Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Daniela Nogueira

O Grupo de Comunicação O POVO lançou um projeto para as eleições 2014, em vigor desde o último mês. O conjunto de ações pensadas envolve jornal, TV, rádio e portal. Regras e procedimentos válidos para todos os funcionários e colaboradores do Grupo estão normatizados no Manual de Recomendações do Grupo, que pode ser acessado pelo site.

Dentre as recomendações registradas no Manual, uma expressa que os jornalistas, radialistas, publicitários, estagiários e colaboradores do Grupo não devem, durante o expediente, explicitar suas preferências partidárias e eleitorais. Isso protege o jornal durante a cobertura, já que blinda o levantamento de suspeições sobre o exercício da função. Também é proibido, nos ambientes de trabalho, o uso de roupas, bonés, bottons, canetas, adesivos, bolsas, tatuagens ou quaisquer outros meios que façam propaganda política e/ou partidária.

Assessoria

É importante que o leitor saiba também que, nesse período, não é permitido a nenhum funcionário, colaborador, estagiário, assessor ou consultor, que tenha vínculo com o Grupo O POVO, prestar assessoria a candidatos, coligações ou campanhas. A restrição é válida para aqueles que exercem cargo público de confiança, não preenchido por concurso público, durante a vigência da normatização.

A propósito, a normatização é válida até o dia 27 de outubro deste ano, um dia depois da data determinada para o segundo turno – se houver.

Os jornalistas do O POVO também estão proibidos de participarem de atos de campanha, mesmo fora do horário de trabalho. Os jornalistas poderão comparecer a esses atos somente a trabalho ou para fazer a cobertura do evento, devidamente autorizados pela respectiva chefia.

Perfis nas redes sociais

O Manual de Recomendações aborda também o uso de perfis pessoais dos jornalistas nas mídias sociais. Dentre as orientações a serem seguidas, o jornalista não pode colocar imagens de bandeiras, números, símbolos que o associem a determinado candidato, partido ou coligação. Além disso, é proibido expressar propagandas ou declarações de votos ou preferências políticas em blogs, portais e/ou sites e canais de relacionamento.

A orientação do Grupo é que os jornalistas escrevam nas redes sociais apenas aquilo que escreveriam ou comentariam nas mídias do Grupo. Ou seja, que reflitam antes de postarem na internet: eu escreveria isso no jornal, por exemplo?

Descumprimento

Em caso de descumprimento do que está expresso no Manual de Recomendação, os chefes das áreas ligadas à diretoria-geral de Jornalismo do Grupo “ficam autorizados a adotar todos os atos administrativos previstos na legislação trabalhista”, já que as normas foram previamente comunicadas, como informa a normatização.

A normatização é um procedimento adotado desde 2004 e tem como objetivo “preservar, interna e externamente, a isenção jornalística” de todos os profissionais e veículos de comunicação ligados ao O POVO, conforme a Diretoria-Geral de Jornalismo.

Comportamento

A ação é interessante na medida em que tenta resguardar o jornal de suspeições acerca de sua cobertura durante as eleições, momento em que inevitavelmente os ânimos estarão mais agitados do que o normal. Qualquer brecha na cobertura ou qualquer comportamento que demonstre a preferência de algum jornalista servirá de motivo para gerar desconfiança quanto ao máximo de imparcialidade requerido ao bom jornalismo.

A tentativa de orientar os jornalistas quanto ao uso das redes sociais é imprescindível. Não apenas os comentários, mas curtidas e compartilhamentos em Twitter, Facebook e Instagram, por exemplo, dizem mais de nós do que imaginamos. Pode-se alegar certo cerceamento da expressão do jornalista, visto que o perfil é pessoal, não estritamente pessoal. Entretanto, sabe-se que os dois lados se inter-relacionam. Não é possível desvencilhar-se da parte pessoal e agir apenas profissionalmente. Ou vice-versa.

Assim, o jornalista ou outro colaborador que tenha vínculo com O POVO deve ficar atento. E o leitor tem papel crucial nesse processo, já que é chamado a avaliar, sob um olhar distante e crítico, a postura de quem faz os produtos do Grupo.

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Daniela Nogueiraé ombudsman do jornalO Povo