“‘Meia verdade é sempre uma mentira inteira.’ Provérbio judaico
Se há um ponto sobre o qual todos concordamos foi o que motivou as manifestações de rua no Brasil: o preço das passagens. Sob pressão, governos anunciaram recuos, cancelamentos e reduções nas tarifas. Não foi o suficiente. Há um clamor por mais transparência em relação aos custos do sistema. O Congresso Nacional corre para tentar implantar tais mecanismos em todo o País. A medida servirá para os chefes de executivo, responsáveis direto pelas concessões públicas; para os empresários do setor, por motivos óbvios, e para a imprensa, que tenta sair do papel secundário e de mera repetidora do que está acontecendo. Como disse no último domingo, os protestos impõem uma nova maneira de fazer política e jornalismo no Brasil. Segue o link do texto da semana passada: http://bit.ly/12e34XO. Repito: será uma grande ilusão a imprensa considerar que o problema reside da porta das redações para fora. Há um sentimento generalizado contra a corrupção no País, cujo antídoto mais conhecido é a transparência. É isso que está na base do discurso dos ativistas. Os políticos estão batendo cabeça, em busca de respostas. E nós, o que estamos fazendo?
A chance perdida
Fortaleza deveria ser um cenário privilegiado no quesito transparência no transporte público. No início do ano, antes mesmo de dezenas de milhares de pessoas pegarem em pau e pedra contra tudo e todos, tivemos por aqui um quase debate sobre o assunto. Para lembrar: a gestão passada jogou no colo do atual prefeito um reajuste de tarifa. Houve uma lenga-lenga jurídica, com idas e voltas nos preços. O caso continua nos tribunais. No último lance conhecido, a Prefeitura entrou com um recurso contra o atual preço, de R$ 2,20. Nos relatórios internos, estimulei várias vezes O POVO a sair da superfície da pauta. Ir além do factual. No dia 9 de janeiro, no meu segundo dia como ombudsman, mencionei a necessidade de se fazer um levantamento sobre os cursos do sistema. Dizia que há aspectos administrativos, jurídicos, contábeis e políticos a serem explicitados, didaticamente, ao leitor/usuário. De lá para cá, perdi as contas de quantas vezes já reforcei a cobrança. Faço isso toda vez que voltamos à cobertura de algum aspecto da área. Há três semanas, o jornal está diante de outra chance de ouro. Por que se paga, exatamente, R$ 2,20? Por que não R$ 2,19 ou R$ 2,21? Explicar pode não interessar a alguns. Mas é bom para a maioria. Servirá até para atestar, se for o caso, que a capital do Ceará tem uma das mais justas e transparentes planilhas.
Redação cita ‘pauta com mais força’
A pedido do ombudsman, a Redação do O POVO se manifestou sobre a cobertura que vem desenvolvendo na área. Foram convidados a participar da coluna três jornalistas, editores-executivos de núcleos: Tânia Alves (Cotidiano), Jocélio Leal (Negócios) e Guálter George (Conjuntura). Enviei a seguinte pergunta: ‘qual o esforço que o jornal fez, faz ou pretende fazer para qualificar o debate e melhor informar o leitor?’. Guálter enviou o seguinte texto, subscrito por Tânia: ‘De fato, a exigência de uma maior transparência sobre o custo do sistema de transportes públicos nas cidades brasileiras foi uma das razões de termos as ruas movimentadas por multidões nos últimos dias. O que implica, informo-lhe, que o assunto já está incluído na nossa pauta com mais força, nas várias editorias. Junto com outros mais, igualmente motivadores dos protestos Brasil afora, podendo citar dentre eles a melhoria nos serviços de saúde e educação e as mudanças urgentes no cenário da política’.
Segue o editor-executivo de Conjuntura: ‘Quanto ao questionamento objetivo sobre o ‘esforço que o jornal fez, faz ou pretende fazer para qualificar o debate’ (dos transportes públicos), precisará ser o mesmo que aplicamos para todos os temas que colocamos em pauta. Afinal, independentemente do assunto específico, ‘melhor informar o leitor’ continua sendo o nosso objetivo permanente’.
FOMOS BEM
VETO ao projeto Cidade Limpa. Demos com exclusividade a posição da Prefeitura à matéria aprovada pela Câmara
FOMOS MAL
FOTO E NOTA SOCIAL para um dos três concorrentes a desembargador no TJ-CE. Se há privilégios, deixa de ser jornalismo”