em primeiro lugar na avaliação dos programas de iniciação científica do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).’


MARCA


Após o crescimento decorrente da formação de grandes grupos educacionais no Brasil, muitos deles incentivados pela chegada de fundos de investimento, as empresas de educação agora buscam se diferenciar pela marca.


Hoje, 80% das vagas do ensino superior no País são ofertadas pela rede privada. O que impulsionou todo esse movimento foi justamente o acesso das classes de menor poder aquisitivo ao ensino superior.


Estudo da empresa HSBC Global Research mostra que os jovens trabalhadores das classes C e D são os responsáveis pela maior parte do crescimento das matrículas no ensino superior. Boa parte desse contingente passou a ter acesso à faculdade por causa dos benefícios previstos nos programas de fomento adotados pelo governo federal.’


 


 


TELEVISÃO
Gustavo Miller


Mothern vira filme


‘Tudo começou com um blog. Que fez sucesso e rendeu um livro. Que fez mais sucesso ainda e virou um seriado de TV. Foram vários os filhotes gerados por Mothern. E mais um vem por aí: o filme, que começará a ser rodado no ano que vem.


A novidade foi contada ao Estado por João Daniel Tikhomiroff e Gil Ribeiro, o presidente e o diretor-geral da Mixer, a produtora da série do GNT. O projeto para a produção do longa-metragem foi aprovado no final da semana passada e agora será elaborado um kit para o filme passar pelo selo da Agência Nacional do Cinema, a Ancine.


Ribeiro diz já existir distribuidores interessados no produto. ‘Foi algo natural. A série é um sucesso comercial e virou uma marca muito forte, que abriu várias possibilidades de comunicação’, diz.


O filme contará com os mesmos personagens e sua história não deverá destoar muito do que já existe no seriado, cuja 3ª temporada começa em outubro no GNT.


A dupla afirma não temer que o filme não seja um grande sucesso de público no cinema, pois o seriado é da TV paga, não da TV aberta. ‘Mothern construiu uma comunidade muito forte em torno dela’, acredita Ribeiro.’


 


 


 


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