A telenovela traz a possibilidade de pôr os assuntos em pauta. Em todas as telenovelas muitos assuntos são abordados e muitos deles acabam sendo discutidos pelas pessoas nas ruas, nos bares, nos escritórios. O tema homossexualidade vem ganhando destaque desde a década de 80 na narrativa do folhetim eletrônico. Contudo, essa trajetória de liberalização das representações de homossexuais ainda acontece de maneira tímida, devido à censura moral e aos costumes ‘tradicionais’ da sociedade brasileira.
Na atual novela das oito da Rede Globo, o personagem Júnior, vivido pelo ator Bruno Gagliasso, deixa claro que é homossexual. Sente atração por homem. Mas, de repente, como se fosse uma doença que tem cura, ele se apaixona por uma bela mulher. Não que isso seja impossível, claro que não. Mas a telenovela exibida pela Globo está fazendo com que os pais de homossexuais acreditem que a homossexualidade é uma doença. E que tem cura. Como se todo gay pudesse se apaixonar por uma mulher. Ou como se toda lésbica deixasse de ser lésbica apenas por vontade.
Ora, os termos ‘opção’ e ‘preferência’ sexual já não aparecem mais, pois na opinião da maioria dos estudiosos essa orientação sexual já é definida na infância e, conforme estudos mais hipotéticos, até mesmo os genes podem determinar essa orientação. Enfim, a sexualidade de cada um não é uma opção. Não se opta por ser gay ou não. Até porque, se isso fosse uma escolha, escolher-se-ia ser heterossexual. Seria mais fácil.
Contagioso e destrutivo
Todos sabem a influência que a Globo tem sobre as pessoas. Não interessa se estas são mais ou menos instruídas. A Globo recria a moda, as gírias, os costumes, a vida em geral do brasileiro. Ela até elege e derruba presidentes da República. Imagine o que ela pode estar fazendo numa família onde há um gay ou uma lésbica? Estariam estas pessoas normais sendo tratadas como doentes?
Há que notar, entretanto, que é uma grande evolução não colocar a imagem estereotipada de homossexuais na novela. Júnior, o papel de Bruno, não é cabeleireiro, nem estilista, e nem afeminado. E nem a maioria dos gays o é. Ser gay não significa querer ser mulher, muito menos se vestir como tal. É apenas uma questão de gosto. Gosta-se de pessoas do mesmo sexo. Sente-se atração pelo mesmo sexo.
Portanto, é necessário entender que o respeito aos homossexuais é fundamental para a qualidade de vida. Talvez seja a única forma de se eliminar o preconceito e tornar melhor a vida em sociedade. Homossexualidade não é uma doença e, portanto, não tem cura. O preconceito sim, esse é contagioso e destrói.
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Estudante de Jornalismo, Tubarão, SC