Quando o assunto é o portal do O POVO, uma coisa é certa: a notoriedade que a marca tem no meio impresso não se reflete na versão eletrônica. O layout não é atraente, não é fácil achar as notícias e os mecanismos de busca não funcionam como deveriam. Também não é raro acharmos desatualizações, o que vai de encontro à qualidade do conteúdo ágil e frequente que se espera do jornalismo online.
Na versão para dispositivos móveis (tablets e smart phones), a situação piora. Um enorme anúncio, que toma toda a tela do aparelho, é o aviso de boas-vindas à página. Sem entrar na questão mercadológica, creio não ser uma das melhores alternativas para quem busca informação de acesso simples. Segundos depois de fechar a janela, eis a página inicial do portal, com uma lista de notícias, um link para o jornal do dia, fotos e charge. Nada que encante o internauta a permanecer ali. Achar as informações pela versão do dispositivo móvel é uma tarefa de esforço e paciência.
Existe a opção de “Ir para a versão web”, o meio clássico. Mas confiar nesse recurso é fechar os olhos às diversas possibilidades que as novas mídias nos apresentam. O ideal é aperfeiçoar a versão para smart phones e tablets. O administrador Rafael Pepino, leitor que sempre se queixa do portal, desistiu: “Acessava pelo iPhone, mas são poucas atualizações. A página é feia e eu nunca achava as notícias que queria. Deixei de entrar na página”.
O que diz a Redação
A editora-executiva do O POVO Online, Juliana Matos Brito, afirma: “O portal tem recebido um olhar especial nos últimos meses. Estamos fazendo um trabalho para diminuir os erros e melhorar a navegação. Temos um grupo no jornal, por exemplo, que nos envia diariamente possíveis erros ou desatualizações para que a gente corrija o mais rápido possível. Além disso, temos conversas regulares com a equipe para que esse cuidado com o texto seja regular. A ideia é não errar. Sobre o layout, estamos estudando melhores formas de navegação.”
Jornalismo online
O portal tem uma equipe específica, que produz as notícias. Isso é um ponto positivo – e necessário. A ideia é não permitir que o meio digital seja uma etapa de evolução do impresso. Mas não podemos deixar de explorar os recursos que o jornalismo eletrônico nos oferece. A interatividade e o serviço multimídia devem estar mais presentes no nosso portal. Muitas vezes, nas notícias do jornal impresso, encontramos o aviso no fim das matérias: “Multimídia: Leia mais no www.opovo.com.br”. Manda-se o leitor para o site e, lá, que ele saia em busca de mais fotos e vídeos sobre o assunto. Simples assim.
A produção do jornalismo online e a invenção das novas mídias exigem uma formação específica, um domínio da técnica, uma familiaridade com as especificidades do gênero. Os dispositivos móveis estão nos ensinando que é preciso atualizar a prática jornalística. Afinal, com todas as obrigações cotidianas e um aparelho nas mãos (que apita a cada minuto), o leitor tem que conferir os aplicativos, fuçar as redes sociais e informar-se pelos sites de notícias. (E o dia continua tendo apenas 24 horas.) Por isso, é natural que aperfeiçoemos nossas ferramentas, para disputar a atenção do leitor e atraí-lo para cada vez mais perto.
Quase um ano depois de o The New York Times ter anunciado suas “estratégias de reposicionamento na era digital”, é uma pena que ainda estejamos discutindo os aspectos básicos de um dos maiores portais de notícia do Estado.
O jornal não chegou
Na terça-feira, 1º, o jornal não chegou para muitos assinantes. Nas ruas, a venda avulsa só expôs a edição no meio da manhã. Foram dezenas de ligações para mim e centenas para a Central de Assinante, o que levou ao congestionamento do serviço. Alguns receberam o jornal à tarde. Outros, acreditando na previsão dada de recebimento, passaram o dia, em vão, esperando a edição.
“Tivemos um problema industrial na impressão dos exemplares da terça-feira. Realizamos todos os esforços para não prejudicar a entrega dos nossos assinantes, mas não conseguimos atender a todos. A fim de minimizar o transtorno, o acesso à versão digital foi liberado sem a necessidade de cadastro. Pedimos desculpas pelo ocorrido”, explicou Victor Chidid, diretor de Mercado Leitor do O POVO. No dia seguinte, em uma pequena nota na Vertical, o jornal se desculpou aos leitores.
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Daniela Nogueira é ombudsman do jornalO Povo