“Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar’ Guimarães Rosa, escritor brasileiro
Olá, leitores/internautas. Desde o dia 1º de abril, as edições do jornal circulam com uma série de mudanças, que tiveram, entre as consequências, o enxugamento dos exemplares que chegam às suas mãos e às telas. A constatação surgiu através de uma comparação feita por este ombudsman, a partir de levantamentos em intervalos de tempo. O comparativo foi realizado assim: como, oficialmente, a nova configuração do jornal acontece desde o primeiro dia do mês, fiz um paralelo entre 2012 e 2013, tendo essa data como referência. Nos dois casos, contei dez dias para trás e para frente. Considerei o primeiro caderno, desdobramento e caderno de cultura, impressos no tamanho standard (maior). Não levei em conta os cadernos de entretenimento e esporte, rodados em formato tabloide (menor). Isso pode ser feito em um segundo momento, assim como o número total de páginas por edição, que o jornal informa, todos os dias, no rodapé da capa. O resultado foi o seguinte: de 22 a 31 de março de 2012, houve uma média de 46,4 páginas por edição. Nos dez dias seguintes, a média foi de 43,8 páginas. Em 2013: de 22 a 31 de março, antes do início das mudanças, eram 40,8 páginas por dia. De 1º a 10 de abril, já com as alterações em curso, esse número passou para 33,2 páginas. Possíveis conclusões: houve queda gradativa no número de páginas publicadas pelo jornal de um ano para o outro e, de forma acentuada, depois das últimas mudanças.
Redação: ‘Transformações sutis’
O comando da Redação afirmou, em um tête-à-tête com o ombudsman, que as mudanças tiveram o objetivo de dar mais sentido e coerência à sequência de leituras que o público passará a encontrar nas edições. Basicamente, foi a mesma explicação publicada dois dias antes do início das alterações. Em um quarto de página do primeiro caderno à página 8 do dia 30 de março, a empresa falou em ‘transformações sutis’ e ‘pequenas mudanças que pretendem organizar e facilitar a leitura’. Uma das mudança foi a extinção da editoria Ceará. Desde então, o conteúdo dessa área foi unificado ao de Fortaleza, que passou a se chamar Cotidiano. As páginas de Mundo, antes no desdobramento, foram para o primeiro caderno, criando uma sequência do local para o internacional, passando pelo nacional (Brasil). As seções e colunas passaram por uma série de migrações entre as edições ao longo da semana. Há novidades e retornos. No primeiro caso, destaco a Leis e Tributos, às sextas-feiras em Economia. No segundo, a volta da coluna Ceará.
Os desafios e a aposta
Em se tratando de jornalismo, não sou daqueles que acreditam que quanto mais, melhor. Não devemos ter a visão cartesiana de que a qualidade de um jornal se mede ou se pesa pelo número de páginas de cada edição. Esse aspecto é importante, porque tem a ver com a extensão e a variedade das coberturas. Mas o que mantém um veículo de pé são fatores intangíveis, difíceis de mensurar, como relevância e credibilidade. É a construção, dia pós-dia, da identidade e da afinidade com seu leitor, baseadas em relações de transparência. Tudo isso, considerando-se a natureza do mercado, que não para de se mexer e nem é para amadores. De uns vinte anos para cá, fundou-se o discurso de que as leituras de noticiário, empurradas pela sensação de aceleração da contemporaneidade, têm de ser cada vez mais dinâmicas. Ao mesmo tempo, a chamada mídia tradicional, de base offline, tem de ofertar conteúdos mais profundos e reflexivos. É isso o que a diferencia das demais. Combinar esses aspetos citados acima e muitos outros não é fácil. Toda mudança, como essa anunciada pelo O POVO, é uma aposta. O leitor, que sustenta tudo isso, está atento e, ao contrário do que muitos pensam, do jeito e no tempo dele, costuma dar respostas. Aguardemo-las.
Até domingo.
FOMOS BEM
ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA. O Vida&Arte levantou e manteve boa discussão.
FOMOS MAL
VOLTA E LUIZIANNE LINS À UFC. Jornal dizia que ela iria morar no Rio de Janeiro.”