“Os jornais excitam sempre a curiosidade. Ninguém larga nenhum jornal sem uma sensação de desapontamento” Charles Lamb, ensaísta inglês
Olá, leitores/internautas. Fala-se muito, dentro e fora das redações e salas de aula de comunicação social, de uma certa crise por que estaria passando o jornal impresso. A questão é controversa. Particularmente, se entendermos por isso a redução de interesse do público por este tipo de mídia. Ao contrário, essa demanda vem crescendo. Dados e estimativas de entidades ligadas ao ramo, como o IVC, que afere a circulação, e a ANJ, que reúne os empresários, apontam para aumentos contínuos de tiragens desde 2009. Isso, depois de uma grave oscilação em anos anteriores. Pode ser um sinal de que esta e outras mídias tradicionais reencontraram o caminho, em plena era da Internet. As tentativas de boa convivência vêm desde os anos 1990, com a difusão da web. Grandes portais passaram a abrigar não só o conteúdo integral que vão às rotativas; transformaram-se em locais de informação atualizada, em tempo real e em ambiente interativo. Dezenas de blogs especializados foram criados, para atender a públicos igualmente variados. As mídias sociais ganharam espaço estratégico nas empresas, consolidando o que passou a se chamar, grosso modo, de jornalismo colaborativo. As facilidades de acesso também foram ampliadas, com a revolução silenciosa dos tablets e smartphones.
O POVO, em particular, mantém as ferramentas “Você Faz O POVO” e “Sugestão do Leitor”. Na concorrência, evidentemente, as inciativas têm outros batismos. Mas todas caminham na mesma direção: atender às expectativas do leitor tradicional, hoje muito mais antenado, e convidar o novo leitor a participar das coberturas. As investidas estão funcionando? Sim. As reações aconteceram à altura das turbulências, próprias de qualquer transição. Mas, o bom jornalismo, aquele que vai nos diferenciar e nos manter relevantes, é muito mais do que isso. Esse é o ponto crítico do desafio.
A pauta está na aldeia
Paradoxalmente, os tempos atuais ressimbolizaram o sentimento de comunidade. Não adianta mais querer abraçar o mundo com as pernas, como diriam nossos avós, se não conseguimos sequer dar conta do que se passa em nosso quintal. O que é mais importante para o leitor de jornal de Fortaleza? A condenação de um político em um longínquo país africano ou a queda de um ônibus em um bueiro na Capital do Ceará, que causou transtorno em grande área da Cidade? Cito esse exemplo, concreto (está na edição do O POVO do dia 18 de abril), para mostrar que a aldeia nunca foi tão importante entre nós. O maior exemplo é a seção “Sugestão do Leitor”, a que já fiz referência acima. Sem nenhuma variação gritante, sempre são assuntos do cotidiano das pessoas: funcionamento de postos de saúde, problemas no trânsito, direito do consumidor ou alguma denúncia igualmente próxima ao dia a dia das pessoas.
O foco é a qualidade
Cidades de pequeno a médio porte são a grande tendência mundial. No Ceará, poderíamos citar como exemplos os municípios de Sobral, Juazeiro do Norte, Iguatu e Quixadá, entre outros. Como está a nossa capilaridade nesses polos do Interior cearense? Estamos prospectando pautas e levantando boas discussões com essas comunidades, já complexas, ou ficamos sempre à espera do que vai acontecer, para correr atrás? Percebem? Não é a plataforma, digital ou analógica, que está no horizonte do debate sobre a sobrevivência ou não do jornal impresso. A questão é o quê, como e para quem dizemos. Isso é tão velho quanto o próprio jornalismo. Sem a qualidade que o público espera, os jornais podem até aumentar a tiragem e espantar a crise. Mas não por muito tempo.
FOMOS BEM
ESCÂNDALO DAS CISTERNAS.
Chegamos depois, mas mostramos força e profundidade na cobertura.
FOMOS MAL
ESQUEMA DE SEGURANÇA DO CLÁSSICO-REI. Soubemos dos detalhes da operação pela concorrência.