A nova diretora geral da Rádio e Televisão Espanhola (RTVE), Carmem Caffarel, criará uma comissão de controle para determinar a qualidade dos programas e conteúdo televisivo emitidos pela Televisao Espanhola, principalmente, no que se refere a produtoras independentes. As informações são do diário El País, edições de 12/5 e 23/4/04.
Carmem Caffarel se diz comprometida principalmente com os jovens para que exista, na emissora, um jornalismo ‘independente e plural’ e afirma que a luta pela audiência não é sua prioridade – mesmo tendo em conta que a qualidade nem sempre é sinônimo de fiéis espectadores. Segundo ela, nem tudo vale para manter a audiência.
A TVE foi muito criticada por políticos europeus e pelos próprios espanhóis durante a cobertura da guerra do Iraque e dos atentados de 11 de março, em Madri.
No dia 22 de abril, o Parlamento Europeu aprovou um informe no qual ‘as pressões governamentais sobre o serviço público da Televisão Espanhola deram lugar à distorções e ocultações patentes sobre a responsabilidade dos execráveis atos terroristas de 11 de março’.
O parlamento da União Européia denunciou também as más práticas profissionais cometidas entre 28 de fevereiro e 5 de março sobre a intervenção no Iraque – que foram, segundo o órgão, tendenciosas e produziram uma informação desequilibrada e manipulada.
Os eurodeputados dizem que a Espanha necessita de uma autoridade independente de controle dos meios de comunicação que se encarregue de que a notícia da principal cadeia de televisão do país seja verdadeiramente imparcial e objetiva, isto é, verdadeiramente jornalística.
Resquícios de 11-M
Até poucos momentos antes das eleições gerais de 14 de março, o governo sustentava que autoria dos atentados era o ETA e não o al-Qaeda ou alguma organização islâmica, como confirmado posteriormente.
Nas últimas semanas, as manchetes dos jornais trazem a notícia de que o então ministro do Interior, Miguel Ángel Acebes, recebeu a informação da polícia especial de que os atentados foram cometidos por islâmicos e não pelo ETA horas depois do ocorrido.
Mesmo assim, o ministro e a equipe do Partido Popular, o mesmo do então presidente do governo José Maria Aznar, insistiam que a autoria dos atos terroristas não era de nenhum grupo ligado ao al-Qaeda – informação que, certamente, mudaria a opinião e, principalmente, o voto dos espanhóis.
Um dia antes das eleições, cerca de 5 mil pessoas se reuniram na Puerta del Sol, centro de Madri, para se manifestarem contra as mentiras do governo e da Televisão Espanhola, que não estava presente para cobrir a notícia.
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Jornalista