Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Erivaldo Carvalho

‘A imprensa é a luz da liberdade.’ John Milton, escritor inglês

A exemplo da História, cada pessoa pertence ao seu tempo. Acredito que, da mesma forma, indivíduos que assumem responsabilidades e funções socioprofissionais em nome de terceiros vivenciam experiências únicas. É assim que me sinto nesta despedida do mandato. Ser jornalista é assumir um papel público dos mais importantes e reconhecidos, socialmente. Ser ombudsman dentro dessa estrutura é um privilégio extra. É uma atribuição, na média geral, sempre vista como espinhosa, às vezes desgastante e não raramente impopular. Mas o que é o Jornalismo com 'J' maiúsculo, o que contesta e tem sede de transformação para melhor, se não um trabalho diuturno de enfrentamento? Como diria o ainda vivo slogan dos tempos estudantis: 'Saudações a quem tem coragem'.

Como na coluna anterior já havia sintetizado alguns dos pontos mais fortes da cobertura e da vida do jornal no último ano – alguns dos quais trazidos para esta coluna – dou, através do texto aqui publicado no último domingo, por igualmente contemplado o resumo das atividades deste mandado de ombudsman que aqui se encerra, publicamente. É muito mais justo aproveitar o último contato através deste canal para fazer algumas poucas considerações, que não seriam apropriadas em edições anteriores.

Agradecimentos

Sou do tipo que agradece na saída. Acredito que é quando temos uma maior dimensão de onde estávamos antes do rito de passagem para assumir novas missões. Deixo, pois, meu registro de gratidão a todos quantos estiveram vinculados à minha ida para o mandato. Da presidente do Grupo de Comunicação O POVO, Luciana Dummar, a quem coube a decisão de me convidar, a todos os colegas de Redação, indistintamente. Os últimos meses foram longos. O debate foi franco. O profissionalismo e a transparência foram minhas metas. Optei pelo distanciamento físico. Mas, mesmo nos momentos mais difíceis e solitários, acreditei no ganho cultural que se acumulou ao longo das duas décadas em que o jornal O POVO mantém, ininterruptamente, a função de ombudsman. Essa ousadia quase única é um patrimônio inestimável.

Na vida social lá fora – sempre menos intensa para quem está investido do mandato -, cheguei a ouvir provocações e dúvidas a respeito da liberdade do profissional que passa a desempenhar tais funções. Para estes disse o que repito agora: dou o testemunho de ter trabalhado com a mais absoluta autonomia, independência e respeito mútuo. E olha que nunca fiz esforço algum para agradar quem quer que seja.

Um novo ciclo

Nesse trajeto que aqui finda, foram muitas as histórias, reclamações e agradecimentos, de quem conhece o jornal muito de perto, com as suas vicissitudes. A todos os leitores do jornal, ouvintes das rádios, internautas do portal O POVO Online e telespectadores da TV O POVO, meus agradecimentos. O sentimento é extensivo aos ex-ombudsmen, com alguns dos quais tenho o privilégio de ainda conviver, dentro ou fora do Grupo de Comunicação O POVO. A alguns sempre recorri, mesmo à distância ou em forma de inspiração.

Por último, mas não menos relevante, deixo o desejo de um mandato profícuo em aprendizagens e superações, em todos os sentidos, para minha sucessora, jornalista Daniela Nogueira. Em mãos melhores o mandato não ficaria.

Muito obrigado