O ombudman do New York Times, Clark Hoyt, dedicou sua coluna de domingo [10/8/08] à confissão de adultério do ex-candidato à presidência John Edwards. O seu caso extraconjugal foi capa da edição de sábado do NYTimes. Por semanas, o apresentador Jay Leno fez piadas sobre a situação, o assunto bombou na rede, e leitores ficaram imaginando porque o NYTimes e a grande mídia estavam ignorando uma história de sexo e traição envolvendo um ex-candidato democrata que ainda se mantém proeminente na política.
Quando Edwards deu, na semana passada, uma entrevista na ABC admitindo o affair, já não era mais possível ignorar. Ele negou ser o pai da filha de cinco meses de Rielle Hunter, como a National Enquirer havia publicado em dezembro. Antes de Edwards ter admitido, o NYTimes nunca achou que valesse a pena investir esforços investigando o caso. Muitos leitores elogiaram a atitude; outros acharam que se tratou de partidarismo.
Hoyt acredita que a grande mídia, de maneira geral, foi muito cautelosa ao lidar com o assunto. Para trazer à tona a reportagem da Enquirer, era necessário investigar a história; se o NYTimes não o queria fazê-lo, foi responsável em não escrever sobre o tema. O fato de o diário não querer ir mais a fundo no assunto foi errado, acredita o ombudsman. Está claro que este tipo de matéria não é o perfil do NYTimes, porém quando a Enquirer publicou as acusações, Edward era um dos principais candidatos e sua mulher já tinha diagnosticado estar com câncer de mama.
Ainda assim, a matéria foi classificada por Craig Whitney, editor de padrões do NYTimes, como não tendo o perfil do diário. ‘Edwards não era o assunto principal do momento. Havia outros mais importantes’, opinou Richard Stevenson, que administra a cobertura da campanha do diário.
Muitos blogueiros compararam o caso de Edwards com o de John McCain – acusado pelo jornalão de manter um caso com uma lobista. Stevenson e Bill Keller, editor-executivo, acreditam que isto não está certo. McCain é um importante senador que estava supostamente envolvido com lobistas, que influenciam decisões governamentais. Fontes anômimas acusaram McCain de ter um romance com uma lobista em especial. ‘Nosso interesse na história não é sobre a vida romântica privada dele. Era sua relação com lobistas, no plural, e a matéria teve um esforço investigativo’, afirmou Keller.