“‘Defenda o seu ponto de vista, mas considere que ele pode ser visto de outros ângulos’ Juahrez Alvez, escritor
O mascote do Fortaleza jogado dentro de uma lata de lixo. Em volta, confetes, serpentinas, sacolas, garrafas e bandeiras tricolores. Título do cenário: ‘Lixo acumulado na calçada’. A criação do chargista Guabiras publicada no caderno de Esportes de segunda-feira (21) criou polêmica entre torcedores/leitores. Alguns procuraram o ombudsman para reclamar o que consideram ‘desrespeito’ ao clube. ‘Eu sempre achava engraçado os desenhos. Mas esse foi pesado. Não teve brincadeira. Teve chacota.’ afirmou Robespierre Sá, de Uberlândia (MG), que diz ser torcedor do Ferroviário.
Para Artur Abreu o jornal foi deselegante. ‘Mesmo que fosse com o nosso rival, o Ceará’. Indignado, Marcelo Costa Maia, neto do jornalista José Raymundo Costa, ex-presidente do Fortaleza e também vice-presidente do O POVO, morto em 2004, lançou uma pergunta: ‘Será que se Seu Costa fosse vivo esses caras colocariam uma charge dessas?’ Presumo que sim. O seu Costa era, antes de tudo, jornalista profissional e apesar de sua paixão pelo clube leonino respeitava as diferenças. No total, foram quatro reclamações, todas por e-mail.
Crítica com humor
Antes de prosseguir vamos à definição de charge. O termo é proveniente do francês ‘charger’ que significa carregar, exagerar. Podemos afirmar que a ferramenta é uma espécie de crônica humorística, com caráter de crítica através do exagero. O cartunista Fernando Moretti diz que a charge é oriunda da caricatura e virou uma forma de expressão, impondo uma ‘opinião’ ao interpretar fatos através de imagens sintéticas. A charge reflete a opinião de quem a produz. É como o artigo para o articulista ou a coluna para o colunista.
Guabiras disse que a charge esportiva é a pior de ser feita. ‘Por mais que eu foque uma derrota qualquer, ela sempre irá soar como de mau gosto para o perdedor. Para o ganhador é aquela maravilha. Por isso, ser alvo de gozação sempre foi a maior preocupação do perdedor, ao invés de apenas aceitar a crítica’ revelou. ‘E se fosse com o Ceará? Tricolores estariam rindo à toa?’
Truculência gratuita
É conhecida a passionalidade dos torcedores. Já comentei isso aqui. O jornal já foi acusado várias vezes de ser Fortaleza ou Ceará. Eu mesmo já fui agredido verbalmente nos clubes só porque era do O POVO, o que para eles significava ser inimigo. Presumo que acontecerá o mesmo após essa coluna. Paciência. A charge em questão é uma critica direta ao Tricolor que perdeu o Estadual para o principal rival, o Ceará. Isso é fato. O exagero está em transformar o que seria festa em lixo, para o Leão. Vejo como uma sátira ao sentimento do perdedor e não desrespeito. É preciso que os torcedores/leitores aprendam a respeitar a livre expressão. Uma opinião contrária nem sempre está ligada ao time adversário.
O desrespeito que vi foram as tentativas de intimidação enviadas nos e-mails. A truculência chega ao ponto de o chargista ser chamado de ‘imbecil’, de exigir advertência ao mesmo e a velha ameaça de sempre dos torcedores de que ‘cancelamentos de assinaturas podem e devem acontecer se o jornal não tomar uma posição oficial’. Para mim a atitude é uma tentativa de cercear o trabalho jornalístico. Em nada difere das agressões cometidas essa semana por grevistas da construção civil contra jornalistas. Devem ser execradas. Dá para entender porque os conflitos das torcidas não tem fim.
Tempo é dinheiro
‘O jornal nunca fala como era e como ficou. Só diz que vai diminuir, não mostra realmente os valores’. A observação do leitor serve de crítica ao que O POVO publicou na semana sobre redução do IPI para os carros. Para ele o jornal falhou ao não comparar preços anteriores e atuais. De fato, o leitor tem razão na queixa. Essa ausência de quadros, aliás, é uma reclamação constante nas avaliações internas. Comentário semelhante foi feito internamente. O jornal publicou percentuais, índices, mas nada de valores. Só foi fazer algo na sexta-feira, dois dias depois do concorrente. O POVO foi lento e demorou em satisfazer seu cliente. E em Economia todos sabem: agilidade é tudo.
Esquecido pela mídia
Implantação do serviço Disque-Bullying nos 184 municípios cearenses conforme determina lei estadual de junho do ano passado.
FOMOS BEM
HISTÓRIA
Matéria relembrou primeiro ataque brasileiro na II Guerra Mundial
FOMOS MAL
LOTECA
Perdemos história do cearense que ganhou R$ 7 milhões em prêmio da loteria”